O PEQUENO MARCELO (Segunda parte)

Continuação...

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Marcelo Mendes continuava suas atividades no papel de pai e mãe dona de casa. Ficou maravilhado quando viu um diploma de médico na parede na casa do Sr Ofmann. Tratava-se de um certificado do curso de medicina que pertenceu à sua esposa, morta há alguns meses num acidente. Após o homem explicar ao pequeno franzino, os olhos deste brilhavam. Tudo o que sonhava era ter um daquele em seu próprio nome...

O seu Ofmann passou a noite quase sem dormir, pensando em como ajudar aquela pobre criatura. Enfim, teve uma idéia, que poderia ser útil pra ele mesmo, ao Marcelinho e ao velho Marcelino. Seu irmão há muitos anos havia ido pra cidade de Curitiba no Paraná, e lá prosperou muito. Construiu edifícios e se tornou dono de quatro fábricas das mais bem organizadas da cidade. Também havia se tornado proprietário de uma grande indústria em São Paulo. Seu genro Nicanor era o diretor na capital paulista.

No prazo de alguns meses, estava o menino empregado na fábrica na Terra da Garoa. Nicanor era homem enérgico, mas muito competente. Gostou do rapaz. A casa de três cômodos no pátio da indústria, era, sem comparação mais confortada que a casinha onde moravam. A inteligência do menino era grande. O trabalho no pátio foi trocado pelo escritório. Marcelo aprendeu a percorrer a cidade com facilidade. Pediu ao patrão uma oportunidade para estudar, porque isso seria uma prioridade em sua vida.

No ano seguinte, seu lugar preferido na escola era numa carteira localizada na frente. Ouvia o que a professora falava com muita atenção e interesse. A diversão do fim de semana trocou pela leitura dos livros, que emprestava da biblioteca. Leu vários romances. Quando se tratava de uma ficção científica na área da medicina, vibrava.

Pela primeira vez em sua vida ganhou um presente de aniversário. Cantaram-lhe parabéns. Bastante tímido, encheram-se seus olhos esverdeados de lágrimas. Era uma coisa inédita em sua existência. Com apenas um ano de trabalho, estava vendo aquilo com um pouco de indiferença. Ao abrir o pacote entregue pelo diretor da empresa, uma surpresa: Um dicionário de medicina. Ali ele podia matar a sua curiosidade em saber o que era cada doença que ele sabia o nome. Uma oportunidade de fazer uma pequena pesquisa de certas moléstias.

O curso pela manhã parecia bom, mas muito cansativo. Precisava trabalhar à noite para compensar as horas de estudos. A responsabilidade no trabalho fez com que isso acontecesse. Em apenas quatro anos de empresa, o magrinho Marcelo tornou-se o segundo homem naquela firma. A cada dia, dedicava-se cada vez mais no trabalho e nos estudos. Tornou-se o primeiro aluno do colégio. O mais aplicado. Eram tantas as homenagens, que ele nem se importava. O que ele queria mesmo, era ajudar aos menos favorecidos.

Devido à sua vocação, avisou com alguns dias de antecedência, que iria deixar aquela fábrica que lhe proporcionou tantos benefícios. ....

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Continua....