* SHAW DARKHOLME: NOITE DE VIOLÊNCIA ¹

Tess dirigiu alguns minutos de volta ao hotel, às vezes ao parar em algum semáforo, olhava para as anotações no banco do carona, e tentava analisar, racionalmente tudo que ocorria ao redor de Anya, foi quando ao parar em um semáforo, sentiu o vidro lateral ser estilhaçado, e uma sombra adentrar o veiculo, avançando e agarrando seu pescoço, com força, sentiu ser sufocada, sua mente não conseguia conceber algo de natural sombria e sobrenatural, embora houvesse imaginado ou presenciado aquele vulto ou silhueta soturna e sombria, começou a desfalecer, sentindo o pulmão queimar, arder com a falta de oxigênio. Foi imersa em uma sensação sombria, e desfaleceu momentaneamente, ao recobrar os sentidos, sentiu uma brisa fria, acariciar sua pele, e descobriu estar desnuda, e ao olhar para frente aquela criatura, agachado sobre um pilar de concreto, olhava para o corpo dela, foi quando Tess, indagou:

- Quem é você?

- O que quer?

Ouviu um suspiro profundo, como um gemido, e a criatura levantou e aproximou lentamente, e colocando os lábios bem próximo do ouvido dela murmurou:

- Não deveria sentir medo.

- Porque sua alma esperava por mim.

- Quem é você?

- O que é você?

Sentiu a respiração gélida dele, e um calafrio percorreu seu corpo, uma sensação sombria, que fez seu coração disparar, em um descompasso incessante, foi quando, sentiu gosto de sangue na boca, o nariz escorrer e os olhos úmidos por um liquido viscoso, aquela criatura, com um poder, e não apenas uma força, começou a machucar a jovem jornalista, perfurando sua pele incessante, com dedos ágeis que parecia laminas, começou a retalhar a pele da jovem, que debatia, agonizando chorava e gritava, foi quando a criatura sussurrou:

- Pode gritar, ninguém ouvirá você.

- Ninguém virá em seu socorro.

Começou a ficar cada vez mais fraca, e sentiu sua mente ser invadida por inúmeras imagens sombrias, eventos e mortes ocorridas ao longo de séculos, foi quando, sussurrando a criatura murmurou:

- Não é você, quem procuro, minha jovem.

Sentiu o último golpe, e começou a desfalecer, lembrando do pavor de Anya ao mencionar o encontro com aquela criatura, suspirou e sentiu dor, uma dor queimando seu corpo, e sentindo Tess morta, a criatura sorriu, arrancando o coração dela, em um ultimo ato daquele espetáculo sombrio.

Enquanto isso no hospital, Anya ainda sedada e sonolenta, podia ouvir os passos pelo corredor da instituição, por vezes ouvia gemidos e murmúrios, e ao fechar os olhos, podia vislumbrar o olhar daquela criatura, era algo profundo e sombrio, como houvesse guardado segredos e mistérios seculares, que agora causava tormento em sua mente, aquela silhueta surgia como saída de um pesadelo, vindo em seu encontro, e em cada aproximação, mortes eram causadas, provocadas pela fúria assassina da criatura, que parecia cada vez mais próximo dela, da vida dela, e de todos que estavam próximos.

O agente especial Charles Lighthouse foi ao Sanatório Municipal, ao presídio e outras instituições procurando por respostas pistas que pudessem levar ao criminoso, mas não havia descoberto nada, foi quando resolveu voltar ao apartamento de Anya, onde iria descobrir que a morte, possui um poder natural, para encerrar e decretar o fim de tudo. Ao subir pelas escadas, o agente especial, começou a verificar o relatório de autopsia dos corpos, nenhuma lamina seria capaz de provocar aqueles tipos de ferimentos, incisões com medidas perfeitas, perfurações com medidas aproximadas, que não causava apenas lesões, mas possuía intenções, foi quando ao chegar ao andar, recebeu uma ligação:

- Como? Onde foi isso?

- Bem, preserve o local!

- E contate Anne Gray!

- Quero todo mundo no local.

- Combinado.

