DETALHES DO DESTINO



Chovia já alguns dias e o tempo estava frio; depois de um banho vesti um pijama com calça longa e sentei na cama onde comecei a separar alguns convites de casamento para serem distribuídos para os amigos e familiares.
Depois de algumas horas estavam todos separados para serem entregues, primeiros os que deveriam ser postados no correio e os dos padrinhos que Victor fazia questão de entregar pessoalmente.
Senti um desanimo ao ver tantos convites para serem entregues, só faltava um mês para o casamento e Victor meu noivo não podia se ocupar com os detalhes mais preciosos, que ele mesmo fazia questão.
Por mim eu e ele iríamos a um cartório com duas testemunhas e pronto. Meu pai sempre ocupado com seu trabalho não me passou um nome se quer para a lista dos convidados e minha mãe vivia em outro estado na companhia de seu novo parceiro, eu ia casar e que me virasse com tudo.
Já a família tradicional de Victor fazia questão de tudo nos devidos padrões para a sociedade e familiares.
Victor e eu nos conhecemos através de amigos num jantar de confraternização da firma em que ele gerenciava; eu fui convidada por um amigo muito tímido que não queria ir sozinho, já que todos poderiam levar um parente ou namorado (a).
Para minha surpresa quem ficou a ver navios fui eu mesma. Fernando logo se achou quando começou a conversar com a filha de um amigo que tinha a sua idade e se divertiu o tempo todo.
Eu peguei uma taça de vinho tinto e me retirei para perto de um aquário lindo e fiquei observando os peixes. Tinha o habito de andar sempre com uma maquina fotográfica e tirar fotos de tudo que me interessava.
Coloquei a taça de lado e peguei a maquina na bolsa para tirar uma foto do local, na lente apareceu alguém sorrindo e abaixei a câmera sem graça e com um olhar interrogativo.
Victor sorriu e disse:
_Que pena! Pensei que este peixão aqui ia ser fotografado.
Sorri e o fotografei junto ao aquário.
Começamos a conversar sobre fotos, peixes, amigos, etc.
_Fernando não foi nada cavaleiro com você, te deixou e está de papo a horas com Angelina.
_Estou feliz por ele Victor. Ele quase não sai e precisava mesmo se achar em alguém.
_Sério! Você acredita que podemos nos encontrar em outra pessoa? Disse sorrindo.
_Sim!
_Já achou sua outra face mocinha?
_Não!
_É, eu não sou bom nisso, já fiquei sem assunto.
_Desculpas, não queria ser grosseira, só não tinha como render mais o assunto.
_Quer mais uma taça de vinho? Posso buscar.
_Não Victor! Já estou satisfeita. Vou pegar um taxi e ir embora, vou deixar Fernando mais a vontade.
_Se me permitir posso te levar.
Olhei no relógio e já era tarde, concordei com a carona. E nunca mais me separei de Victor.
Agora íamos nos casar e eu me perguntava se realmente amava Victor ou simplesmente queria uma companhia para meus dias monótonos sem ele por perto.



 

