O GRITO

Estava na varanda de minha casa. Ana Maria havia saído e eu, apenas lanchava na cozinha. Nada demais para uma noite de sábado na pequena cidade chamada Vinhota.

A noite parecia igual a qualquer outra. Senti uma brisa suave batendo em meu rosto e vinha da janela aberta. Levantei-me fechei a janela e me preparei para dormir, pois já passava das 22 horas. O sono não era meu amigo, sempre precisava de comprimidos para fugir da insônia e aquela noite não era diferente. Busquei as cápsulas na gaveta e desci as escadas para encher um copo d’água.

Ah! Eu ainda precisava arrumar dinheiro para comprar um frigobar e colocar em meu quarto. Droga – sempre pensava assim e nunca economizava para isso. Também as minhas despesas estavam sempre a mais- Ih! Não quero ficar pensando em nada disso, senão nenhum comprimido fará efeito.

Se pelo menos Sandro estivesse aqui! – Sandro era o nome do meu gato.

A geladeira desta vez estava bem cheia, por isso derrubei aquela jarra de água. Escorreguei...e desmaiei.

Ouvi vozes bem longe... Assustada percebi que alguém me levantou, mas era um desconhecido. A garganta estava seca e nenhum som saia da minha boca. Queria gritar e o meu grito finalmente saiu.

Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah

Senti tudo e senti nada, via e estava cega, gritava e estava muda, corria e ficava parada, suava e tinha febre, empalidecera e sentia fogo no rosto...

Quanta coisa estranha, meu Deus. Gritei de novo, mais uma vez, duas vezes mais Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah.

_ Mãe , mãe sou eu. Reconheci a voz de Ana Maria. Encontramos a senhora no chão e meu novo namorado – a senhora ainda não o conhece – foi ele quem a carregou para a cama. Fique calma e não grite mais. Então eu chorei de alegria por saber que meu grito não fora em vão, eu não estava louca era mesmo um estranho que havia me levantado do chão.

zemary
Enviado por zemary em 06/01/2013
Código do texto: T4069710
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