MEU AMOR É UM VAMPIRO
Apresento para vocês o 1º capítulo do meu romance Meu Amor é um Vampiro. A continuação está no blog www.patidreams.blogspot.com.br.
LUZES NA COLINA - CAPÍTULO 1
Voltar da faculdade no horário em que a cidade já estava dormindo não incomodava nem um pouco Kassandra. Pelo contrário, aquela era uma rotina que ela aceitava com bastante satisfação. Evidentemente havia um risco em percorrer as estradas escuras dos arredores da cidade de Rosas, no carro emprestado pelo pai. Seu Romeu, o pastor daquela pequena cidadezinha, detestava a idéia de ver sua filha mais velha se aventurar daquela forma. Mas, na verdade, nada acontecia em Rosas. Todos os dias era sempre a mesma coisa. E por isso Kassandra não tinha medo. As idas para a faculdade e a volta para casa eram feitas ao som de músicas modernas que tocavam no rádio do carro em alto volume. Para Kassandra sair de noite sozinha era uma espécie de aventura na sua pacata vida de estudante.
Naquela noite solitária, o som das músicas aumentou sua enxaqueca. Estava incomodada. Aliás, muito irritada. Kassandra acelerou o carro quase sem se dar conta. O namorado sumira fazia três dias. Desde o final de semana ele não dava notícias. A jovem segurou com força o volante. Como gostaria de esbofetear o infeliz. Na certa havia saído com os amigos novamente e esquecido dela. Rosas era uma cidade pequena e aprazível, onde todos os vizinhos se conheciam. E sabiam também da vida dos outros. Kassandra nunca havia visto, mas bocas malditas já haviam lhe contado: Rafael já fora visto com garotas em festas não muito recomendadas. Infelizmente, os pais também sabiam das aventuras do rapaz e não era pouca a pressão que Kassandra sofria para romper de vez seu namoro com o filho do prefeito. Mas havia um problema. Um grande problema. A garota o amava demais. E acabar com o relacionamento seria muito doloroso. Ela estava decidida a suportar, até que seus olhos finalmente enxergassem os que os demais alegavam já ter visto. Tudo em nome do amor.
Algo chamou sua atenção, fazendo com que seus pensamentos se desviassem repentinamente. Kassandra foi diminuindo a velocidade do carro na estrada completamente deserta e parou no acostamento. Parecia poder escutar a voz do pai, recomendando que jamais fizesse aquilo. Mas ela fez. Boquiaberta, procurou um ângulo em que sua visão pudesse ser privilegiada. Contudo não foi preciso. As luzes do orfanato, abandonado há mais de 40 anos, estavam agora iluminadas. Ricamente iluminadas.
A visão era fascinante. No alto da colina as luzes pareciam estrelas. O coração de Kassandra começou a bater descompassado. Há décadas passadas, um incêndio de proporções catastróficas, consumira o lugar, juntamente com suas crianças, em uma tragédia que abalou Rosas e região. As ruínas ficaram por lá muito tempo, até que um homem comprou o lugar e tentou reconstruí-lo. Antes que ficasse pronto, porém, ele desapareceu misteriosamente. E desde então tudo ficou deserto. Ninguém jamais teve coragem de retornar àquele lugar considerado maldito.
Entretanto algo acontecera. Alguém chegara e se instalara por lá. As luzes significavam que uma pessoa – ou várias – estava habitando o que antes havia sido um orfanato.
Mas também… ora, talvez não fosse alguém desse mundo.
Esquecida de Rafael, Kassandra se perturbou com o rumo dos seus pensamentos. Afinal, quem ou o quê estaria habitando a colina abandonada? Tomada de um repentino pavor, Kassandra ligou o carro imediatamente e arrancou dali o mais rápido que pôde. A sensação de que não estava mais sozinha naquela estrada deserta se tornou real. Seu pai precisava urgentemente saber daquilo.
Mas e Rafael? Onde ele estaria?
... continua ...