(SUSPENSE) A casa dos Davis - Parte II (Final)

A partir deste sonho, a mesma começa a ter suas desconfianças quanto ao desaparecimento da criança.

A casa era cercada, a possibilidade do mesmo ter fugido, era mínima.

Em uma de suas madrugadas em claro, ela escuta passos pela casa e por estar assustada, acorda o marido.

De início ele ri da mulher e a chama de louca, depois é levado ao terror por um frio vento em sua nuca.

Logo após, ele escuta passos e risadas, vindos do andar de cima, onde ficava o quarto do garoto. Ele se apavorava mais a cada segundo que se passava, e levado pelo medo, grita:

– Afaste-se criança maldita, durma bem em seu túmulo e nos deixe em paz. Nem morto consegues deixar seu pai descansar?

Desta vez, a mulher é levada ao terror, e começa a acusar seu marido, convicta de que estava certa:

– ASSASSINO. Onde está meu filho? Onde foi enterrado? O que você fez com ele?

– Ele teve o que merecia, agora volte a...

Algo puxa os cabelos do homem e o mesmo cai para fora da cama, ele tenta lutar contra o que ele não vê, e é arrastado pelas escadas até o porão da casa.

– SOCORRO. SOCORRO.

A mãe de Miller vai atrás.

Vê o menino e corre na direção do mesmo:

– Meu filho, onde estavas?

A criança não responde. O espírito da mesma invade o corpo do pai, que se joga em um pedaço de ferro enferrujado que havia no local.

A criança vinga sua morte, e assim desaparece.

A mulher, com o passar dos anos, se contentava com as roupas do garoto que lhe restara, e em todas as noites, antes de dormir, lia e relia a história que tentara contar ao garoto, dias antes de sua morte. Atormentada pela cena que havia visto, e pela falta que seu filho fazia, encarou a realidade e realizou seu suicídio.

No dia seguinte, Eleonora encontrou a mulher pendurada por uma corda no quarto do menino. Após gastar todo seu fôlego em gritos, avistou um livrinho, e já entregue ao desespero, começou a lê-lo em voz alta:

– ‘Era uma vez, em uma casa pequena na vila dos sonhos, um garoto que se sentia perdido, frustrado com a falta de amigos e com a ausência de seus pais. Em um belo dia, resolveu conversar com um menino que se mostrara triste, assim como ele. Os dois descobriram que eram muito semelhantes, e resolveram se completar. Durante muito tempo os dois brincaram juntos, até que um dia, o pai de seu amigo, resolveu dar uma lição extremamente severa na frente do mesmo, desde então, ele nunca mais reclamou de seus pais, pois apesar de não ter toda atenção que merecia, ele sabia que tinha pais que nunca o machucariam, e que tudo que tinham para ele, era um amor de tamanho infinito. O menino chegou em casa e abraçou seus pais, que retribuíram o abraço com beijos e sorrisos.’

Assim que Eleonora terminou de ler, se desmanchou em lágrimas, sem entender porque toda família foi se degenerando, pouco a pouco, até não sobrar ninguém que pudesse contar este porquê.

Eleonora se retira do quarto sem ler a contracapa do livro.

‘Miller tinha razão. Esta história é ilusória e não me ajudou em nada.’”

Quando Eddie terminou a história, as críticas vieram. A menina mais nova se engajou e disse:

– Essa foi a história mais sem graça que já escutei.

Assim, Miller aparece com a frase de desfecho:

– Talvez eu possa lhes contar melhor.

Larissa Stein
Enviado por Larissa Stein em 11/07/2012
Reeditado em 10/09/2013
Código do texto: T3772367
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.