Morte e loucura-continuação
Temendo que a irmã achasse outro corretor e fizesse negócio na casa, mamãe decidiu que nos mudaríamos para Pouso das águias e quando aqui chegamos tivemos uma grande surpresa. Na casa já havia uma moradora, tia Francisca. A maldade de tia Judite foi tanta que abandonou a irmã para que essa morresse a míngua. A coitada estava trancada no quarto faminta e com frio. Mamãe cuidou dela com amor e carinho, mas infelizmente o quadro de insanidade era grave. Tia Francisca às vezes ficava furiosa, se mordia e avançava nas pessoas e por não termos condições de interna-la, nós a mantínhamos trancada no quarto. Com a morte de mamãe e com a minha prisão ela ficou abandonada á própria sorte.”
O delegado estava impressionado com a história de Richard, mas havia dúvidas a serem tiradas: - Por que vocês fizeram todos acreditar que seu pai estava vivo?
-Por causa da animosidade das pessoas em relação a nos. Mamãe temia que não a respeitassem se soubessem que era viúva.
-E como conseguiram manter segredo sobre sua tia Francisca?
-As pessoas por algum motivo tinham receio de nós, por isso não se aproximavam muito e como minha tia ficava a maior parte do tempo trancada no quarto, nunca foi vista.
-E quanto aos homicídios, você teve alguma coisa a ver com os dois últimos assassinatos?
-Não.
-Mas você foi visto próximo ao local onde foram encontrados os corpos!
-Fui apenas dar uma volta. Fazia muito tempo que eu não saia de casa e para evitar o encontro com algum morador, escolhi aquele local por ser deserto.
-Eu quero acreditar em você, mas existem muitos indícios. Pelo menos em um crime a suspeita sobre sua pessoa é muito forte. A morte do serralheiro Wilson. Afinal você era amante da mulher dele!
-Eu não o matei! No dia da sua morte nem o vi. Eu amava Karina e até lhe propus fugirmos juntos, mas ela demorou a se decidir.
-Pois não me admiraria que depois de saber que ele descobrira tudo, você o tivesse atraído á serralheria e o matado, e ainda mais sabendo que ele a havia espancado.
- Eu só soube do espancamento e da sua morte, por minha mãe, na única visita que ela me fez. A lembrança de Karina doeu fundo no rapaz e ele começou a chorar sem controle. Toda a tristeza pela perda da mulher amada, veio aos borbotões e sem importar com a presença do médico e do delegado, ele deu vazão a sua angustia. (continua) 29/03/12