DIÁRIO DE UM SERIAL KILLER

DIÁRIO DE UM SERIAL KILLER

Jorge Linhaça

A fome, essa fome avassaladora que consome a minha alma, é ela que guia meus passos quando saio em busca de novas vítimas.

Não sou um canibal, nem um devorador de órgãos humanos, é o cheiro, o cheiro da morte que me inebria, o cheiro do sangue fresco, para mim, é o mais delicioso dos perfumes.

Não foi matando que tive a primeira experiência com esse meu vício, foi acidental, senti o cheiro do sangue fresco misturado com a morte durante um acidente automobilístico, não sei explicar como e nem porque, mas esse cheiro de morte e sangue penetrou-me as narinas de tal maneira que fiquei inebriado. Enquanto os demais sentiam horror eu senti um extase tamanho que se apoderou de minha alma dando-me um prazer inexplicável.

Claro que procurei lutar contra isso, achando-me um verdadeiro monstro e carregando comigo tal culpa por muito tempo. Mas veio a fome, a fome de cheiro, a fome macabra que corrói minha alma até que eu por fim a satisfaça.

Tornei-me um caçador, matando animais vadios e sentindo o cheiro da morte se aproximando... Quanto mais eu matava menos sentia os efeitos da aproximação da morte, passei então a tortura-los lentamente prolongando o meu prazer sádico até que ficou fácil demais.

Hoje eu caço à noite, nos bairros escuros, caço pessoas esquecidas pela sociedade, aqueles cuja ausência não incomoda ninguém.

Lembro-me de minha primeira prostituta, uma bela jovem ávida por alguns reais, não foi difícil atraí-la para minha armadilha mortal.

Apanhei-a em uma das ruas onde elas fazem ponto e levei-a para o meu matadouro particular. Ela sequer desconfiou do destino que a aguardava até que já era tarde demais. Continua...