O MISTÉRIO DAS IRMÃS SOLTEIRONAS

Numa aldeia muito antiga, onde os poucos habitantes eram todos idosos e onde não habitavam mais de 20 pessoas, havia três irmãs, todas solteiras, que todos conheciam mas com quem poucos falavam. Devido ao mau feitio que elas tinham, não mantinham contacto com quase ninguém, apenas com o padeiro o Sr. Manuel que lá passava 3 vezes por semana para deixar o pão. Era o único a vê-las com frequência,pois raras eram as vezes que os outros habitantes as avistavam.

As velhas senhoras todas na casa dos 70 aos 80 anos, não tinham nenhum familiar vivo, e a casa onde moravam ficava um pouco distante da aldeia, mais exactamente, a 2 km da casa mais próxima. Quando eram mais novas elas ainda saiam para ir à missa ao domingo ou para fazerem compras na mercearia da aldeia, mas agora e já com o peso da idade e com a saúde debilitada quase nunca saíam e só quem lá ia vender os produtos à porta, conseguia travar algumas palavras com elas.

A casa onde moravam era muito antiga pois já teria cerca de 150 anos, teria pertencido noutras décadas aos seus pais e nunca tinha levado obras de restauro, por isso estava em muito mau estado.

Na aldeia corria boatos sobres as irmãs, uns diziam que eram bruxas, outros que tinham a casa assombrada mas porém, a verdade ninguém a sabia e também ninguém há muito lá entrava.

Um dia passou o padeiro e como de costume apitou a buzina da sua velha carrinha para deixar o pão mas não obteve resposta como era habitual, estranhou mas não se atreveu a bater à porta. Depois deste dia outros iguais se sucederam e aí o senhor estranhou e comentou o sucedido na aldeia… o que se terá passado com as irmãs solteironas!? Como eram conhecidas por todos.

Então os homens mais destemidos e determinados a descobrir o que se passara, combinaram ir lá a casa ver o que realmente se passava.

Num sábado à tarde, os quatro homens bateram à porta e não obtiveram resposta, então espreitaram por uma das janelas partidas e tentaram observar para dentro da casa e nada viram, até que um deles teve a ideia de partir mais um pouco o vidro, para assim poderem por ali entrar.

Assim que puseram o pé lá dentro ouviram um barulho ensurdecedor como se fosse um eco e ficaram parados ainda que um pouco assustados, mas depois resolveram avançar. Quando chegaram à sala viram uma das irmãs sentada numa cadeira com um punhal espetado no coração, estremeceram e comentaram. - Está morta! E as outras? Perguntaram… Caminharam mais um pouco e à entrada de um dos quartos ouviram gritos e mais uma vez tiveram medo, ainda recuaram mas depois um deles resolveu entrar no quarto e viu a outra das irmãs morta com o pescoço cortado, os homens nem queriam acreditar tão macabro era o que viam, mas faltava saber da terceira. Ainda sem se refazerem do susto um deles levou um estalo na cara e não tinha sido nenhum dos outros vizinhos a dar-lho, o senhor quase desmaiou tal não foi a intensidade com que lhe bateram, mas mesmo assim quiseram continuar. E quando chegaram à cozinha, havia uma lareira de pedra no chão com as panelas onde cozinhavam a comida, e para espanto deles as panelas estavam todas viradas ao contrário, os pratos começaram a cair dos armários e o chapéu-de-chuva que estava pendurado numa das traves do tecto quase acertou de raspão num deles. Os amigos já tão assustados preparavam-se para sair dali para fora e pedir ajuda quando a um canto da cozinha viram um pé, claro que era de prever que seria da outra das irmãs pois só faltava mesmo ela, lá avançaram e viram a velha senhora com uma tesoura espetada nas costas estendida no chão.

-Meu Deus! O que se passou aqui?. …Pensaram eles.

Saíram dali a correr e só pararam quando chegaram à mercearia da aldeia. Nem conseguiam falar tal era o seu estado de pânico, depois daquilo que viveram e assistiram.

Ainda hoje o mistério das três irmãs, ninguém sabe. Uns dizem que foram assaltadas e mortas durante um possível roubo, outros que foi obra do diabo, mas a verdade todos desconhecem. A casa permanece fechada e ninguém lá entra, desde que as senhoras de lá foram tiradas pelas autoridades, pois o medo é tanto que afasta qualquer um.

Anabela Fernandes

Anabela Fernandes
Enviado por Anabela Fernandes em 17/11/2012
Código do texto: T3991281
Classificação de conteúdo: seguro