* SHAW DARKHOLME: SOMBRA NO ESPELHO

Havia retornado para casa após a festa de natal em família, e decidi tomar um vinho antes de dormir, toda casa estava silenciosa, e apenas os sons oriundos das festividades causava a impressão de ser uma data de comemoração e celebração. Resolvi retornar, e estando sozinha, abri a garrafa de vinho e sentei diante da janela, ouvindo música, e apreciando aquele momento.

Havia sorvido meia garrafa, e fui para meu quarto, desfiz da maquiagem, das roupas, ficando apenas de calcinha e sutiã, desfilei diante do enorme espelho, e sentei sobre a cama, envolta em pensamentos. Cerrei os olhos, ouvindo a melodia, e sorvi o último gole da taça de vinho, e deitei, queria apenas descansar, porque certamente ainda teria um dia absorta nas comemorações natalinas.

Podia ouvir a canção, e fui sendo envolvida em uma sensação de letargia, aquela sonolência natural em que os sentidos ainda estão despertos, e pude ouvir o ruído de vidro, aquele som característico de vidro sendo pisado, entreabri os olhos, e pareceu que alguém aproximara da cama, todo ambiente havia sido envolvido em uma penumbra, e mesmo a luminosidade das luminárias não era suficiente para sobrepujar a intensidade daquela escuridão, que começou a envolver todo ambiente, tentei levantar, reagir, mas meu corpo parecia inerte, completamente letárgico, foi quando senti uma presença junto de mim na cama, que aproximando os lábios de meu ouvido, murmurou:

- Pode ouvir minha voz?

Permaneci em silencio, não conseguia responder, embora houvesse tentado, senti um calafrio percorrer meu corpo, quando a mão aberta percorreu minhas costas, alcançando minhas nádegas, a mão espalmada, pareceu transportar para minha pele, meu corpo, minha mente, todos os desejos que alguém pode sentir, que senti meu corpo absorver e corresponder, em uma relação de causa e efeito, estremeci, com a pele eriçando instantaneamente. Os lábios roçando em meu ouvido, a respiração quente, e aquele sussurro, pareceu uma onda de serenidade e calma avançando para dentro da tempestade formada dentro de meu intimo, em meu coração e alma. Meu corpo apenas reagia, interagindo com aquela ousada e incessante caricia, aquele carinho que percorria por minha pele, em um percurso próprio e natural.

Podia sentir os lábios avançando sinuosamente por meu corpo, parecia procurar ansiosamente por um gosto, e podia imaginar quão aprazível era sentir o aroma que exalava de minha pele, que umedecia com aquela provocante e insinuante caricia, um carinho sem medida, que prolongava ao longo do horizonte de meu corpo, que avançava libidinosamente, causando em minha mente, em meus pensamentos mais íntimos, um desejo e querer, misterioso e desconhecido, aquele que parecia que poderia ser reconhecido em meu olhar, no intimo de meus olhos.

Surpreendida por sentir que aqueles lábios e mãos conheciam os caminhos por minha pele, em meu corpo, fui ficando cada vez mais absorta nas sensações, naquelas emoções que causava, envolvendo e proporcionando aos meus sentidos. Pude sentir os lábios percorrendo minha pele, as mãos parecia afastar qualquer temor ou medo que pudesse ter diante daquela situação inusitada, e como pudesse ouvir qualquer pensamento, ou compreendesse a mensagem subliminar em meus murmúrios e sussurros, prendeu meu corpo, moldando seu corpo a forma sinuosa de minha silhueta, em uma lenta fricção, senti minha pele aquecer, e mesmo que quisesse não oporia resistência ao que aquele contato proporcionava, causando em minha mente, meu coração descompassado, aquela sensação lasciva que apoderava além de meu corpo, como houvesse libertado a mais intensa e fervorosa tempestade, uma tempestade que diante da calmaria e serenidade dos movimentos não impunha resistência, sendo subjugada, contida, completamente.

Invasivamente, meu corpo era acobertado de um ardor, a sensação fazia minha pele eriçar, meus lábios umedecerem e minha voz ecoar como uma sucessão de trovoes emergentes da imensa e espessa escuridão, ao sentir entre minhas pernas, aqueles lábios delineando e provocando desejos, não opus qualquer resistência, permitindo que lábios e língua, toda aquela boca, fosse sorvendo e apreciando meu gosto, inalando meu cheiro, aquele perfume hibrido, pureza sagrada e profana.

