A Estrada da Morte

A Estrada da Morte I

Jorge Linhaça

Corria a tarde quente de verão e as luzes crepusculares já se dirigiam de encontro ao horizonte.Não tardaria o escurecer.

Talvez vinte ou trinta minutos separassem a luz das trevas a partir daquele exato momento.

Pela estradinha de terra, que conduzia à pequena fazenda onde morava, o movimento era mínimo, mas jánice já estava acostumada a fazer esse percursos algumas vezes na semana.

Enquanto caminhava ia pensando nas tarefas do dia a dia e em outras tantas que a esperavam tão logo chegasse em casa.

Imersa em seus pensamentos foi trilhando o caminho e quando deu por si , já os últimos raios de sol davam adeus por detrás do monte.

Ainda lhe restava um considerável percurso até chegar ao seu destino enquanto as sombras a iam engolindo indiferentes.

As árvores frondosas agora transformavam-se me meros vultos à beira da estrada vicinal.

Janice sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha sem saber o porquê dessa

inédita sensação. Repetidas vezes já lhe acontecera de ser surpreendida pela noite em meio ao percurso sem jamis haver sentido nada parecido.

Esse tipo de pressentimento ou sexto sentido, fez com que acelerasse o passo quase que involuntariamente, em uma reação instintiva de auto preservação. Seu coração acelerava as batidas e podian quase que senti-lo bater contra o peito e cada vez mais acelerava o seu passo.

A ausência de quaisquer ruídos à sua volta ao invés de confortá-la aumentava ainda mais o seu medo recém-descoberto.

Sentia-se observada por olhos invisíveis e começou a dar-se conta de que temia pela própria vida.Sua respiração agora ofegante ficava cada vez mais descompassada enquanto corria pela estrada em busca de uma possível salvação.

Chegara agora a um trecho do caminho onde um canavial delimitava as margens da estrada. A lua nova e a luz das estrelas de pálido brilho mal permitiam-lhe ver por onde corria.

Subitamente sentiu uam presença a poucos passos de si...num ato reflexo olhou para trás e nesse olhar, tropeçou em suas próprias pernas...seu corpo projetou-se pelo ar a poucos centímetros do chão e sua fronte chocou-se contra uma pedra.

Escuridão...foi esta a última visão de Janice em vida...

Na manhã seguinte seu corpo exangu foi encontrado por um grupo de trabalhadores que saía para a lida diária.

A Polícia foi chamada, pericias foram feitas, as investigações arrastaram-se por semanas até que por fim foram dadas por encerradas.

Até hoje permanece o mistério sobre a misteriosa morte de Janice e suas circunstâncias.