O INÍCIO DEPOIS DE UM FIM
Os constantes calafrios que eu sinto agora é diferente e ao mesmo tempo encantador. É algo tão presente, fugaz, pois já havia vivenciado e sentindo antes a sua verdadeira magnitude. Seja nos sonhos, na leveza eterna das dimensões invisíveis e na fantasia insana de minha mente. Enquanto fecho os olhos, eu sinto aquela energia que a tanto não saudava. Pois apesar de tudo, os seres que o diga. Mas agora eu sei que eles estão aqui, bem próximo de mim. No frio enigmático cortando os canteiros das árvores ao meu redor, nas frestas das colinas sombrosas sobre o horizonte, e no entardecer do dia nebuloso.
Escuto os sons de notas místicas soando a espreita, enquanto eu galgo de prontidão pela floresta com minhas vestes um tanto medievais - pra quem já está acostumado a muito com roupas contemporâneas-, que esvoaçam pelo vento em poupa. Fico atento ao meu redor, olhando para os galhos das árvores extensas acima de mim e nas nuvens acinzentadas vagando pelo céu majestoso de nossas glórias.
Enquanto eu piso por entre as folhas secas e porosas de um outono esquecido, começo a ouvir sussurros desafiadores de vozes fantasmagóricas bem próximas dali. Vozes infantis num conjunto de um coral gregoriano mesclado com o som de clarins de instrumentos desconhecidos. Alguma coisa parecida com flautas feitas com bambus vindas de outro reino, harpas acalentadas por assobios constantes a fim de querer atrair alguém, e um violoncelo que a princípio eu não soube muito bem identificar seus rangeres.
Mas acima de tudo, eu não preciso explorar tudo pra tentar descobrir o que é essa onda incessante que marca presença depois de tantos anos. Sei que estou nas terras inabitáveis de Fifetz, e sei que esses novos acontecimentos é a volta de uma nova era. O sinal de que tudo está voltando a ser como antes, bem mais fascinador. Bom... já era de se esperar depois que os segredos foram revelados naquela noite há dez anos atrás, com acontecimentos que foram cessados brutalmente. E isso apenas por se tratar de invadir uma casa perto de meu colégio, habitada por seres de luz há décadas atrás, em uma corte cujo seus habitantes eram rastejados e torturados cruelmente pelas protuberâncias infortunas de um demônio. E além do mais, ser alvo do espírito de um garoto que procurava uma insígnia de valor místico e mágico, não é nada fácil. Presumo e percebo que as coisas por aqui realmente se tornaram diferentes, depois que tudo encontrou o seu caminho. Era o que eu já esperava, pois eu estou muito feliz por ter voltado e agora estar enxergando essas linhas astrológicas de novo, mesmo sabendo que Molly e Kim não estão aqui comigo nesse instante, como haviam estado naquele dia. O único jeito agora é descobrir de onde essas vozes estão vindo. Mas pelo facho do brilho que estou conseguindo enxergar agora, me parece que uma nova força está surgindo, pois a ponta estendida da armação de um circo entre a extensão da floresta enevoada, cujo uma bandeira empoeirada e rasgada como um traje de espantalho velho e escancarado, fala por si só. E o último som de uma voz bem mais fina, me trouxe a sensação de que o caminho para as novas forças cósmicas e um novo começo está aberto. E realmente é o início de uma nova e exuburante era.