DO OUTRO LADO DA RUA (13) – A MORTE DO BEBÊ CHIQUINHA
Como havia prometido à dona Chiquinha, nesta segunda feira logo de manhãzinha, estou de volta à “velha casa de fundos, do outro lado da rua”.
A boa velhinha pediu pra trazer-lhe um novelo de lã a fim de tricotar um par de meias, achei oportuno, porque nestas noites frias de inverno os pés dela esfriam que dá dó.
Como de costume, fomos à cozinha onde a doce velhinha já havia iniciado a fervura de água no fogão de lenha e preparava o café em seu tradicional coador de pano. E ali, saboreando o café fresquinho e os bolinhos de chuva, minha querida Chiquinha conta mais uma de suas sensacionais histórias, do tempo vivido na fazenda Engenho Novo.
Naquela época não se ia a médico quando os bebês nasciam, ainda mais as escravas, elas se viravam sozinhas ou quanto muito, umas socorriam às outras, o que também aconteceu com a mãe de Chiquinha, e a menina acabou nascendo de sete meses. Deduziu-se que, talvez o que tenha acelerado o nascimento da menina foi que, sua mãe havia adquirido tifo, uma doença que naquela época, havia incidência quase no mundo todo, embora persistisse mais em algumas regiões, transmitida através das pulgas dos ratos, piolhos ou através da picada das larvas de ácaro que produz febre intensa, só combatida com ervas fortíssimas pois naquele tempo não existia antibiótico e, como as condições de higiene eram precárias, a tendência era se alastrar, provocando epidemia. Nasceu assim Chiquinha, durante a saúde debilitada da mãe.
Nasceu a menina com apenas um quilo e meio de peso, era miúda demais e esperavam que não sobrevivesse, no entanto, embora não aceitasse o leite materno que era fraquíssimo, sobreviveu por dois dias, vindo a falecer no terceiro dia de vida. O pai da menina providenciou uma caixa de papelão forrada de pano branco, que Dona Maria das Graças forneceu. Fazia já algumas horas do acontecido e estavam a velar a criança no quarto do casebre, quando inesperadamente ela começa a chorar e se meche. Foi grande o susto, correram todos para tirar dali a criança que ressuscitara e a levaram para mamar na cabra que também havia parido, fortalecendo assim a criança raquítica.
Em minha frente está agora, aquela que foi o bebê Chiquinha, que morreu debilitada ao nascer e sobreviveu, quem sabe por quais propósitos de Deus, quem sabe justamente para levar a bondade e seu dom divino de benzimento, às pessoas que a procuram.
Minha doce velhinha da casa de fundos, do outro lado da rua, a Chiquinha que um dia foi designada por Deus para expargir sua benção, à essa que hoje conta a sua história.
Como havia prometido à dona Chiquinha, nesta segunda feira logo de manhãzinha, estou de volta à “velha casa de fundos, do outro lado da rua”.
A boa velhinha pediu pra trazer-lhe um novelo de lã a fim de tricotar um par de meias, achei oportuno, porque nestas noites frias de inverno os pés dela esfriam que dá dó.
Como de costume, fomos à cozinha onde a doce velhinha já havia iniciado a fervura de água no fogão de lenha e preparava o café em seu tradicional coador de pano. E ali, saboreando o café fresquinho e os bolinhos de chuva, minha querida Chiquinha conta mais uma de suas sensacionais histórias, do tempo vivido na fazenda Engenho Novo.
Naquela época não se ia a médico quando os bebês nasciam, ainda mais as escravas, elas se viravam sozinhas ou quanto muito, umas socorriam às outras, o que também aconteceu com a mãe de Chiquinha, e a menina acabou nascendo de sete meses. Deduziu-se que, talvez o que tenha acelerado o nascimento da menina foi que, sua mãe havia adquirido tifo, uma doença que naquela época, havia incidência quase no mundo todo, embora persistisse mais em algumas regiões, transmitida através das pulgas dos ratos, piolhos ou através da picada das larvas de ácaro que produz febre intensa, só combatida com ervas fortíssimas pois naquele tempo não existia antibiótico e, como as condições de higiene eram precárias, a tendência era se alastrar, provocando epidemia. Nasceu assim Chiquinha, durante a saúde debilitada da mãe.
Nasceu a menina com apenas um quilo e meio de peso, era miúda demais e esperavam que não sobrevivesse, no entanto, embora não aceitasse o leite materno que era fraquíssimo, sobreviveu por dois dias, vindo a falecer no terceiro dia de vida. O pai da menina providenciou uma caixa de papelão forrada de pano branco, que Dona Maria das Graças forneceu. Fazia já algumas horas do acontecido e estavam a velar a criança no quarto do casebre, quando inesperadamente ela começa a chorar e se meche. Foi grande o susto, correram todos para tirar dali a criança que ressuscitara e a levaram para mamar na cabra que também havia parido, fortalecendo assim a criança raquítica.
Em minha frente está agora, aquela que foi o bebê Chiquinha, que morreu debilitada ao nascer e sobreviveu, quem sabe por quais propósitos de Deus, quem sabe justamente para levar a bondade e seu dom divino de benzimento, às pessoas que a procuram.
Minha doce velhinha da casa de fundos, do outro lado da rua, a Chiquinha que um dia foi designada por Deus para expargir sua benção, à essa que hoje conta a sua história.