* DAMIEN DARKHOLME: ABISMO
Sempre senti esse abismo, esse precipicio em mim, um imenso vácuo. Sempre fui luz e trevas, um castelo assombrado por fantasmas, monstros, criaturas da noite, sempre fui estranho, ao meu olhar, e aos olhos alheios. Mas nunca fui isento de paixão e desejo, uma paixão e desejo encarnado, que inflama, ardente e incandescente, que flui sob a pele, como pudesse escorrer pelos dedos, tingindo de sangue, como vinho escorrendo sob a pele. Sim, eu sou estranho, oculto nas sombras, sob a penumbra da noite mais densa, entre tempestades e tormentas, eu sou assim, uma dor interminável, intensa e intima, que corrompe meus sentidos em desejos lascivos, em sonhos que anseio por viver em detalhes, revelados em contextos sombrios e soturnos. Sim, eu sou assim, fome e sede, de uma luxuria e volúpia, encarnada na alma e no coração, que rende e domina, macula o sagrado, provoca o profano, de sonhos e pesadelos, que permeia minha mente, instiga e eriça sentidos em busca de prazer. E sou assim, escuridão, sombras, medo e desejos, receios incorporados sob a pele, que arde intensa e luxuriosamente, em busca de prazer. Sim, eu sou sentidos, visão, audição, olfato, tato, paladar, sou a mais intensa sombra, a mais profunda escuridão. Eu sou força, que emerge na noite escura, a procura, em busca de algo que nunca encontro, mas procuro em seu olhar, além do que pode ser visto, revelado em tudo que é sentido, despido sem pudor, em êxtase entre profano e sagado. Eu sou você, intima e cúmplice de mim, de pensamentos e desejos, de sonhos e medos, que arde sob a pele, que inflama indecente, em um querer que respira sôfrega e ardente, que suspira ansiando por encontrar além de você, em mim. Sou seus olhos além de você, seu cheiro, seu gosto, suas marcas e cicatrizes, sou solidão e companhia, sou silêncio e o grito que ecoa nos labirintos de sua alma e coração. Sou olhar que tudo pode ver, sou olhar que tudo pode sentir, olhar que tudo de você revela e inspira, provoca e instiga, sou reflexo de você formado de luz e sombras. Sou aquilo que você procura, e aquilo que encontra você.
* Damien Darkholme