Rito de Passagem
Tribo dos Mahai, África Setentrional.
Os tambores reverberavam, naquela noite clara, sob o céu cravejado de estrelas. Os Mahai exultavam, pois seria o rito de passagem para a fase adulta de Mambui, o primogênito do chefe. As mulheres dançavam, os homens batiam suas lanças umas contra as outras e as feras, nas florestas, corriam apavoradas acreditando que algum demônio estava para chegar.
O pequeno Mambui, 12 anos, deveria passar sozinho 12 dias na floresta e, caso matasse um leão, se tornaria um guerreiro. Caso apenas sobrevivesse, seria um trabalhador menor, um lavrador ou artesão.
A expectativa do chefe era enorme. Nunca antes, em toda a sua família, um primogênito de sua linhagem falhara. Após as danças e o povo se embebedar com um etílico extraído das batatas, o garoto, tendo recebido uma bênção do pai, partiu para a escuridão munido apenas com uma lança e uma pequena faca.
Durante dois dias, Mambui devorou ovos de pássaros, comeu raízes e cascas de árvores nutritivas. Dormia em árvores altas e, no meio da madrugada do terceiro dia, viu sob a sua árvore passar um enorme leão. Ao ver o tamanho da fera, pensou que poderia saltar sobre ela fincando a lança em sua espinha atingindo também o coração. Calculou, mas não achou um bom ângulo e teve que desistir.
Faltando apenas um dia, batia-lhe o desespero. Apenas aquele leão fora visto no terceiro dia e, depois, nenhum outro. Sabia que falharia e, pela primeira vez, um membro do seu clã não poderia ser guerreiro. A infelicidade seria terrível para seu pai, visto, que como agravante, Mambui também não poderia ser o Chefe.
No último dia, enquanto bebia água em um riacho, viu algo brilhando no fundo e esticou a mão para pegar. Era uma maciça corrente de um metal esbranquiçado contendo interessante medalhão com o que lhe parecia uma pedra vermelha ao centro. Gostou do mesmo e o colocou. Sentiu-se estranho, forte e robusto. Quando olhou sua imagem refletida na água, levou um susto. Viu diante de si a figura de um homem enorme, corpulento, com quase dois metros de altura. Tateou seu rosto, seus novos músculos e seu corpo para ter certeza do que via.
Ficou admirado com a sua sorte. Retirou o medalhão e se viu, novamente, um garoto. Tornou a colocá-lo e voltou a ser gigante. Começou a rir.
Naquela noite, quando as sombras dominavam a terra, ao procurar subir no abrigo de sua árvore, percebeu que atrás de si havia algo. Virou-se calmamente e encarou um enorme leão com a juba negra. A fera, àquela hora do crepúsculo, encarou-o com a força da morte. Seus olhos, amarelados e vidrados, pareciam duas joias cravadas em um mar de pelos. Mostrou as presas. Mambui empunhou sua lança. Dois gigantes se entreolharam. O rapaz sentiu que não seria um embate justo e, em um movimento rápido, retirou o medalhão lançando-o ao chão. A desproporção, agora, entre os dois era evidente. Nisso, o leão, dobrou as duas patas dianteiras curvando-se diante do jovem. Assustado, deu dois passos para trás.
A fera, levantando-se, começou a caminhar de encontro ao rapaz. Naquele momento, para suar surpresa, viu o leão transmudando-se até adquirir a forma de um homem: seu pai. Esse, colocando a mão no ombro direito do filho, declarou:
- A mais forte qualidade de um líder é a coragem. Ao se recusar a usar o medalhão, enfrentando frente a frente uma fera com sua força natural, você provou ter o valor que se espera de um líder.
Mambui, em poucos anos, tornou-se um dos mais amados líderes que o povo Mahai já teve.
Isso aconteceu em um fabuloso continente de um mundo paralelo...
Tribo dos Mahai, África Setentrional.
Os tambores reverberavam, naquela noite clara, sob o céu cravejado de estrelas. Os Mahai exultavam, pois seria o rito de passagem para a fase adulta de Mambui, o primogênito do chefe. As mulheres dançavam, os homens batiam suas lanças umas contra as outras e as feras, nas florestas, corriam apavoradas acreditando que algum demônio estava para chegar.
O pequeno Mambui, 12 anos, deveria passar sozinho 12 dias na floresta e, caso matasse um leão, se tornaria um guerreiro. Caso apenas sobrevivesse, seria um trabalhador menor, um lavrador ou artesão.
A expectativa do chefe era enorme. Nunca antes, em toda a sua família, um primogênito de sua linhagem falhara. Após as danças e o povo se embebedar com um etílico extraído das batatas, o garoto, tendo recebido uma bênção do pai, partiu para a escuridão munido apenas com uma lança e uma pequena faca.
Durante dois dias, Mambui devorou ovos de pássaros, comeu raízes e cascas de árvores nutritivas. Dormia em árvores altas e, no meio da madrugada do terceiro dia, viu sob a sua árvore passar um enorme leão. Ao ver o tamanho da fera, pensou que poderia saltar sobre ela fincando a lança em sua espinha atingindo também o coração. Calculou, mas não achou um bom ângulo e teve que desistir.
Faltando apenas um dia, batia-lhe o desespero. Apenas aquele leão fora visto no terceiro dia e, depois, nenhum outro. Sabia que falharia e, pela primeira vez, um membro do seu clã não poderia ser guerreiro. A infelicidade seria terrível para seu pai, visto, que como agravante, Mambui também não poderia ser o Chefe.
No último dia, enquanto bebia água em um riacho, viu algo brilhando no fundo e esticou a mão para pegar. Era uma maciça corrente de um metal esbranquiçado contendo interessante medalhão com o que lhe parecia uma pedra vermelha ao centro. Gostou do mesmo e o colocou. Sentiu-se estranho, forte e robusto. Quando olhou sua imagem refletida na água, levou um susto. Viu diante de si a figura de um homem enorme, corpulento, com quase dois metros de altura. Tateou seu rosto, seus novos músculos e seu corpo para ter certeza do que via.
Ficou admirado com a sua sorte. Retirou o medalhão e se viu, novamente, um garoto. Tornou a colocá-lo e voltou a ser gigante. Começou a rir.
Naquela noite, quando as sombras dominavam a terra, ao procurar subir no abrigo de sua árvore, percebeu que atrás de si havia algo. Virou-se calmamente e encarou um enorme leão com a juba negra. A fera, àquela hora do crepúsculo, encarou-o com a força da morte. Seus olhos, amarelados e vidrados, pareciam duas joias cravadas em um mar de pelos. Mostrou as presas. Mambui empunhou sua lança. Dois gigantes se entreolharam. O rapaz sentiu que não seria um embate justo e, em um movimento rápido, retirou o medalhão lançando-o ao chão. A desproporção, agora, entre os dois era evidente. Nisso, o leão, dobrou as duas patas dianteiras curvando-se diante do jovem. Assustado, deu dois passos para trás.
A fera, levantando-se, começou a caminhar de encontro ao rapaz. Naquele momento, para suar surpresa, viu o leão transmudando-se até adquirir a forma de um homem: seu pai. Esse, colocando a mão no ombro direito do filho, declarou:
- A mais forte qualidade de um líder é a coragem. Ao se recusar a usar o medalhão, enfrentando frente a frente uma fera com sua força natural, você provou ter o valor que se espera de um líder.
Mambui, em poucos anos, tornou-se um dos mais amados líderes que o povo Mahai já teve.
Isso aconteceu em um fabuloso continente de um mundo paralelo...