Senti a boca úmida e quente roçar meu corpo, em uma volúpia indecente, ardente, sôfrega, que fez meu corpo estremecer, instantaneamente, talvez pela emoção, pela permissão licenciosa e consensual de ser servida em uma volúpia carnal, meu corpo ficou agitado, estremecendo inúmeras vezes, mas convulsionou ao sentir aquele toque sutil, das mãos e língua, adentrando minha segunda pele, causando um furor que emanou além de minha pele, por entre meus lábios em um gemido inconfundível, que pareceu ecoar além das paredes, como uma confissão, aquela confissão do que havia provocado em meu corpo.

Fiquei imerso nas sensações, sentindo aquela língua submersa em minha pele, em um movimento único, sinuoso e voluptuoso, parecia conhecer cada reentrância, em uma caricia quente arrancava de meus lábios todas as confissões que poderia conseguir, ao torturar com tanto capricho e volúpia.

Estremeci, entregue, completamente entregue ao prazer de sentir os lábios deslizar em minha pele, e aquele corpo acomodar junto de meu corpo, sentia no olhar, aquela ânsia pela simetria perfeita, nas mãos a veemência de carinhos e caricias que parecia arrancar meus desejos e vontades, para em seguida, tornar sensível os desejos de ser completamente possuída, sentir todo vigor e calor, daquele corpo sobre meu corpo, em um ritmo e cadencia perfeita, em um movimento incessante, remexia lentamente, afagando minha pele, comprimindo meus seios sob as mãos, apertando meu corpo contra todo corpo dele, como fosse moldar em meu corpo uma serenidade e calma, que minha alma não conhecia, nunca havia sentido, fui desperta completamente, quando aquele prazer fluiu em meu corpo, no derradeiro toque, as mãos entre minhas pernas, e os lábios selando meus lábios em um beijo ávido, um beijo sôfrego, que privou do fôlego, compartilhando todo fôlego dele.

Segurando minhas pernas, apreendeu meus quadris junto corpo dele, em um movimento incessante, podia sentir todo latejar envolto no pulsar úmido e lúbrico de meu corpo, e fiquei imersa na tempestade que formava diante do olhar dele, que parecia conduzir meus movimentos, minha ansiedade substituída por um prazer, que fluía em uma onda de espasmos sucessivos, meu corpo formigando desde os pés percorrendo toda coluna vertebral, estendendo por cada membro, alcançando minha mente em um turbilhão de emoções, represadas e acorrentadas em meu corpo. A língua e lábios deslizando sobre minha pele, curvando sobre meu corpo alcançando mais profunda e intima conexão, aquela que fez meu corpo estremecer em um estado de êxtase, sucedido de uma letargia natural, meu corpo permaneceu novamente imóvel, completamente lépido, entregue ao prazer, de todos os sentidos.

Voltou toda sua atenção e capricho aos movimentos, arrancando de meu corpo, um prazer sucessivo, que senti flui em meu corpo, em uma sensação emergente, e imergindo minha mente, que fez com que sentisse ser transportada além de mim, podendo ver nossos corpos juntos, refletidos em cada fração do espelho fragmentado, senti aquele suor quente pingar em meu corpo, todo corpo dele, unido em meu corpo, formando um contraste, de força e fraqueza, em uma tempestade avassaladora, que resultou em um prazer simultâneo, entre gemidos e murmúrios, um sussurro próximo de meu ouvido que fez meu corpo estremecer imergindo em uma profunda e intensa letargia. Ao recobrar em meio a madrugada, estava nua, sentia meus mamilos ainda intumescidos, e as mãos postadas entre as pernas, como quisesse apreender e guardar aquele prazer para mim, em meu corpo, como um segredo de natal, um segredo de prazer.

Permaneci quieta, ouvindo aquele sussurro que pareceu chamar meu nome, clamar por minha presença, e ao olhar para aquele espelho, aquele silhueta, parecia observar meu corpo, aquele olhar pareceu percorrer minha pele, transpondo o limite entre sonho e realidade, e possuir meu corpo, até a exaustão, ao limite entre sagrado e profano, formado pela conjunção daquele corpo em meu corpo, para meu mais devasso e intenso prazer.

E desde aquela noite, em noites de tempestade, em que o silencio de meus lábios são interrompidos, a paz de minha cama é desfeita em uma guerra de corpos nus, e meu corpo fica entregue, exposto ao reflexo do espelho, onde meu segredo permanece guardado, onde meu desejo é revelado, onde uma sombra oculta em um mundo imaginário, apossa de meu corpo, domina e rende meus sentidos, em um prazer licencioso, onde tudo de mim pode ser sentido, onde tudo dele em mim, deixa de ser apenas um sonho para ser realidade.

• Damien Lockheart

DAMIEN DARKHOLME
Enviado por DAMIEN DARKHOLME em 05/01/2013
Reeditado em 08/10/2019
Código do texto: T4068977
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