O senhor da discórdia: Capítulo 1

Bem, como prometi, estou postando aos poucos. Ainda sou novo no ramo e talvez não fique perfeito, por isso espero as mais sinceras críticas.

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CAPÍTULO 1

Tudo parecia estar tranquilo ultimamente para o detetive Pereira. Depois de se envolver completamente num crime de assalto a banco, ele tentava descansar um pouco a cabeça no seu apartamento.

A manhã parecia ter chegado tranquila, em vista aos últimos dias, em que as crianças estavam de férias da escola. Nessa manhã estava tudo em paz, e o sono dele poderia ser muito facilmente quebrado, já que viviam em São Paulo, e os crimes eram tão comuns quanto crianças fazendo barulho.

Ele não se lembrava com o que estava sonhando quando o toque do seu celular rompeu a barreira da quietude e o fez despertar de um sono bem sucedido. O relógio de cabeceira mostrava cinco da manhã. Ainda estava cedo demais pra ele entrar em serviço.

- O que foi? – resmungou a mulher também acordando com o barulho do telefone. – Atende logo e volta dormir.

Pereira se levantou e pegou o celular que estava do lado do relógio. Sua voz saiu totalmente rouca.

- Detetive Pereira. – atendeu bocejando e saindo do quarto pra não pertubar sua mulher.

- Grande Pereira! – a voz animada do outro lado irritou Pereira, que já sabia quem era.

- Pode falar, Siqueira.

Siqueira era o delegado mais famoso da região, e amigo intimo de Pereira. Se ele estava ligando numa hora daquelas, alguma coisa tinha acontecido.

- Cara, precisamos de você aqui urgentemente. – a voz dele assumiu uma tonalidade totalmente apreensiva.

- Qual foi o crime dessa vez?

- Meu caro Pereira, não importa qual foi o crime. E sim, a vitima. Acho que você conhece Manoel Bastos, to certo?

O sangue do detetive Pereira congelou.

Dirigindo seu carro pelo, até então, tranquilo trânsito, sua cabeça rodava. Turbilhões de imagens começaram a passar e ele tentou afasta-las. A conversa que tivera com Siqueira minutos antes ainda ecoava em sua cabeça. ‘’Acho que você conhece Manoel Bastos’’. Sim, ele conhecia. E muito bem.

Manoel Bastos era o médico mais bem sucedido do Brasil e talvez do mundo. Já estava velho, e alguns diziam que tinha se tornado uma pessoa completamente insuportável. Insuportável a ponto de maltratar seus pacientes. Mas Pereira não acreditava nessas conversas que saiam a seu respeito. Ele era uma pessoa totalmente pública, e sempre iam falar mal ou bem dele, não importasse o que ele fizesse.

Mas ele conhecia Manoel Bastos de uma maneira diferente, talvez como poucos conhecessem. Ele havia salvo a vida de sua mulher de um terrível acidente poucos anos antes. Quando todos os médicos davam a vida de sua mulher como encerrada, Pereira bateu em sua porta, e Manoel aceitou cuidar dela. Sem cobrar nada. E Pereira, que não acreditava em milagres, viu sua mulher se recuperar completamente através das mãos de Manoel. Ele ficou completamente grato, mas depois nunca mais se encontrou com ele.

Mesmo o passado do médico ser um segredo para todos, Pereira acreditava na bondade daquele homem. E estaria disposta a dar tudo pra descobrir quem eram os assassinos. Mesmo que isso custasse a sua vida.

Quando estacionou frente ao departamento que trabalhava, avistou uma multidão eufórica de repórteres e pacientes do Dr. Manoel. Ele tomou um ar antes de descer do carro. Teria uma longa jornada pela frente.

Desceu do carro e todos viraram seus olhares pra ele. Pereira era uma pessoa completamente corpulenta e aparentava ter quase dois metros de altura. Ele era totalmente careca e negro. E sua voz tinha uma força incomparável. Quando ele falava, era só ele que falava. Mesmo alguns não gostando de sua personalidade seca e brusca, admitiam que ele era competente. Talvez o melhor pra cuidar daquele caso.

Se aproximou da multidão, tentando se esquivar do que parecia um formigueiro. Câmeras apontavam o seu rosto e dezenas de pessoas falavam ao mesmo tempo. Claro que aquele era um caso de proporções nacionais e já estava em todos os jornais. As pessoas gratas ao Dr. Manoel choravam e imploravam que o detetive descobrisse o assassino, e ele morresse de forma igual.

