* SHAW DARKHOLME: NOITE DE VIOLÊNCIA ³
Anya foi despertada pelo ruído da televisão ligada, o noticiário confirmara a morte de agentes em uma emboscada em um velho casarão, segundo relato do oficial responsável pela coletiva a imprensa, nada havia de concreto, na emboscada apenas um dos agentes havia sobrevivido, estava muito ferido, perdera muito sangue, e permanecia em um coma induzido, devido a lesões graves na coluna vertebral, inúmeras fraturas pelo corpo, e uma concussão leve, que havia causado edema nos olhos. Segundo informações médicas, não havia um prognóstico favorável para a saúde, principalmente porque nas próximas trinta e seis horas, devido ao estado do paciente, tudo podia ocorrer.
Anya lembrou da noite de violência que havia ocorrido há dias atrás, permanecia internada, por decisão médica, porque em cada surto do qual era acometida, começava a falar a respeito de uma sombra, uma criatura, que estivera rondando sua vida, e que era responsável pelas mortes. Assim, fez ser necessário a internação dela, embora desde sua chegada na unidade hospitalar, alguns acontecimentos sombrios e sinistros haviam ocorrido. A policia acreditava que estivesse envolvida, e mesmo agora, certamente seria novamente ouvida em depoimento, pelo que ocorrera horas atrás, no velho casarão.
Há algumas horas antes, a equipe de agentes especiais, havia sido emboscado no velho casarão, restando apenas três dos quinze agentes ainda vivos, e acuados, ameaçados por uma criatura que não parava de avançar, furiosa e decididamente, os disparos de arma de fogo, parecia não surtir efeito algum, porque continuava com aquele sorriso maquiavélico no rosto, e avançando, lentamente, acuando os agentes, foi quando gargalhando a criatura cessou o avanço, e disse:
- Porque estão caçando em meu território?
- Quem é você, maldita?
Houve um imenso silencio, não havia ruídos, como aquele momento fosse envolvido em um vácuo, seguido de uma rajada de vento, que fez com que os agentes cambaleasse, tentando manter de pé. E a criatura, sorrindo, e afastando os cabelos do rosto, disse:
- Quer saber mesmo?
- Mas não servirá para nada essa informação.
- Você é um homem morto.
Com um movimento rápido, a criatura abateu mais um agente, arrastando no sentido contrario de onde a equipe estava, e segurando pelo pescoço, disse:
- Como pode ver, você não pode deter meu avanço.
- E agora, falta apenas dois.
Foi ouvido um grito de dor, acompanhado de um estalo oco, a criatura, havia fraturado a coluna vertebral do agente, para em seguida, segurando pela cabeça e pescoço, com um movimento com as mãos, com facilidade, terminar o que começara, deixando o corpo inerte aos seus pés, e sorrindo disse:
- Pode ser do jeito fácil, e terminamos isso.
- Ou pode ser do jeito doloroso, e posso prolongar seu sofrimento.
Uma nova sessão de disparos foi efetuada, seria uma execução sumária, mas a criatura, permanecera de pé, apenas cambaleava quando balas parecia perfurar sua pele, e gargalhando disse:
- Irá precisar mais do que isso para que possa ser morta.
Avançou novamente, seguida de uma nova onda de rajada de vento, um movimento rápido, que apenas a sombra parecia poder ser acompanhada pelo ambiente, e voltando para o lugar de onde viera, abraçada ao penúltimo agente, que debatia, tentando desvencilhar da criatura, que murmurou próximo do ouvido dele, dizendo:
- Tenha calma, não vou demorar.
- E você não sentirá nada, nada mesmo.
Com um movimento incisivo, abriu a mandíbula, cravando os dentes na pele do agente, que debatia incessantemente, tentando desvencilhar, e agonizando, enquanto podia ver o brilho dos olhos sendo apagados, como envolvidos pela escuridão, e soltando em seguida, a criatura, disse:
- Depois da sobremesa, o prato principal.
- Quem é você, maldita, o que quer?
- O que quero?
- Não importa, basta saber, que não sou quem procura.
