CURIOSOS PERSEGUIDORES

Estava em torno das duas da madrugada, na casa de meu amigo Paulo no Brasil, ajudando-o a terminar uma pesquisa.

Quando terminamos, me despedi e saí, pois tinha que dormir para fazer uma grande viagem pela manhã para os Estados Unidos.

Peguei a rua principal do bairro, e andei alguns metros, mas achei que pelo atalho da Rua 10 chegaria bem mais rápido em casa, então peguei o mesmo.

A Rua 10 era uma rua em que as pessoas jogavam lixo pelas ruas, não que no Brasil não fizessem isso em outras avenidas, mas na Rua 10 era simplesmente descontrolado. Imagine a esta hora que estava sem vivalma alguma.

Eu estava preocupado também com meu cachorro que quase nunca fica longe de mim e agora então ou estaria gemendo de saudades em casa ou estaria na rua me procurando a estas horas.

De repente comecei a sentir um forte e fétido odor. Possivelmente ali haveria alguns animais mortos. Parei e comecei a procurar um lenço em meus bolsos para colocar sobre a boca e o nariz. O cheiro já estava me enjoando.

De repente ouvi atrás de mim a alguns metros, o barulho de uma lata de refrigerante ou cerveja caindo no chão. Olhei para trás, mas não vi nada. Achei que fosse um gato vagabundo remexendo alguma lata de lixo. Resolvi voltar a andar.

Passaram dois minutos e ouvi agora passos apressados como alguém viesse correndo atrás de mim.

Resolvi apertar o passo já tremendo e ofegante. Parei e resolvi tirar os sapatos para correr. Os passos continuaram me perseguindo a cada metro que eu passava a correr.

Dei uma olhada rápida para trás e vi um vulto se aproximando na penumbra.

Volto a correr, e mais à frente vejo agora nas sombras uma pequena criatura que deveria ser branca, pois se não o fosse não conseguiria ver seu vulto.

Parei imediatamente ao ouvir um grunhido. Agora estava entre dois perseguidores. Talvez um assaltante correndo atrás de mim e uma criatura das trevas na frente.

E agora como eu escaparia?

Não tive escolha, peguei minha arma e me esgueirei pelas paredes esperando o que fosse que estivesse atrás de mim, ou em minha frente, e o que quer que fosse levaria um balaço.

Esperei quinze minutos e nada aconteceu. Fiquei perplexo. Já havia participado de muitas aventuras, mas desse tipo era a primeira vez.

Resolvi sair de meu esconderijo e cuidadosamente ir andando próximo à parede. Durante cinco minutos deu certo, mas logo depois ouvi novamente os passos rápidos agora bem mais perto.

Já ia correr novamente quando uma criatura pulou em cima de mim me melando de uma gosma nojenta. Eu podia sentir a criatura lambendo meu rosto e pra piorar ouvi passos pararem atas de mim.

Consegui jogar a criatura longe e ouvi um grito agudo. Peguei meu revólver e me virei para atirar quando de repente...

- Você?

- Claro que sou eu você esqueceu suas anotações lá em casa.

Era o meu amigo Paulo que tinha vindo me devolver as anotações que o tinham ajudado na pesquisa.

- Eu pensei que você fosse um assaltante ou sei lá o quê. Você por muito pouco não pegou um balaço. Você viu a criatura que me atacou?

De repente na penumbra a criatura me atacou

- Cuidado, atrás de você

Neste momento a mesma criatura voltou a me atacar e pulando em cima de mim, desta vez o segurei firme para dar uma coronhada, mas antes pude sentir um odor inconfundível que vinha da criatura e que não tinha sentido antes por causa da surpresa. Era um odor que eu estava familiarizado, pois sentia todos os dias.

Agarrei forte a criatura e foi quando constatei que era... Não, não era possível.

Era Milu meu cachorro. Ele tinha vindo se encontrar comigo, pois se sentira só em casa e quando me viu e pulou em mim eu pensei que era um ataque. Ele me lambeu o rosto para me fazer carinho e eu pensei que era um monstro. Minhas aventuras estavam me afetando mesmo.

Peguei o canino e dei beijos e abraços nele.

Como estava longe de casa ainda, Paulo resolveu me chamar para dormir em sua casa.

- Vamos, você passa essa noite lá, pois amanhã é outro dia

- Espero não encontrar nenhuma criatura no percurso, Paulo.

- Tintim! Exclamou Paulo.