- Por favor, detetive Pereira, encontre esse assassino...

- Joga ele para os cachorros...

- Enterra ele vivo...

As vozes dos curiosos atônitos se misturavam com as perguntas dos repórteres. Atravessar aquele rua parecia ser uma eternidade.

- Quem é o principal suspeito?

- Por que cometeram o crime?

‘’Eu não sei seus vermes’’, pensou conseguindo deixar a multidão pra trás. Entrou e soltou um suspiro de alivio. Siqueira vinha ao seu encontro.

Estavam no escritório cheio de papéis do Siqueira, e o pequeno delegado bufava devido a multidão que se aglomerara frente ao seu departamento.

- O que você queria? Trata-se do maior médico do Brasil. – Pereira estava sentado de pernas cruzadas e pensativo. Queria encontrar motivos, pistas, qualquer coisa pra limpar a sua mente. Era um caso difícil.

Enquanto isso Siqueira, um homem baixo e com a cabeça parcialmente careca, procurava o relatoria que havia feito sobre o crime numa pilha de papéis.

- Deveria estar em cima. – esbravejou Pereira.

- Sabe, meu amigo, eu estive folheando ele até agora, não pode ter sumido assim.

- Vai ver o assassino veio aqui e pegou. – sugeriu Pereira irônico.

- Suas brincadeiras, ou melhor, suas tentativas de brincadeira nunca dão certo. – resmungou Siqueira puxando um bloco de papéis e balançando na frente de Pereira. – Estão aqui Sherlock.

Pereira puxou o relatório da mão dele e começou ler sem demora.

- Devo dizer que não é uma coisa agradável de se ler. Prefiro os livros do Stephen King. – geralmente Siqueira tentava levar os crimes por um lado engraçado, mas na verdade não era nada engraçado. E ele sabia disso.

Conforme Pereira ia lendo e virando as paginas, sua expressão se tornava fechada. Siqueira percebeu que ele começara tremer, e seus olhos não paravam de piscar. ‘’Pereira e o seu velho tique’’, pensou o delegado esperando uma torrente de perguntas do detetive.

- Quem te relatou isso? – perguntou Pereira sem tirar os olhos do papel.

- Um velho que resolver ir até o rio, não sei pra que. Ele veio até aqui e fomos imediatamente até lá. Se você visse o homem, Pereira. Parecia que estava em transe, nunca vi nada igual. E...eu sei que você não acredita que existam crimes perfeitos, mas nada foi encontrado. Quem quer que fosse o assassino, ele se cuidou. Foi tudo planejado.

Pereira ergueu os olhos e encarou Siqueira.

- E como souberam quem era a vitima?

- Pelos pertences. O celular estava no bolso da calça, e logo percebemos de quem se tratava. Ligamos para a casa dele e chamamos o seu mordomo até aqui. Ele reconheceu seus pertences. Uma pulseira e um colar de ouro. – relatou Siqueira com ar sério.

- E o mordomo?

Siqueira sabia que a sessão de perguntas fazia parte do trabalho de Pereira, então era só responder conforme o jogo mandava.

- Veio até aqui e estava abalado. Parece que eles tinham uma boa relação.

- E por que não ficou aqui?

- Disse que tinha que voltar pra avisar os parentes do Dr. Manoel, e espera-los na mansão. Você pode ir até lá interroga-los.

- Eu sei que eu tenho que fazer. – retrucou Pereira secamente. – Primeiro eu preciso pensar.

Fez-se um silêncio cômodo no escritório. Siqueira foi até Pereira e tocou em seu ombro. Além de sua mulher, era o único que ousava fazer esse gesto.

- Pense mesmo meu amigo. Estamos com uma bomba de pavio curto acesa na mão. Se não esclarecermos logo, a imprensa vai cair em cima. As pessoas vão cair em cima. Temos que dar uma resposta logo. – o poder de apaziguar de Siqueira era a única qualidade que Pereira invejava dele. A única.

Pereira suspirou antes de anunciar.

- Quero falar com o velho.

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O detetive está com problemas, não é? Se quiserem saber o desenrolar que esse crime vai fazer com a história é só continuar acompanhando.

O Cap.2 Tá chegando aí. Fresquinho.

Obrigado!

Fernandes Carvalho
Enviado por Fernandes Carvalho em 20/08/2012
Reeditado em 22/08/2012
Código do texto: T3839938
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