Ao desligar o aparelho celular, foi surpreendido pela porta do apartamento sendo aberta, e imaginou que alguém poderia estar no local, mesmo o criminoso poderia haver retornado para alguma razão, foi quando empunhou a arma, e caminhou em direção a porta, não pode ouvir nada, e pela posição, não podia ver nada do lado interno do apartamento, afastou a porta, engatilhando a arma para não ser surpreendido, e entrou com cautela. Foi quando a luminosidade do ambiente, foi acometida de sombras, que pareceu bailar diante dos olhos dele, uma densa escuridão começou a emergir do assoalho, e envolver o agente em uma sombria sensação, que fez seu corpo arrepiar, mas tentando aparentar segurança indagou:

- Quem está ai?

- Sou da policia, e estou armado.

Ouviu uma gargalhada, sonora e maquiavélica, que fez seu sangue gelar nas veias, nunca poderia imaginar que sentiria medo, um medo avassalador, que fez com que pensasse não haver sido uma boa idéia vir sozinho ao apartamento, foi quando ouviu passos, e um ruído, como algo estivesse sendo arrastado pelo assoalho, ao olhar diante dele, surgiu uma silhueta que sorrindo, murmurou:

- Que bom que veio em meu encontro.

- Não vou precisar perder tempo indo atrás de você.

O agente especial sentiu o primeiro golpe, que fez cair à arma, e uma sucessão de golpes acertou seu corpo, sentiu algo perfurar sua pele, e sendo agarrado pelo pescoço, àquela criatura aproximou os lábios de seu ouvido, e murmurou:

- Você sabe voar, meu caro Lighthouse?

Não esperou a resposta do agente especial que foi atirado pela janela, caindo do sétimo andar do edifício, encontrando a morte na calçada do edifício. Aquela silhueta soturna e sombria ainda permaneceu observando o corpo sobre a calçada, imerso em uma poça de sangue, e em seguida desapareceu em meio às sombras do apartamento.

Anya voltou a ficar inquieta após o efeito do sedativo passar, e mesmo que pudesse não poderia fugir do hospital, havia sido amarrada, em virtude da crise emocional, e começou a chamar pela enfermeira que surgiu longos minutos depois, e indagou:

- Minha jovem, o que quer?

- Precisa ficar mais calma.

- Está segura agora, fique calma.

- Segura?

- Não! E preciso sair daqui!

- Tenha calma, por favor!

A enfermeira tentou acalmar Anya, que debateu sentindo o pulso lacerar com a fricção junto da amarra que prendia seus braços. Começou a chorar, convulsionando, e compulsivamente, a enfermeira, saiu do quarto indo em busca de orientação médica, e assim aquela criatura surgiu, imersa nas sombras, e sorrindo disse:

- Tenha calma, Anya!

- Você não está sozinha, eu posso ajudar você.

- E quero ajudar você.

- Libertar de seus medos e fraquezas.

- Ser sua força e poder.

Anya sentiu um calafrio, e começou a debater, tentando desvencilhar das amarras, foi quando a criatura murmurou bem próximo do ouvido dela, dizendo:

- E posso libertar você, basta pedir.

- Basta querer, e será livre.

Anya vislumbrou o brilho no olhar dele, um olhar profundo e amedrontador, do qual teve medo, um medo secular, e indagou:

- Porque não vai embora?

- Quem é você?

Aquela criatura sorriu maliciosamente, e desapareceu repentinamente quando a porta abriu e a enfermeira acompanhada de um medico surgiu para atender a paciente, foi quando Anya disse:

- Doutor por favor, preciso ir embora.

- A criatura está aqui no hospital.

- Como?

- Deve ser um surto psicótico, vou prescrever uma medicação.

- Não por favor, por favor, eu preciso ir.

Anya apenas vislumbrou a silhueta surgiu em meio à escuridão, vindo em sua direção, enquanto sentia a eficiência do medicamento ministrado através de uma injeção, adormeceu profundamente, sendo imersa em uma escuridão ainda mais profunda do que aquela que presenciara.

Naquela noite, outros crimes ocorrera pela cidade, crimes violentos, sem natureza sexual, agressões, que resultara na morte de uma jornalista, um agente de policia, e dois criminosos no presídio estadual, e quanto a Anya, a verdade estava ficando cada vez mais próxima dela, uma verdade que havia esperado séculos para vir em seu encontro, um encontro em que começo e fim, seriam unidos em um jogo sombrio de mortes, de dor e violência.

- Damien Lockheart / 2012

DAMIEN DARKHOLME
Enviado por DAMIEN DARKHOLME em 21/01/2013
Código do texto: T4097431
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