A mata maldita

Joana era uma incrível menina, muito ativa e muito bonita, mas tinha uma fome de aventura surpreendente.

Morava na fazenda dos pais próximo a uma pacata cidadezinha, e naquele lugar parecia não ter muito oque fazer, mas para Joana era um lugar maravilhoso, com sua densa mata que ela conhecia como a palma de sua mão.

Ela tinha crescido ali e gostava muito de tudo, amava os animais e sempre saía a galopar o seu cavalo pelas estradas boiadeiras.

Viviam muito bem, mas o pesadelo começou quando seu pai quis vender essa propriedade e comprar outra distante dali, e de tudo que ela conhecia.

Joana ficou inconsolável, mas seu pai alegava que era tudo para o bem financeiro da família, pois a outra fazenda era bem mais produtiva, mas ele mesmo não conhecia bem o lugar.

Chegado o dia da mudança, Joana já havia se despedido de tudo e de todos, pois demoraria a voltar para lá, iria apenas visitar alguns parentes que moravam ali perto.

Foi resignada porque mesmo indo contra a sua vontade não poderia fazer nada, afinal tinha apenas 18 anos e ainda vivia nas asas dos pais, e não tinha nenhuma independência, nem poderia porque havia sido criada na fazenda e lá não poderia arrumar um trabalho para adquirir certa renda, por sorte o pai estava levando seu cavalo, que era de longe o melhor companheiro de Joana.

Foram longas horas de viagem e então chegaram a tal fazenda, ela estava na silverado de sua mãe e seu pai havia chegado antes em outro carro da família, o caminhão com a mudança já havia chegado também e já estavam desembarcando os móveis, e a visão da fazenda a princípio não pareceu ruim, era uma bela propriedade e tinha muita natureza, lugar ideal para Joana praticar suas aventuras, e possuía também uma longa estrada onde poderia sair para galopar com seu cavalo, de nome Relâmpago.

Desceu da caminhonete já curiosa para explorar os arredores da fazenda, pois o que não tinha remédio, remediado estava, e ela teria que se conformar porque aquela fazenda seria seu novo lar.

Mas ela não sabia do pesadelo que a aguardava.

Esperou as coisas se ajeitarem, o pai já havia contratado uma empregada que morava com o marido em outra fazenda de propriedade de outro fazendeiro, este também muito rico, e muito mais abastado que o pai de Joana.

A nova funcionária da família Lima chamava-se Leila, que era uma mulher de seus 40 anos, morena de sol e muito trabalhadeira, Joana gostou logo dela e tratou de fazer amizade e especular sobre o lugar.

Leila falou que era um bom lugar para se viver, mas que ela deveria tomar cuidado com o matagal que circundava a propriedade, porque ela mesma nunca havia visto nada, mas ela nem se arriscava a chegar perto dali, mas que as outras pessoas já haviam falado coisas horríveis sobre o matagal, dizendo que lá habitava uma força maligna.

A curiosidade e o espírito aventureiro de Joana imprimiram nela um desejo incontrolável de saber o porquê de tanto medo de Leila.

Ao que ela respondeu que diziam que um grupo de jovens, certa vez havia ido acampar na mata, já que era um lugar muito lindo, mas a polícia encontrou todos mortos sob circunstâncias estranhas e ainda por cima, a polícia nem desconfiava de quem poderia ter praticado a carnificina, porque pelo estado deplorável dos corpos, ou do que restou deles, só poderia ter sido causado por alguma coisa muito forte, algum animal feroz talvez, mas o mistério era que animal poderia matar quatro estudantes de mais ou menos 20 anos cada um?

Ninguém sabia a resposta e por isso os habitantes dali a partir de então nunca mais entraram nessa mata, e alguns após o ocorrido resolveram mudar-se, até mesmo vendendo suas terras.

Joana ficou intrigada com tal história e quis ela mesma investigar o mistério, mas ela nem esperava que esse fosse seu maior erro.

