CONTO – O amor a tudo supera...
CONTO – O amor a tudo supera -- 15.05.2012
A Glorinha vinha de família paupérrima lá do interior mais longínquo do seu Estado, o Piauí, terra de gente guerreira e forte, além de sumidades em matéria de cultura; era uma moça muito linda e esteticamente maravilhosa, um chuchu pra homem nenhum botar defeito.
Por obra unicamente do destino, quando regressava de sua aula do curso secundário, andando suavemente pela estrada até certo ponto tranquila, já quase chegando a casa, eis que fora atropelada por um luxuoso veículo que vinha em disparada e sem o menor cuidado com os transeuntes. O acidente fora tão rápido que ninguém anotara a placa do automóvel, nem a cor e nem a marca do mesmo, mas o tempo só deu para chamar uma ambulância para socorrer àquela pobre criatura. Todavia, a polícia fora informada, pois poderia ser fácil a localização do criminoso que conduzia aquela máquina poderosa. Nunca o caso foi esclarecido.
Na verdade, o veículo ia com duas pessoas, o motorista, doutor Rivaldo, e a sua querida esposa Esmeralda, uma joia de mulher, que havia sido vítima de uma bala perdida, na cabeça, no momento em que descera de seu carro, em plena luz do dia, e fora surpreendida por essa fatalidade, que está se tornando praxe aqui no nosso país, por conta da falta de responsabilidade de algumas autoridades constituídas. Vinham de Oeiras, antiga capital do Estado. Estava sendo removida para Teresina, a fim de ser submetida aos cuidados médicos de urgência. Soube-se que fora removida para São Paulo logo em seguida, mas ela não resistira e fora dada como clinicamente morta, isso depois de três meses de tratamento em Unidade de Terapia Intensiva.
Glorinha, por sua vez, fora hospitalizada, e como tinha problema sério no coração, agravado pelo pertinente acontecimento, somente haveria um jeito de se tentar a sua recuperação, qual seja com a implantação de um novo músculo cardíaco. Ora, uma garota tão pobre receber a doação de um órgão vital para quaisquer dos seres seria algo muito difícil, praticamente impossível.
O mundo dá muitas voltas. Por acaso, na ficha médica da paciente Esmeralda constava que ela optara por doar todos os seus órgãos possíveis a familiares necessitados. Daí veio na lembrança daquele azarado motorista o tal atropelamento de que fora culpado, mas que havia perdido a noção do tempo e deixou aquilo quase no esquecimento. Decidira ir morar lá pelo Rio de Janeiro, a fim de tentar esquecer tanta contrariedade, no que foi apoiado pelos seus familiares. Como médico que o era toda a facilidade encontraria aonde quer que chegasse.
Glorinha recebera alta do hospital bem no dia de seu aniversário. Reunida à família para uma simples comemoração por haver escapado da tragédia, ela e todos os seus parentes tiveram a maior e mais agradável surpresa de suas vidas, qual seja a chegada de uma carta da Central de Transplantes comunicando-lhe que ela havia sido beneficiada pela doação daquele órgão tão imprescindível à reconquista de sua saúde. Certo é que ninguém sabia de nada, mas foi justamente o tal coração que a fez reconquistar a sua existência física. Conheceram a família da doadora, mas daí a imaginar fosse a passageira daquele veículo do traumático dia do acidente era praticamente impossível.
O tempo passa, Glorinha completamente restabelecida passou a residir em Teresina. Continuou seus estudos, agora com mais saúde, de tal sorte que concluíra naquela bela capital o curso de medicina, e suas notas foram tão boas que logo fora convidada a dar aulas na faculdade local. Passara a dar plantões no melhor hospital da cidade, a fim de ganhar prática, ou seja, aplicar a teoria que aprendera na escola. Saiu-se muito bem em todas as fases da residência médica. A trabalheira era tão grande que demorava até em viajar a sua cidadezinha para rever parentes e amigos, mas nos seus planos estava a implantação de um consultório naquela localidade em um futuro bem próximo.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, apesar de toda a fartura de bens materiais disponíveis, e até de lindas beldades, verdadeiras misses, o pensamento de Rivaldo não saía do Piauí, mas precisamente daquele desastre, enfim da perda de sua esposa e do mal que fizera a alguém que nunca vira em sua vida. Mas o mundo continua a girar seja qual for a situação e as consequências. Isso fez com que ele arrumasse malas e bagagens e voltasse para a capital piauiense, onde se instalara, com todo o seu prestígio e alta capacidade, no mesmo hospital onde labutava a esplendorosa Glorinha.
