Bela Mortis

Caía a tarde, o sol se punha na direção do vento daquele dia. A brisa balançava os cabelos e fazia as folhas dançarem em seu ritmo. Os pássaros cobriam o céu alaranjado, seguiam seu rumo em meio a paisagem urbana.

O ar estava fresco, convidando a senti-lo de perto. Tocou a pétala azulada que repousava delicadamente sobre a grama fresca. Hm, bela mortis. Sorriu manso. Tão doce e tão venenosa, de fato uma tentação aos olhos mortais. A delicadeza de sua essência transparecia a falsa pureza.

Trouxe com o vento a sensação de seu aroma proibido, instigando os fracos a testarem sua inocência. E ele provou. Não compreendia como o gosto de algo tão maléfico podia ser tão sedutor. O cheiro dela o trouxe mais perto, e mais perto da morte também.

O sereno da noite já cumprimentava os campos, levando a face degradante dele consigo. Obcecado pelo sabor do pecado, sabia que estava assinando seu próprio suicídio ao tocar o rosto aveludado da flor.

Levou os dedos a boca e experimentou o que não queria que tivesse fim. A madrugada adentrou seu ser e sua alma negra inspirou a escuridão da noite, enquanto subia a procura da luz.