O VAMPIRO

O VAMPIRO

Suelen e Jessica eram amigas de infância. Eram inseparáveis como duas irmãs. Na juventude, seguiram caminhos diferentes, mesmo assim, sempre que tinham tempo encontravam-se para colocar as conversas em dia.

Certa noite, Jessica saiu do apartamento de Suelen e notou na beleza do jovem louro que desceu com ela no elevador, ele foi também até a garagem e depois estranhamente sumiu.

Era muito alto, magro, vestia calça preta, botas pretas, seu cabelo tinha um corte moderno, e seus olhos pareciam muito fatigados, avermelhados.

Suelen já havia se encontrado com o louro várias vezes e achou coincidência Jessica ter posto os olhos nele, assim que saiu. As duas faziam piada do caso. Jessica pensava: - Será que Suelen estava interessada no louro. Suelen, pensava: - Será que a Jessica está interessada no louro?

Uma noite de sábado chuvosa, as duas estavam no apartamento de Suelen, quando a campainha tocou. Suelen olhou pelo olho mágico, e abriu a porta sem pestanejar. Era quase meia noite. Ela o convidou para entrar, ele meio sem graça aceitou sem nada falar. Jessica achou muito suspeita a atitude da amiga, abrir a porta para um estranho, aquela hora, sem cerimônia alguma.

Não teve tempo para mais nada. O louro a agarrou num abraço satânico, enquanto a amiga, lhe oferecia alguma coisa forte para cheirar. Parecia que estava nas nuvens. Anestesiada, talvez. Eles a possuíram de todas as formas que a imaginação demoníaca de um mortal pode atingir. Quando ela pensou que estava tudo acabado , ainda muito cansada, sentia-se toda rasgada, a alma em retalhos, eles lhe arrancaram as entranhas, as vísceras, os olhos, os ouvidos, e lhe ofereceram um prazer incalculável, exagerado, exigente, que a fazia urrar como se não estivesse sendo ouvida por ninguém. Ela implorava mais e mais. Eles lhe davam tudo, sugando-lhe a alma em grandes goles gulosos. Ela se retesava de gozo, sentindo em suas entranhas o esperma gelado do louro e na boca o gosto da vulva suada da amiga.

Um raio de sol penetrou pela cortina da janela entreaberta do quarto de Suelen. Ela ainda viu o corpo do louro se transformar em uma fina camada de luz prateada enquanto Suelen com a cabeleira negra esparramada por sobre seu corpo parecia abrir os olhos, até ser atingida pelo mesmo raio de sol, deu uma gargalhada e desapareceu na manhã promissora de domingo.

Jessica levantou-se, vestiu-se saiu. A manhã era bela, ela amava o sol, com seus raios fortes, somente ele poderia tirá-la daquele pesadelo. Caminhou por algumas ruas a pé, entrou no cemitério e rezou fervorosamente no cruzeiro. Subindo algumas ruas lá no campo santo ela encontrou a sepultura da amiga que fora tragada pelo vício hediondo. Com ela supostamente não aconteceria o mesmo, ela dera-lhe o que ele mais queria um ventre para ele ressurgir numa nova vida. Nove meses depois, Jessica caminhava no corredor do hospital com seu filhinho nos braços, não cansava de olhar para a penugem loura do seu rebento, e percebia que ele tinha uma espécie de sinal no meio da testa. Era uma mancha marron em forma de foice. Subitamente ele abriu os olhinhos e começou a resmungar. Queria seu seio, sua seiva, seu sangue.

Quando o menino completou sete anos, o louro voltou estava cada vez mais magro e os olhos mais avermelhados, dessa vez ele foi taxativo: - Ou cedes de novo teu ventre para ela voltar ou então partirás e não verás mais teu filho. Ela cedeu de novo só que desta vez, ele estava só, e o prazer não foi tão selvagem. Ela se rendeu, pois estava muito carente, homem nenhum poderia saciá-la como só o vampiro louro sabia fazer. Ela gerou uma menina a quem deu o nome de Prazer.

Os filhos de Jessica cresciam fortes e sadios belos com seus cabelos louros. Certa vez, Jessica o encontrou a luz do dia, e pensou que ele iria afastar-se como fazia sempre, dessa vez, ele ficou. Ele veio para perto dela e das crianças. Estavam mais fortes, os olhos não tinham mais aquele tom avermelhado. Ela sabia por quê. Ele deixara o vício e finalmente saíra das trevas para ajudar-lhe a criar a linda família que tinham construído nas trevas e nas sombras de um amor quase impossível regado a orgias onde o sexo, e as drogas ditavam os costumes.

Suelen os espionava de longe, com o tratamento na colônia espiritual estava começando a receber a luz do sol novamente.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 19/12/2011
Código do texto: T3397558
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