Perigo na madrugada
Naquele dia me despedi do supervisor e do segurança mais ou menos às duas e quarenta da madrugada. Trabalhávamos em Niterói, próximo a estação das “Barcas”, num bingo, que funcionava até o último cliente sair.
Atravessei a avenida e em três minutos eu já aguardava o transporte marítimo das três da manhã, rumo ao centro da cidade Rio de Janeiro. Nesse horário a movimentação de passageiros é escassa.
Já tendo embarcado, me dirigi rumo à parte traseira da embarcação, onde se posicionam alguns bancos numa área aberta que possibilita aos passageiros vasta visão da “Baía de Guanabara” iluminada pelas luzes do entorno das duas cidades: Rio de Janeiro e Niterói.
Neste itinerário, eu adorava me posicionar naqueles bancos durante a travessia noturna e solitária. Meus pensamentos corriam por inúmeras artimanhas do terreno da vida. Eu não fazia apenas aquele trajeto sobre as águas da profunda Baía - eu ia muito além -, corria pelos trilhos do agradável e do absurdo cotidiano. Era impossível - perante a poesia noturna iluminada-, que eu não formulasse milhões de planos, voltar e avançar no tempo devido ao entorpecimento que me acometia durante os vinte e cinco minutos que durava o percurso marítimo.
Revestido de visões diversas, a viagem seguia sem nada fora do comum – ou quase sempre era assim. Porém, naquele dia, desembarquei na “Praça XV” como de costume. Atravessei a praça, apressado, afinal à rua estava quase deserta e eram três e meia da madrugada. Alcancei a “Rua Primeiro de Março” e logo atingi a “Avenida Presidente Vargas” e, por trás da “Igreja Candelária” surgiram repentinamente dois garotos de rua. Percebi simultaneamente que tencionavam me assaltar, mediante suas atitudes de preparação para o ataque. Eles ainda estavam do outro lado da avenida e um frio assustador percorreu o meu corpo tremulo, e eu amedrontado me preparava para correr...
Nesse ínterim, apareceu imediatamente um caminhão que recolhia o lixo durante a madrugada. O motorista freou o caminhão bruscamente entre eu e os garotos – os quais ainda estavam do outro lado da rua esperando a passagem do caminhão e também dos demais carros que seguiam pela avenida “Rio Branco”, pois o sinal estava verde para os carros.
- Sobe na porta do carro! – disse o motorista do caminhão.
Desesperado, me pendurei na porta do caminhão, e o motorista acelerou rapidamente seguindo o percurso da rua.
- Vi que eles iam te assaltar. – falou o motorista.
Nem lembro o que falei para o motorista naquele momento perante o meu nervosismo, mas me recordo de ter agradecido por ele ter me salvado dum pior choque físico e psicológico.
Desci da porta do caminhão do lixo uns três quarteirões seguintes e o motorista me recomendou que tomasse mais cuidado e que fosse embora por outro caminho, e se possível, de ônibus.
Sentindo-me ainda um tanto amedrontado, segui por outra rua rumo à minha casa em meio ao silêncio, interrompido às vezes pelo barulho de algum carro, na pouca movimentação do perigo noturno...
Naquele dia me despedi do supervisor e do segurança mais ou menos às duas e quarenta da madrugada. Trabalhávamos em Niterói, próximo a estação das “Barcas”, num bingo, que funcionava até o último cliente sair.
Atravessei a avenida e em três minutos eu já aguardava o transporte marítimo das três da manhã, rumo ao centro da cidade Rio de Janeiro. Nesse horário a movimentação de passageiros é escassa.
Já tendo embarcado, me dirigi rumo à parte traseira da embarcação, onde se posicionam alguns bancos numa área aberta que possibilita aos passageiros vasta visão da “Baía de Guanabara” iluminada pelas luzes do entorno das duas cidades: Rio de Janeiro e Niterói.
Neste itinerário, eu adorava me posicionar naqueles bancos durante a travessia noturna e solitária. Meus pensamentos corriam por inúmeras artimanhas do terreno da vida. Eu não fazia apenas aquele trajeto sobre as águas da profunda Baía - eu ia muito além -, corria pelos trilhos do agradável e do absurdo cotidiano. Era impossível - perante a poesia noturna iluminada-, que eu não formulasse milhões de planos, voltar e avançar no tempo devido ao entorpecimento que me acometia durante os vinte e cinco minutos que durava o percurso marítimo.
Revestido de visões diversas, a viagem seguia sem nada fora do comum – ou quase sempre era assim. Porém, naquele dia, desembarquei na “Praça XV” como de costume. Atravessei a praça, apressado, afinal à rua estava quase deserta e eram três e meia da madrugada. Alcancei a “Rua Primeiro de Março” e logo atingi a “Avenida Presidente Vargas” e, por trás da “Igreja Candelária” surgiram repentinamente dois garotos de rua. Percebi simultaneamente que tencionavam me assaltar, mediante suas atitudes de preparação para o ataque. Eles ainda estavam do outro lado da avenida e um frio assustador percorreu o meu corpo tremulo, e eu amedrontado me preparava para correr...
Nesse ínterim, apareceu imediatamente um caminhão que recolhia o lixo durante a madrugada. O motorista freou o caminhão bruscamente entre eu e os garotos – os quais ainda estavam do outro lado da rua esperando a passagem do caminhão e também dos demais carros que seguiam pela avenida “Rio Branco”, pois o sinal estava verde para os carros.
- Sobe na porta do carro! – disse o motorista do caminhão.
Desesperado, me pendurei na porta do caminhão, e o motorista acelerou rapidamente seguindo o percurso da rua.
- Vi que eles iam te assaltar. – falou o motorista.
Nem lembro o que falei para o motorista naquele momento perante o meu nervosismo, mas me recordo de ter agradecido por ele ter me salvado dum pior choque físico e psicológico.
Desci da porta do caminhão do lixo uns três quarteirões seguintes e o motorista me recomendou que tomasse mais cuidado e que fosse embora por outro caminho, e se possível, de ônibus.
Sentindo-me ainda um tanto amedrontado, segui por outra rua rumo à minha casa em meio ao silêncio, interrompido às vezes pelo barulho de algum carro, na pouca movimentação do perigo noturno...