Quando a morte convida á se deitar
A lua se põe, a noite é obscura e fria. Nenhuma estrela no céu anunciando brilho. Somente o negro da saudade, o negro lado da alma. Nesta gélida noite dorme a pequena Lizzie. Em sua cama, ela vira de um lado para o outro tentando buscar sua paz para poder descansar, porém quanto mais ela se contorcia mais frio ela sentia. Morava ao lado do cemitério mais conhecido da cidade. A garota se levanta com sua camisola branca, e caminha em direção ao cemitério. As portas se abrem como se estivessem convidando a moça a entrar. Lizzie entra em um sono profundo, pode escutar todas as vozes daqueles que foram obrigados a serem calados com o tempo, por justiça ou por falta dela. A terra que cala aqueles que gostariam de ter vivido mais. Ela caminha sobre á fria terra descalça, sente todo aquele ambiente, respira á morte. Toda noite era a mesma coisa, a garota tinha um pesadelo e caminhava até o cemitério. O coveiro que ali habitava sempre se assustava com a menina, sua filha. E á enrolava em seus braços e á colocava na cama.
Isso era diariamente. O pai da menina um dia então, resolveu lacrar a porta do quarto.
E mais uma vez, a cena volta a se repetir, a garota começa a se enrolar nos lençóis não agüentando aquela agonia que á rodeava todos os dias. Algo a incomodava. Ela se levantou e foi até a porta de seu quarto, não conseguindo abri-la entrou em desespero, começava a se rodear pelo quarto, aumentando a respiração de uma maneira lenta e brava. Logo o vento forte abre a janela, balançando as cortinas. A garota se dirige á beira da janela, desperta de seu sono, e em um impulso se joga do 6º andar.
Vozes, gritos e sussurros tomaram conta do lugar. A garota estava linda, com um semblante feliz, deitada á poça de sangue. Choros, piedades e indignação eram tudo o que era pregado ali. Logo as portas do cemitério se abriram a morte pegou na mão da pequena Lizzie, e caminhou com ela como todos os dias só que desta vez as almas eram todas visíveis, ela podia ver todos, falar com todos, todos estavam esperando ansiosos pela chegada da menina. Que foi convidada pela morte todos os dias á se livrar do mal que á corroia todos os dias. Ela mesma.