RITUAL MACABRO

Andava por uma rua deserta, pouco movimentada. De repente ouvi um barulho estranho; olhei para um lado, olhei para o outro.

Barulho sinistro!

Parei!

De dentro de uma sala vi olhares fitando o infinito, cabelos arrepiados, como se algo horrível tivesse acontecendo.

Perplexa fiquei, diante da imagem que meus olhos captaram daquele interior.., minhas pernas paralizaram.

Deus! Que se passa? Perguntei para mim mesma, naquele momento de torpor.

Meus olhos continuavam fixos. Não conseguia parar de olhar. Resolvi entrar e ver de perto aquela cena triste e indefinida. A sala estava repleta de gente. Perguntava e perguntava, ninguém respondia; um silêncio ensurdecedor tomava conta do lugar.

Os movimentos pareciam todos coreografados, um ritual macabro!

Eu boquiaberta!

Vez em quando alguém murmurava:

- Venha Mestre! ôa!

Meus olhos mal conseguiam piscar, tamanha era a perplexidade do momento.

De repente alguém dá um gemido muito triste, cai um corpo inerte no chão. Uma criança morta? uma mulher em trabalho de parto, em meio àquele ritual.

- Nasceu, gritou um ser disforme.

Um momento de glória! Abocanharam o primeiro pedaço, o segundo, o terceiro; devoraram a criança inteira! Mais aterrorizado fiquei. De repente a mãe grita aflita: - Cadê o filho que abortei?

Fatima Paraguassú
Enviado por Fatima Paraguassú em 31/12/2006
Reeditado em 12/03/2008
Código do texto: T333042