O Tesouro de Rod Brent - Cap. 3
Um sorriso terno, provindo de um rosto feminino encantador foi a recepção de Lauren aos dois rapazes. A filha de Lee Thompson era realmente bonita. Sam a vira quando menina. Provavelmente não se lembrava mais dele e foi o que ficou provado na apresentação de Jody. Lauren acabara de completar dezoito anos e a paixão por Jody era antiga. Desde os treze o cortejava e aos quatorze conquistara o seu coração; e parece que para valer, a julgar pelo noivado que já durava mais de um ano e a promessa de casamento para muito breve. Entraram e, após algum tempo de conversa animada à mesa e o degustar da sopa quente e apetitosa prometida por Jody ao amigo, Sam foi conduzido aos seus aposentos no segundo andar da casa. E, vinte minutos depois, já estava entregue a um sono calmo e profundo.
O bar de Larry era o mais frequentado e animado de Desert Hills. Havia de tudo. Excluindo-se a prostituição, o que não era permitido pela casa, mesas repletas de jogadores, mulheres bonitas e canecas de chope gelado eram lugar comum por aqui. Ao fundo, no primeiro piso, dois homens conversavam e suas vozes não eram ouvidas por mais ninguém a não ser por eles mesmos. Eram os dois sujeitos da perseguição aos rapazes. Sentados à frente de sua enorme caneca de cerveja, Kurt desabafava:
- Fui tolo e idiota ao me aproximar muito do seu cavalo. Jamais pensei que tivesse aquele tipo de reação; ele é realmente muito ágil e esperto e me atacou como um raio, sem que eu percebesse. Você pode achar que estou exagerando; além disso, conhece minhas qualidades de um bom lutador. Pois ele me venceu; por isso não vejo a hora de por as mãos em cima daquele desgraçado novamente.
- Não duvido do que está falando - respondeu o outro. Vi com meus próprios olhos a forma rápida e certeira como derrubou Brad do seu cavalo; o tiro foi no peito e ele morreu instantaneamente.
-O que acha que devemos fazer? - Perguntou Kurt, virando a garganta um grande gole de sua bebida.
- Pressinto que está com medo daquele cara depois do que ele fez contigo lá no deserto.
-Vou mostrar a você se estou com medo.
-Vamos ter primeiro que encontrá-lo. Aí você me mostra do que é capaz.
Mal acabara de falar essas palavras, entra no bar Sam, acompanhado de seu companheiro Jody.
-Larry! Duas cervejas, por favor - falou Jody logo que se aproximaram do balcão. Sam já havia percebido o homem assim que surgira com Jody na porta do bar e só agora comenta com o amigo.
-Ele está aqui.
-Quem está aqui; do que está falando? - O rapaz perguntou ao mesmo tempo em que se virava, pois estava de costas, encostado ao balcão. Kurt, ao reconhecer o outro, levantou-se enquanto tocava o comparsa no braço. Adiantou-se até onde os dois amigos se encontravam.
-Então nos encontramos! Não há melhor ponto de encontro em Desert Hills do que o bar do nosso amigo; não é mesmo Larry?
-O que quer? Afinal não roubei nada seu. Apenas me defendi; foi você quem me abordou primeiro e me apontou uma arma; já se esqueceu?
-Não. É claro que não me esqueci. Como também não me esqueci dos golpes que levei e você vai ter a desforra deles agora; tome!
Dizendo isto, aplicou, de jeito, um direto no queixo de Sam. Ele não esperava essa e levou a mão no queixo dolorido. Jody, bem ali ao lado esboçou sacar a arma, levando a mão até a cintura.
-Se fizer isto vai se arrepender, mocinho. Era o companheiro de Kurt, encostando o revólver nas costas de Jody e fazendo essa ameaça. A briga continuava, com Sam levando a melhor até que, revertendo a situação, o outro consegue aplicar dois golpes seguidos e lançar Sam sobre algumas mesas atrás de si. Com a confusão formada o bar esvaziou-se completamente. Os poucos fregueses que ali estavam àquela hora não queriam se arriscar a tomarem uma bala perdida e caíram fora.
Uns saíram mesmo sem pagar o que deviam. Sam conseguiu recuperar-se rapidamente e, limpando um pouco de sangue que saia pelo canto da boca, partiu com fúria para cima de Kurt. Após errar alguns golpes, muito bem evitados com uma ginga perfeita, Sam conseguiu acertar vários socos em seguida que amoleceram a resistência de Kurt. Ele ainda tentou reagir, mas, com mais um forte golpe no estômago e outro no queixo, acabou caindo sem sentidos.
-Ele teve o que merece. Sempre foi metido a valentão - disse o comparsa de Kurt, colocando de volta na cintura o seu colt. - Jody achou muito estranha aquela afirmação do homem, mas mesmo assim perguntou:
-Quem são vocês e o que estão querendo em Desert Hills?
-Pergunte ao seu amiguinho; ele tem a resposta. - Sam se recompunha, enquanto ouvia em silêncio o que os dois diziam.
-Devia entregá-los ao xerife. O que vocês merecem é a cadeia, depois de terem assassinado um homem - disse Sam com ar de revolta.
-Preste bem atenção no que está dizendo, moço. Não tem nenhuma prova para fazer essa afirmação. - Dizendo isto, voltou para o seu lugar e sentou-se.
Os dois amigos também não demoraram muito com suas bebidas e deixaram o recinto. Já de volta à casa de Jody, sentados na varanda, entregaram-se a uma agradável conversa, relembrando fatos alegres do passado. Em dado momento Jody advertiu o amigo.
-Acho melhor retornar para Susanville, Sam. Você corre sério risco ficando por aqui. Eles sabem que você tem um segredo e não vão sossegar enquanto não armarem uma emboscada.
-Não vou ficar me escondendo, em hipótese alguma. Tenho uma missão a cumprir; prometi ao homem morto no deserto que protegeria sua mulher de Terry.
-E quem é Terry - quis saber o curioso rapaz.
-Só pode ser o chefe do bando que assassinou o infeliz. E é certo que irão atrás dela para pegarem o ouro, já que não conseguiram arrancar do marido a verdade sobre o local onde ele se encontra.
-E eles sabem onde ela vive?
- Essa é que é a minha dúvida. A preocupação do homem era que Terry matasse sua mulher para ficar com o ouro.
-Não acha que deve haver alguma história por trás disso?
-Creio que sim. O nome da mulher é Mia e o local é um tal Vale da Morte, no National Park, você conhece?
-O nome não me é estranho. Com certeza é algum lugarejozinho à beira mar. Vá até a prefeitura que obterá a localização exata. Mas se fosse você me protegeria de todas as formas; precisa tomar muito cuidado. Não quer que vá com você?
-Não, não será preciso. Fique com sua mulher. Se precisar de algo eu aviso. - Dizendo isto, levantou-se e pegou o chapéu de sobre a mesinha.
-Pelo menos até à prefeitura posso ir com você. A isto sei que não vai se negar.
-É claro que não, será um prazer.
-Então vamos, não fica longe daqui.