A CABAÇA

Seu monomotor começou a ratear e ele verificou que o altímetro acusava 400 m de altura e baixando rapidamente.

Fez algumas tentativas de religar o motor porém notou uma fumaça bem escura saindo da hélice e vindo ao encontro do vidro.

Era inevitável a queda. Os galhos das grandes árvoves da floresta começaram a tocar a parte de baixo do avião e a bater nas asas.

É o fim ...pensou!

Quando acordou, sentiu uma dor de cabeça muito forte, começou a se tocar e percebeu que tinha dois cortes profundos em uma das pernas e sangue coagulado na testa.

Seu relógio não estava no lugar...devia ter sido arrancado do seu pulso no choque. Ficou em dúvida ... quanto tempo havia se passado? Ainda estava claro. Seria ainda o mesmo dia da sua queda ou havia dormido por mais de 12 horas?

Tentou levantar-se e a perna machucada não dava apoio. Doeu demais e, por ter perdido muito sangue, teve que se deitar no chão para não desmaiar.

Acabou adormecendo. Acordou com tudo escuro que nem breu.

Lembrou que precisava fazer um torniquete não muito apertado acima e abaixo dos ferimentos com o intuito de diminuir o sangramento na perna.

A dor de cabeça havia diminuído e o sangue estava totalmente coagulado na testa.

Conseguiu, tateando, dois gravetos fortes e com as tiras do tecido da calça conseguiu fazer a tala.

Ficou em pé e caminhou alguns metros. Foi o suficiente para deixá-lo exausto. Teve que se deitar novamente. Acabou adormecendo, com fome, sede e ouvindo inúmeros ruídos estranhos que só as florestas tem.

Não esperava que o encontrassem logo. Apesar de ter falado com operador de voo da cidade de destino, antes um pouco da queda, sabia que havia caído em lugar de mata fechada e de difícil acesso.

Ao término do quinto dia suas esperanças de ser encontrado foram diminuindo. Sem forças nem para procurar água... foi fazendo uma retrospectiva de sua vida e desejava morrer sem sofrer demasiadamente.

Ainda estava claro e ele sentiu seu corpo desfalecer... entendeu que estava morrendo e desmaiou.

Como algo muito distante, sentiu que alguma coisa estava sendo encostada em seus lábios.

Percebeu um líquido muito refrescante que saía de um objeto estranho ... pontudo.

Bebeu avidamente, e foi então que um homem, seminu, afastou o objeto da sua boca e fez um sinal para que ele não bebesse muito depressa.

"Que água saborosa, refrescante... pensou". O homem com um colar cheio de penas coloridas falou ... - Mim... Porongo! .

Estava salvo. Pelo restante dos seus dias iria ser grato ao índio Porongo e à sua milagrosa CABAÇA!.

MURILO
Enviado por MURILO em 05/08/2012
Reeditado em 07/08/2012
Código do texto: T3815650
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