Joana após ver que tudo estava se ajeitando bem pediu ao pai se podia arrear o cavalo e ir explorar os arredores, e o pai sabendo que Joana era uma eximia amazona, só pediu que ela tivesse cuidado pois não conhecia a propriedade,mas mesmo assim consentiu.

Joana arreou Relâmpago e pôs-se a cavalgar pela fazenda, bem devagar a fim de ver e conhecer tudo, para ver também se conseguia resolver o mistério.

Havia cavalgado já bastante quando deparou-se com o matagal tão temido.

Para ela parecia uma mata normal, mas foi só descer do cavalo e adentrar na mata que sua opinião mudou.

Sentiu um arrepio e um frio na espinha, parecia que uma mão gélida percorria todo o seu corpo.

Joana, porém, não se intimidou e continuou a sua exploração, porque tudo deveria ter sido o vento do entardecer que já não demoraria a chegar.

Continuou; a mata era muito bonita, havia muitos animais, porém chegou a um local onde parecia alguma antiga caverna, muito estranha, e estranhamente nesse local não havia mais o barulho dos animais, nem cantar de pássaros ou coisa parecida.

Parecia que a única vida que resistia naquele local eram as plantas, sendo que muitas delas Joana sabia que eram venenosas.

Já estava entardecendo e Joana precisava voltar, mas alguma força sobrenatural estava impedindo-a, parecia que estava prendendo Joana ao chão e ela não conseguia mais se mover.

Começou a ficar desesperada e pedia socorro, mas ninguém iria escutá-la, pois ela havia cavalgado muito e não tinha ninguém por perto.

De repente ela ouviu o que parecia ser um urro de algum animal feroz, mas este parecia estranhamente gutural, era diabólico.

Joana reuniu todas as suas forças e saiu correndo pela mata, mas esta parecia não ter mais fim, ao que ela notou que alguma coisa a estava seguindo e ela resolveu olhar para trás.

Foi então que o pavor tomou conta de Joana de vez, ela viu a criatura, era um monstro com dentes pontiagudos de onde pingava uma grossa saliva, o corpo coberto de pêlos negros, tinha garras e era muito rápido.

Nisso, para azar de Joana, ela tropeçou e caiu ao que a criatura foi para cima dela.

Joana tentava arrastar-se, mas a criatura já estava dilacerando sua carne, ela sentindo uma dor indescritível, não conseguia mais se mover e apenas viu a vida se esvaindo nas garras e nos dentes daquela criatura medonha.

Já com tudo em ordem, na sede da fazenda a mãe de Joana começou a preocupar-se com a demora de sua filha, e pediu então ao marido que fosse procurá-la.

O pai de Joana reuniu alguns peões que já havia contratado e que moravam em outra casa nessa mesma fazenda, para ajudá-lo.

Já era noite e Leila já havia ido embora.

O pai de Joana ia à frente gritando pelo nome da filha, seguido de perto por três peões, foi quando avistou Relâmpago que por ser noite de lua clara não foi difícil encontrar.

Relâmpago estava nervoso e arredio, e o pai de Joana sabia que ela não seria tão imprudente de estar naquela mata desconhecida a àquela hora da noite, e que alguma coisa estava errada.

Adentrou a mata e encontrou somente restos de Joana, que estava irreconhecível, e seu pai só soube que era ela, por causa das roupas.

O pai de Joana ficou desesperado e sua vida acabou naquele instante junto com a de sua amada filha, levou os restos nos braços e atrás de si, ficou apenas um rastro de sangue de sua filha Joana, e o que ninguém viu, os olhos vermelhos e sanguinolentos da criatura que espiava tudo de sua gruta sepulcral.

O pai de Joana resolveu desfazer o negócio e voltar para sua terra, mas dizem que em noite de lua clara, ele sai sozinho pelos pastos, vagando e chamando pelo nome da filha.

E na mata colocaram um grande aviso, impedindo a entrada de pessoas, e desde então o mata ficou conhecida como a mata maldita.

kati
Enviado por kati em 14/02/2007
Reeditado em 26/11/2007
Código do texto: T381560