Aquela criatura, agia com agilidade e velocidade, saltara de um lado para outro, com uma facilidade impressionante, e começou avançar novamente, agora vindo em minha direção, empunhei a arma, mas foi um ato desnecessário e sem efetiva ação, a criatura pareceu divertir com minha atitude, e segurando meu pescoço, fez com que fosse arremessado através da parede, em um ato continuo, fui arrastado de um lado para outro, sentia dor, medo, era uma sensação atormentadora, sentir a morte bem próxima de mim, e quando imaginei que seria morto, a criatura foi interrompida, por uma voz, que murmurou:
- Espero que não faça isso, minha amiga.
- Não está satisfeita?
- Não! E o que faz aqui, maldito?
- Apenas venho trazer uma mensagem.
- Sou um mensageiro, assim como você.
- E sabe que a quem sirvo, não terá clemência de você.
- Porque?
- Porque ainda não encontrou aquilo que procura.
- E agora, anunciou sua chegada.
- Acredita mesmo que nosso inimigo, não sinta sua presença?
- Acredita que não saiba que está em seu encalço?
A criatura levantou, deixando meu corpo inerte, não havia morrido, sido assassinado pela fúria assassina, e não pude ouvir o restante do dialogo entre aqueles seres, apenas pude ouvir, a criatura, dizer:
- Maldição!
- Eu quero a cabeça dele.
- Vou arrancar e beber todo sangue.
Parecia furiosa, com alguém ou alguma coisa, naquele momento, não sabia o que havia de real, como alguém poderia sobreviver e resistir a inúmeros disparos de arma de fogo, e manter em pé, como não houvesse acontecido nada. Pude ouvir os passos, pelo ambiente, antes de ser imerso em uma escuridão.
Anya, ouvira o noticiário, atentamente, sentiu um calafrio, ao imaginar que a criatura havia cometido uma nova ocorrência mortífera, quatorze homens mortos, um mortalmente ferido, que não poderia recuperar. Ficou ouvindo todo noticiário, com uma atenção inerente de uma profissional, mas que agora, era diagnosticada como uma portadora de problemas psicológicos.
No hospital, a equipe médica, havia feito tudo que havia sido possível para salvar o agente atacado na emboscada, alguns oficiais imaginavam haver sido atacados por inúmeros homens, devido a pericia e qualificação da equipe, mas havia uma duvida, porque não assassinar mais um, quando todos estavam mortos. Havia duvidas e incertezas naquela operação trágica, que apenas o agente poderia elucidar, mas que no momento, precisaria recuperar, dos traumas, e ainda corria risco de ficar incapacitado para qualquer trabalho de campo, principalmente pelas inúmeras lesões diagnosticadas na coluna vertebral, pequenos fraturas, devido ao impacto sucessivo contra as paredes.
Mais tarde naquela noite, Anya havia sido medicada, com os antidepressivos e sedativos, e iniciara aquela sensação de letargia, quando pareceu vislumbrar uma sombra formar em seu quarto, em meio a penumbra, aqueles olhos cintilantes e brilhantes destacando em meio a escuridão, pode ouvir passos, vindo em direção a cama, mas aquela criatura permanecia quieta, envolta nas sombras, imersa em seu mundo sombrio, foi quando ouvindo uma voz, que disse:
- Boa noite, Anya!
- É um prazer conhecer você.
- E tenho certeza que será um prazer para você.
- Porque hoje você saberá a verdade...
- E quem sabe poderá compreender a razão de meu retorno.
- E você pode ajudar a chegar onde quero.
- E sendo por bem ou por mal.
- Eu vou chegar onde quero.
Anya sentiu a mão em seu pescoço, e um rosto começou a surgir em meio a penumbra, um rosto pálido, de olhos claros, acompanhado de um sorriso maquiavélico, e um olhar que parecia penetrar sua mente, alcançando o recanto mais profundo de sua alma. Seria uma longa noite, mas agora, Anya iria descobrir a razão daquela pacata cidade haver sido transformada no destino, da morte e da vingança, e de uma batalha, que iria começar com aquele encontro, entre Anya e aquelas criaturas das trevas.
• Damien Lockheart 2012³