Corpo Sem Alma
 

     Duas horas da tarde. Marcelo resolve sacrificar um cachorro conectando-o ao seu experimento que se baseava na captação de ondas cerebrais. Seu armazenamento em um programa que interpretava e colocava os dados em células dentro do programa classificadas como neurônios, que recebiam continuamente os impulsos elétricos da cobaia e as distribui a partir de sua característica específica em células exclusivas. Os impulsos partiam em sinapses de seus dendritos vindos de milhares de outras células. O experimento de Marcelo exercia a comunicação entre as células através do corpo da célula até a uma zona chamada a zona de disparo, que proporcionava a continuidade do processo de condução de impulsos nervosos para o corpo e adaptava à condução ao corpo do programa.
          A complexidade do experimento não se descrevia apenas no processo de transferência de impulsos elétricos, tratava-se da transferência de um corpo físico para um corpo digital distribuído em uma forma de animação digital alto-geradora de suas formas e de consciência única proveniente do corpo físico.
          Marcelo ligou o seu equipamento. Seu cachorro começou a perder os sentidos e ele pode ver, através da tela de seu computador, a transferência sendo realizada. Passado alguns minutos Marcelo colocou um aparelho que o ligava ao programa. No ambiente virtual que criara ele começa a chamar pelo cão, ao longe Marcelo pode perceber uma forma se aproximando até chegar próxima ao ponto de revelar-se uma aberração. Marcelo se desconecta rapidamente em completo assombro. Observa ao lado o cão completamente vazio de vida.

Dois anos se passaram


     O pai de Marcelo se encontrava em um hospital. Seu prognóstico causava medo a todos os seus parentes. Marcelo observava o caso, imaginando que poderia utilizar seu pai como o seu primeiro experimento.
          O pai de Marcelo entra em coma. Marcelo aproveitou, em uma visita, para trazer o seu transportador portátil de energia sináptica. Colocou em seu pai e acionou o instrumento. Passado alguns minutos Marcelo foi para a sua casa e conectou o equipamento em seu equipamento encapsulador de almas. Na memória de Marcelo se encontrava a experiência com o cachorro. Mas ele não poderia deixar de tentar, pois o seu pai se encontrava em coma e agora, em acordo com a sua teoria, estava em uma cama sem a alma.
          Marcelo acionou o equipamento e acompanhou a energia passar para seu computador. Colocou o equipamento de conexão ao computador e esperou o pior. No ambiente formado pela mente de seu pai se encontrava várias pessoas circulando e uma grande lanchonete. Marcelo entrou na lanchonete, observou no fundo um homem comendo tranquilamente. Marcelo se aproximou e seu pai se levantou, com um longo abraço lhe perguntou o que fazia ali. Marcelo inventou uma história enquanto chorava compulsivamente. O pai de Marcelo o convidou a sentar, mas Marcelo se retirou e na rua retirou o aparelho.
     Marcelo ficou satisfeito, acreditava que encontrara um caminho para a alma. Determinado a acabar com a massa disforme que se encontrava em estado de coma ele liga para o hospital a fim de se orientar sobre o procedimento que deveria tomar para desligar os equipamentos, mas ele recebe uma notícia:
          - Senhor Marcelo o seu pai despertou.
          Marcelo correu para o hospital. Ao chegar ele foi parado por um médico que o alertava sobre uma mudança no comportamento de seu pai. Ao entrar no quarto de seu pai percebeu um indivíduo completamente desorientado. Como uma criança o seu pai mal sabia suportar a luz do sol. Para todos os efeitos o seu pai acabara de nascer. Marcelo observou a cena e em seu interior imaginou que captara toda a informação que continha no cérebro de seu pai menos a sua essência, o primeiro pingo de vida. Entretanto ele confiava em solucionar o caso.

Passaram-se dois meses.


          Marcelo corria satisfeito ao lado de seu pai. Ele contava sobre a sua readmissão no escritório de advogados e a sua promoção a Vice-Presidente. Em um dia de sol forte, na orla marítima, ao som das ondas batendo na areia, Marcelo sorria e abraçava o seu velho. Marcelo parou em um quiosque com seu pai. Ambos pediram um cachorro-quente e começaram a degustar. Ao longe Marcelo escutava uma voz, parecia que seu pai não percebia. Marcelo pediu licença para seu pai e correu para próximo às areias da praia. Lá ele pode escutar a voz com mais intensidade: - Consegui!
          Marcelo retirou a sua conexão com o computador e correu para o banheiro de sua casa. Ao entrar pode observar o seu pai sorrindo e mostrando-lhe um papel higiênico sujo. Depois de várias tentativas ele conseguira ir pela primeira vez ao banheiro.

Fim.


Conto Inspirado:

Inspirado no filme avatar.
Inspirado segundo a religião milenar hindu em avatar.
Inspirado no filme Galáctica (Cylons) de 1978 e reeditado em 2003.

A natureza e a origem dos cylons diferem grandemente entre a versão original do século XX e aquela exibida a partir de 2003. Na primeira série, a principal versão dos cylons era o centurião com sua armadura brilhante (referência a Darth Vader de Star Wars) e o único olho, que emitia um brilho vermelho (efeito que depois seria visto no carro negro do seriado Knight Rider, conhecido no Brasil como A Super Máquina).
Não ficava claro se eram répteis com armaduras ou androides, ciclopes. Ambas as versões são também apresentadas nos livros derivados do antigo seriado. Entretanto, no seriado, o chefe supremo dos cylons parecia um réptil, sempre mostrado em tomada quase de costas, sentado em seu trono.
Já no seriado atual são claramente andróides que se rebelaram contra seus criadores humanos e depois evoluíram para a forma humanidade. Esse recurso de enredo criou um novo atrativo para os fãs: descobrir que tripulantes da Galatica poderiam ser cylons infiltrados, uma vez que assumiram a forma humana. (Fonte Wikpédia)

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Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 28/06/2012
Reeditado em 30/06/2012
Código do texto: T3750112
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