Costurar... (nanoconto)
A sinceridade é o seu maior defeito! Como que é? Ser sincero é defeito? Pois é, Rose está sempre solitária. Morena da pele cor de jambo, lábios carnudos, olhos negros em um rosto emoldurado por cabelos bem cuidados. Bem! A sua última opinião sincera deu à amiga Suelen... Rose trabalha em um atelier de vestidos de noiva. A moça é referência nas maisons de alta costura por desenhar vestidos e acessórios para celebridades. Suas noivas fogem do tradicional. A inspiração de cada coleção é marcada por modelos diferenciados. Os modelos desfilam vestidos: tomara-que-caia curtíssimo ou um longo com muita transparência, ou, ainda, um corset de renda em uma mini saia balonê. Tecidos como shantungs, organza, tafetá furta-cor de cores lisas e metálicas. Decotes profundos, ombros nus valorizam os vestidos nos croquis feitos por ela. Rose não fazia contato com as clientes, exigência do patrão. O motivo? Sua sinceridade... Para uma cliente mostrou o desenho e disparou: "Este é o modelo para afinar a sua silhueta e alongá-la." Outro caso marcado por sua sinceridade virou motivo de riso em todas as maisons. Quer saber? Vou contar! Ela disse: com todas as letras à uma celebridade do meio artístico. “Desenhei este modelo em corte império, isto é, acinturado abaixo do seio para deixá-la o mais confortável, pois mesmo grávida vai ficar elegante como qualquer noiva.” A sua sinceridade, a escondeu no fundo do ateliê. Desenhou o croqui de Suelen e a chamou para avaliar. A amiga gostou. Ficou em dúvida com a cor do tecido... Pensa e não consegue decidir. Rose opina: "Faça em chantung preto." ""Preto?"" "Pois é, sendo o noivo trinta anos mais velho, logo, logo..., você vai ficar viúva."