Esdrúxulo- parte 3- Elipse

Esdrúxulo- parte 3- Elipse

A maldição de um amor impossível rondava-lhes as almas qual uma órbita elíptica , atraindo-os e repelindo-os ao mesmo tempo.

Vampiros desde sempre foram inimigos mortais e esse ódio veio sendo passado de geração em geração numa guerra sem fim.

Hoje as batalhas sangrentas já eram raras, uma espécie de armistício parecia ter intuitivamente afastado as sangrentas batalhas. Talvez fosse mesmo uma questão de sobrevivência diante da ameaça cada vez maior dos humanos.

Ainda assim era inimaginável um romance entre as duas castas milenares.

A guerra podia ter cessado mas o ódio ainda comandava os corações de vampiros e lobisomens uns contra os outros.

Danton e Beatrice havia sido pegos nesse redemoinho de contradições.

Como eram considerados a ralé de suas espécies nunca haviam realmente feito parte das mesmas, sua presença era apenas tolerada entre eles.

Não havia em seus peitos o sentimento de ódio que assolava os demais membros de seus clãs, mas haviam ouvido durante tanto tempo as histórias de ódio e vingança entre as espécies que uma imensa barreira emocional parecia lhes bloquear o caminho do amor que sentiam um pelo outro.

Pareciam fadados a uma tristeza infinita, a definhar diante dessa paixão proibida.

Porém, o amor tem razões que a própria razão desconhece e aos poucos a órbita elíptica que mantinham entre eles foi dando lugar a um espiral convergente, aos poucos foram se reaproximando tentando vencer o medo que ecoava em suas almas atormentadas.

Nunca haviam realmente feito parte de nada, mesmo entre os humanos não encontraram o seu lugar, o único sentimento de realização ou de partilha que sentiam era justamente a presença um do outro. Por que, então, não mandar tudo às favas e buscar viver essa nova experiência em suas vidas?

Finalmente decidiram que era hora de terem uma conversa sobre o assunto .

Marcaram de se encontrar ao por do sol daquela tarde de sábado.

Danton chegou mais cedo, ansioso por encontrar Beatrice, esta, como toda mulher , acabou por atrasar-se , conjecturando mil situações em sua mente e coração.

O sol já sumia no horizonte quando ela finalmente surgiu, mais linda do que nunca embora sua face transparecesse todo o receio e preocupação sobre os efeitos que tal encontro poderia ter sobre suas vidas.

Seus olhos se encontraram na distância que separava seus corpos, o impulso era o de jogarem-se nos braços um do outro naquele momento, sentir o calor de seus beijos e a reação de seus corpos.

A batalha em seu interior ainda não havia sido vencida, ainda carregavam em si os resquícios dos preconceitos existentes entre as espécies.

O bater acelerado de seus corações era a prova mais cabal de tanta dúvida e tanto desejo que se degladivam em seus peitos juvenis.

O lusco fusco do por do sol foi dando lugar à noite e a lua foi se alteando no céu.

Os seus lábios pareciam selados, nenhuma palavra conseguia ser dita naquele momento. Havia tanto para se conversar, para se dizer, para se discutir...mas as suas vozes pareciam morrer na garganta.

Apenas os olhos se falavam, apenas os olhares a trocar amor e angústia sem fim.

continua....