A CASA 453

A família Nascid era uma velha conhecida de adeptos as noitadas de magia, muito poderosa, por sinal. Eles se reuniam no quintal da Mansão dos Horrores, uma casa assombrosa, na Rua Said Ucher, 453, no Estado do Ceará, na famosa capital Fortaleza. Terra do sol e mar. A loura do Nordeste, do País chamado Brasil. Região esta conhecida pelas duas estações de ano. O inverno e o verão. Todos que ali transitavam, paravam por medo, ou por curiosidade, para observar a casa que era pura energia do mau.

Sua entrada era sinistra, um portão enorme de ferro enferrujado pelo tempo, aberto sempre, todos entravam e saiam, sem serem convidados. As paredes eram de um tom cinza, sem cor e sem brilho. O azulejo desprendendo das paredes, por minutos, na frente da casa. Era muito bem dividida. Tinha duas salas, a de estar e a de jantar. Nelas acontecimentos eram programados e executados. As conversas junto a TV, eram o deleite das tramóias e execução de vinganças. Muitas vezes, choradas no sofá gasto pelo tempo. As refeições eram executadas, dentro do horário, estabelecido pelo patriarca da família e servidas no dia-a-dia, por uma fada Madrinha. Por sinal, uma senhora grisalha e muito bonita, apesar de triste. De uma pele sedosa, que se encontrava enrugada pelo tempo. Sua vida se resumia em satisfazer sobrinhos netos, em tudo. Uma verdadeira mãe para todos. O fato era que a mãe de verdade, não se dava ao luxo de sair de sua pose, para satisfazer os filhos e filhas. Apesar ter a sua preferência. Os filhos homens. Possuía também quatro quartos espaçosos. Um só para o casal, o melhor e mais amplo, e os outros restantes, para toda a família. Irmãos e irmãs e nossa Madrinha. Existia também um corredor escuro e estreito que dava passagem para a cozinha. E por incrível que pareça, um só banheiro, que atendia aos 13 habitantes enclausurados, desse lar horrendo. Só uma coisa era unanime para todos. O medo que existia na casa e estampado na cara de todos.

Começo então, falando das sessões de magia, que existiam ou continuam a existir. O mistério predomina. As sessões se passavam, às sexta-feira, no interior da casa 435. Um ritual macabro. Mais esta que, estou a lembrar, se passou no dia 13 (treze) de dezembro de 1991. Tudo parecia transcorrer normal. Os participantes foram chegando, uma a um. Todos eram unanime em pressentir que, alguma coisa iria acontecer, neste final de dia. Sem nenhuma explicação, esse final de sessão, foi diferente. O tempo contribuía, para este mistério. O céu claro ficou totalmente escuro. As nuvens que pareciam limpas, ficaram carregadas. Formou-se uma tempestade. O inicio do maldito inverno, e com ele as fortes chuvas, que teimava em cair, neste mês. De novo, os desabrigados reclamando junto às autoridades. O forte alagamento das casas e ruas. A casa 453 principalmente, todo ano, a mesma coisa. A casa estava situada no centro da rua. Na circunferência das águas A falta de abrigo. O ar gélido da noite funesta. Uma lua envergonhada, que começava a surgir atrás das nuvens. O medo e a escuridão, predominava, e o sibilar do vento entrecortado, tornando a paisagem, mais sombria e melancólica da noite fria de maldades, era ouvido por todos. Ao longe o pio da coruja, avisando que o fim estava próximo. Até mesmo o cão da família, Leslie, que era muito calmo, começava a latir freneticamente, pressentindo o mau vindo, ao longe, com seu uivo ensurdecedor.

Os adeptos da magia negra, que sempre se achavam impunes, perante a sociedade. Agora permaneciam quietos. Prevendo a descoberta de tudo e de todos. Inclusive dos vários assassinatos. Começou então, a agonizante luta dos moradores da casa 453, pela sobrevivência. No momento, encontravam-se com os corações, a beira de um colapso nervoso. O inesperado veria. A descoberta dos corpos de pessoas inocentes, enterrado, na casa453, no quintal e na cacimba. Dez ao todo. O cheiro forte exalava no ambiente carregado. Os cadáveres já se encontravam em estado de putrefação.

A casa da Rua Said Ucher, 453, que sempre foi um local perfeito para a prática do ocultismo. Agora poderia ser descoberta.

Neste exato momento. O telefone toca incansavelmente. Ninguém se move em direção ao telefone, para atender. Ficam parados e atônitos. Uma pergunta no ar, quem será nesta ligação? E o que ela nos trará? De repente, só o bip da secretaria eletrônica e depois, um recado é deixado. Dez cadáveres foram encontrados na cacimba. A justiça finalmente será feita.

O silêncio predomina na casa assombrada, como também na maior parte da cidade, diante da clareza dos fatos. O lar da família Nascid, começou a ruir. Ao longe podia se vir, uma labareda do fogo ateado, porventura por um dos participantes da seita, se alastrando. A casa 453, começa a queimar silenciosamente, junto com seus habitantes. As paredes aos poucos, começam a ruir, e o teto começa a desabar. De repente como um estrondo de um trovão. Tudo vem abaixo. Só permanecendo o entulho, misturado com o mistério. Será que a casa da Rua Said Ucher, 453, virará cinza?

A pergunta paira no ar. E os corpos que foram encontrados pela policia? Quem teria executado-os? E para onde foram os sobreviventes que, permaneceram na casa durante o incêndio?.

Ainda não terminou.

TARTAY/Abril/2012

TARTAY
Enviado por TARTAY em 03/04/2012
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