Continuaremos na próxima parte, a fim de não cansar os leitores.
Ansilgus
Em construção/revisãoPor obra unicamente do destino, quando regressava de sua aula do curso secundário, andando suavemente pela estrada até certo ponto tranquila, já quase chegando a casa, eis que fora atropelada por um luxuoso veículo que vinha em disparada e sem o menor cuidado com os transeuntes. O acidente fora tão rápido que ninguém anotara a placa do automóvel, nem a cor e nem a marca do mesmo, mas o tempo só deu para chamar uma ambulância para socorrer àquela pobre criatura. Todavia, a polícia fora informada, pois poderia ser fácil a localização do criminoso que conduzia aquela máquina poderosa. Nunca o caso foi esclarecido.
Na verdade, o veículo ia com duas pessoas, o motorista, doutor Rivaldo, e a sua querida esposa Esmeralda, uma joia de mulher, que havia sido vítima de uma bala perdida, na cabeça, no momento em que descera de seu carro, em plena luz do dia, e fora surpreendida por essa fatalidade, que está se tornando praxe aqui no nosso país, por conta da falta de responsabilidade de algumas autoridades constituídas. Vinham de Oeiras, antiga capital do Estado. Estava sendo removida para Teresina, a fim de ser submetida aos cuidados médicos de urgência. Soube-se que fora removida para São Paulo logo em seguida, mas ela não resistira e fora dada como clinicamente morta, isso depois de três meses de tratamento em Unidade de Terapia Intensiva.
Glorinha, por sua vez, fora hospitalizada, e como tinha problema sério no coração, agravado pelo pertinente acontecimento, somente haveria um jeito de se tentar a sua recuperação, qual seja com a implantação de um novo músculo cardíaco. Ora, uma garota tão pobre receber a doação de um órgão vital para quaisquer dos seres seria algo muito difícil, praticamente impossível.
O mundo dá muitas voltas. Por acaso, na ficha médica da paciente Esmeralda constava que ela optara por doar todos os seus órgãos possíveis a familiares necessitados. Daí veio na lembrança daquele azarado motorista o tal atropelamento de que fora culpado, mas que havia perdido a noção do tempo e deixou aquilo quase no esquecimento. Decidira ir morar lá pelo Rio de Janeiro, a fim de tentar esquecer tanta contrariedade, no que foi apoiado pelos seus familiares. Como médico que o era toda a facilidade encontraria aonde quer que chegasse.
Glorinha recebera alta do hospital bem no dia de seu aniversário. Reunida à família para uma simples comemoração por haver escapado da tragédia, ela e todos os seus parentes tiveram a maior e mais agradável surpresa de suas vidas, qual seja a chegada de uma carta da Central de Transplantes comunicando-lhe que ela havia sido beneficiada pela doação daquele órgão tão imprescindível à reconquista de sua saúde. Certo é que ninguém sabia de nada, mas foi justamente o tal coração que a fez reconquistar a sua existência física. Conheceram a família da doadora, mas daí a imaginar fosse a passageira daquele veículo do traumático dia do acidente era praticamente impossível.
O tempo passa, Glorinha completamente restabelecida passou a residir em Teresina. Continuou seus estudos, agora com mais saúde, de tal sorte que concluíra naquela bela capital o curso de medicina, e suas notas foram tão boas que logo fora convidada a dar aulas na faculdade local. Passara a dar plantões no melhor hospital da cidade, a fim de ganhar prática, ou seja, aplicar a teoria que aprendera na escola. Saiu-se muito bem em todas as fases da residência médica. A trabalheira era tão grande que demorava até em viajar a sua cidadezinha para rever parentes e amigos, mas nos seus planos estava a implantação de um consultório naquela localidade em um futuro bem próximo.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, apesar de toda a fartura de bens materiais disponíveis, e até de lindas beldades, verdadeiras misses, o pensamento de Rivaldo não saía do Piauí, mas precisamente daquele desastre, enfim da perda de sua esposa e do mal que fizera a alguém que nunca vira em sua vida. Mas o mundo continua a girar seja qual for a situação e as consequências. Isso fez com que ele arrumasse malas e bagagens e voltasse para a capital piauiense, onde se instalara, com todo o seu prestígio e alta capacidade, no mesmo hospital onde labutava a esplendorosa Glorinha.
Continuaremos na próxima parte, a fim de não cansar os leitores.
Ansilgus
Qualquer semelhança será mera coincidência