Desaparecidos

Um cheiro forte de éter a incomodava, ainda meio sonolenta tentava se levantar mas sem sucesso, sentia as pontas dos dedos formigar e mal conseguia abrir os olhos uma voz distante a chamava.

- Acorda querida, o doutor já vem te atender...

Não conseguia ver o rosto nítidamente mas com certeza era uma mulher, ao abrir os olhos percebeu que estava amarrada em uma daquelas macas de metal em uma sala iluminada de azulejos brancos e uma luz forte em seus olhos, escutava vozes que não conseguia reconhecer.

- Doutor precisamos fazer o transplante de coração urgente, ou a paciente não vai resistir.

- Quanto tempo ainda temos?

- Menos de duas horas.

- Então prepare a sala de cirurgia, verifique se podemos aproveitar mais algum orgão.

- Estará tudo pronto em 20 minutos doutor.

Uma confusão de pensamentos passava em sua cabeça, Carla sempre foi uma pessoa saudável, não tomava nenhum tipo de remédio e nem se recordava da última vez que tinha sentido dor de cabeça.

- O que aconteceu comigo? - perguntou Carla a enfermeira ainda sem conseguir ver seu rosto nítidamente.

- Nada querida você está ótima, descance hoje é seu grande dia. – disse a enfermeira num tom amigável.

- Transplante de coração? O que aconteceu com o meu coração? O que eu estou fazendo aqui?

- Sim, transplante de coração, não aconteceu absolutamente nada com seu coração ele bate perfeitamente, sabe Carla você é uma menina de muita sorte goza de uma saúde de dar inveja a qualquer um, por isso que está aqui veio ajudar uma menina que não teve a mesma sorte que você.

- Como assim? O que eu posso fazer por ela? Porque eu estou amarrada? Quem é a menina? Porque eu não me lembro de nada? – Perguntou Carla assustada.

- Calma , calma querida, você precisa descançar não pode ficar nervosa ou pode atrapalhar todo o procedimento – disse a enfermeira calmamente.

- Por favor me solte eu quero ir embora,não quero ficar aqui.

- Não posso fazer isso, querida, você não pode sair daqui sem completar o procedimento.

A calma da enfermeira ao falar começou a deixar Carla mais nervosa, que começou a gritar por socorro.

- Pode gritar ninguém vai vir te ajudar, mas se quer um conselho poupe sua garganta que vou te contar direitinho tudo o que aconteceu. Disse a enfermeira colocando alguma coisa no soro.

- O que é isso?

- Só calmante, você vai precisar...

- Porque vou precisar?

- Nossa quantas perguntas você já vai saber de tudo, bom vamos lá como eu mesmo disse, você está aqui para ajudar uma garota aliás ela lembra um pouco você mesma altura, mesmo peso... pobrezinha ela está muito doente, ela sofre de uma doença no coração e precisa com urgência de um transplante e você é a pessoa certa para ajuda-la tem um coração forte uma saúde de ferro e é isso hoje.

- Como assim? Eu não posso ajuda-la eu vou morrer se fizer isso. Disse Carla com uma voz alterada.

- É querida vai sim. Mas pense pelo lado positivo vai salvar uma vida aliás pelos exames que eu fiz vejo que seus rins, fígado e córneas estão em perfeito estado, portanto também serão aproveitados. Disse a enfermeira com uma voz doce.

- Não eu não quero ajudar ninguém, por favor me deixe ir, não faça nada comigo.

- Não seja egoísta querida, veja quantas pessoas você ajudará , eu seria uma assassina se deixasse você ir. Disse a enfermeira dando uma risada.

- Por que eu? Por que ajudar essas pessoas? O que eu fiz a vocês? Como vim parar aqui?

- Você tem uma saúde ótima esse é o motivo de estar aqui, essas pessoas são muito ricas e como você pode imaginar a fila para fazer transplantes é enorme e algumas pessoas não resistem e morrem e para não acontecer isso eles compram os orgãos de pessoas saudáveis. Não se culpe meu amor você não fez nada conosco estamos apenas seguindo as regras do sistema.

- Socorro, me ajudemmmmmmmm, socorrooooooooooo – Gritava Carla desesperadamente.

- Já disse ninguém virá te ajudar, estamos em local isolado, fique calma o transplante começará em 10 minutos.

- Por favor me ajude eu não quero morrer , eu imploro - pedia Carla chorando.

- Já disse querida não posso, vamos o doutor está nos esperando.

A enfermeira empurrou a maca por um longo corredor escuro, até chegar uma sala bem maior que anterior, Carla pode ver outra maca com uma pessoa, a garota deduziu... havia umas 6 talvez 7 pessoas na sala todas com roupas especiais era uma sala cirurgica como qualquer outra, como aquelas que já havia visto na TV, aos poucos Carla se sentia sonolenta, mal conseguia manter os olhos abertos o calmante injetado começou a fazer efeito a última coisa que viu com seus próprios olhos foi uma figura masculina com roupas de médico até adormecer eternamenamente.

Jornal Matinal

Cresce o número de desaparecidos na região metropolitana, já são 8 esse mês, dessa vez foi uma estudante. Carla Vieira Costa, 23 anos, estudante de direito foi vista pela última vez na Boate Sky aonde festejava o aniversário de uma amiga, se tiverem alguma informação entrem em contato pelo número 3286-6963.

Leonardo Coutinho Silva
Enviado por Leonardo Coutinho Silva em 07/06/2012
Código do texto: T3711761
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