UM MISTÉRIO CHAMADO JORGE
Madrugada. Jorge acorda. Vai ao banheiro.Bebe um copo d’agua e volta para
seu quarto. Jorge adormece novamente. Uma hora depois,cães ladram deses-
peradamente. Jorge abre os olhos, esquadrinha os quatro cantos do quarto. Abre
uma pequena fresta em sua janela. Afasta a cortina e olha para fora. Nada vê.
Apenas o som estridente dos cães a latir de forma assustadora. Jorge tenta
deitar-se e dormir novamente. Nada. De forma alguma consegue adormecer.
Os cães não cessam seu corre-corre e seus latidos do lado de fora. Novamente
Jorge abre lentamente a janela, desta vez, da sala. Consegue avistar ao longe,
um cão branco com manchas pretas; grande, peludo e bravo.
Jorge joga um rojão pela janela acreditando que o estrondo acabará com
a algazarra dos cães. Mas, para sua supresa, apenas um breve silêncio e novamente
o barulho enfurecido e os latidos incessantes ecoavam na fazenda onde Jorge
morava sozinho. Trabalhava no plantio e colheita que servia para seu sustento
e comercialização em armazéns pelas redondezas.
Sua fazenda é um tanto isolada. Seu vizinho mais próximo mora à cerca de
quatro quilômetros.
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Aturdido por tanta algazarra, resolve sair para ver o que está acontecendo. Pega
uma lanterna grande, abre a porta, acende a luz em frente a casa e andando vaga-
rosamente segue o alarido dos cães que, por sua vez, não se importara com a pre-
sença do homem assustado com a lanterna em punho.
Jorge olha por todos os lados possíveis. Nada vê. Verifica o estábulo.Por volta
do açude. Em uma grande dispensa onde guarda seu maquinário. Enfim,por toda
proximidade da casa onde pode circundar. Nada avistou de estranho.
Jorge observava os cães em volta de uma grande árvore. Aproxima-se com
cuidado. Foca ao redor com sua lanterna, mas nada vê. Resolve, então, voltar para
casa. Mas os cães continuam ladrando desatinados. Jorge os chama.Mas os cães
não dão ouvidos a Jorge. Ele acha tudo muito estranho, mas dirigi-se para dentro
de casa um tanto assustado, mas, algo inusitado, esta por acontecer.
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Amanhece. Um silêncio premente e insosso. Sol nascendo.A casa onde Jorge mora
com a porta escancarada. Luzes acessas. A cama desarrumada.Na sala,tevê ligada,
volume baixo. Suas roupas jogadas em um pequeno estofado. A brisa suavemente soprava nos campos.Máquinas desligadas e paradas.Cavalos pastando em completa quietude e nada mais.
Ninguém mais viu os cães. Nenhum movimento na fazenda. Nunca mais ouviu-se
falar em Jorge. Ninguém, nunca mais, avistou Jorge.