Quando amanheceu, desci correndo as escadas a tempo de despedir de meu pai e dar a ele alguns convites para serem entregues em seu trabalho.
_Bom dia pai! Será que pode me ajudar com alguns convites, poderia...
_Nem pensar filha, eu não vou convidar ninguém, não quero participar disto.
_Como pai? O Senhor concordou com o casamento.
_Respeitei sua vontade filha, concordar é outra coisa.
_Mas o que tem de errado pai?
_Eu já disse que nada tenho contra Victor e a família, mas sofri muito com meu casamento e não quero o mesmo para você. É jovem filha, deveria conhecer outros rapazes, viajar, estudar, sabe lá, mas menos casar tão jovem.
_Pai deixa de ser ciumento, eu já tenho 24 anos e sei o que quero. Quer saber, eu mesma vou entregar tudo, estou sozinha nisto mesmo, sempre estive sozinha.
Sai para rua e o dia estava iluminado depois da chuva da noite anterior. Na bolsa uma sombrinha, aqui em Minas Gerais o tempo nesta época de setembro sempre muda de uma hora para outra.
Fui de casa em casa na minha vizinhança me desculpando por Victor não poder me acompanhar na entrega dos convites, mas enfatizando como eu desejava a presença de todos neste dia especial para nós.
Depois de horas eu estava morta de cansada e nem metade dos convites distribuídos.
Voltei para casa e liguei para Victor intimando a presença dele para nos dois entregarmos os restantes à noite.
_Claro querida que sim, e pode me fazer um favor anjo?
_Sabia que não ia ser de graça, vai fala o que é.
_ Acrescente mais um nome na minha lista de convidados, o nome é Senhor Armando Mendes.
_Tudo bem, mas quem é ele para ser lembrado assim de ultima hora?
_Amigo de meus pais, mudou-se para nossa vizinhança estes dias e meu pai faz questão que ele seja convidado, o velho é viúvo e mora sozinho. Dizem ser um anjo de pessoa.
_Anjo é? Então tudo bem, eles sempre são bem vindos meu lindo.




 

Naquela noite fomos à casa dos parentes e o tempo para eles sempre era mais do que o esperado, de modo que pela manhã de domingo ainda tínhamos alguns convites para serem entregues.
Graças a Deus! Este é o ultimo Victor, é o do anjo Armando, não seria melhor seu pai entregar?
_Não! Papai me disse que devemos fazer isto pessoalmente se não o velho não vem. Disse rindo.
Victor parou o carro de frente a uma casa simplesmente bela, parecia um conto de fadas, toda de madeira e com uma varanda cercada com madeira de lei. O telhado colonial era coberto por umas galhas de buganvília vermelho plantado ao lado da porta principal. O jardim estava sendo revigorado com a primavera, tudo verdinho e lindas roseiras perfumavam o ar.
Victor tocou a companhia e aguardava.
Imaginei um velho barbudo e mal humorado saindo dali e pedindo para não tocarmos em nada.
De repente para minha surpresa, surge na porta um senhor de cabelos grisalhos ainda molhados e a barba feita, enrolado em uma toalha azul turquesa, realçando a alvura de sua pele.
Seu sorriso foi sem graça, seguido de desculpas pelo trajes que usava.
_Me perdoam, eu estava cuidando do jardim e me descuidei sujando-me todo. Mas entrem e aguardem aqui na sala que já vou me vestir e logo volto.
Ia subindo as escadas e dizendo, fiquem à vontade, sei quem são. Seu pai me avisou que viria Victor, bela sua noiva rapaz, muito bela.




 
Armando o anjo voltou agora vestindo bermudas e uma camisa manga pólo de muito bom gosto. Seu perfume era gostoso e seu sorriso agora era quente e amigável.
Que idade ele tinha, Victor disse velho viúvo. Mas Armando era o tipo quarentão que amarraria qualquer mulher aos seus pés. Não ficará sozinho para sempre pensei e comecei a esconder o entusiasmo de mulher. Afinal eu vim convidar o velho para meu casamento.
Ele nos ofereceu uma bebida, aceitei um suco de laranja que ele mesmo fez na hora.
_Não precisava senhor Armando, se dá cordas para esta aqui, disse me abraçando, ela põem todos de joelhos reverenciando ela.
_Hum, bom saber que pensa assim senhor Victor, em breve estará tão amarrado a mim que quando se curvar eu já estarei curvada.
Todos riram e conversamos coisas bobas do dia a dia, Victor me acompanhou bebendo suco de laranja, e o senhor Armando bebeu vinho tinto, com classe e delicadeza.
Ao sair elogiei a sua casa e o lindo jardim que tinha.
Feliz o Senhor Armando colheu uma rosa branca que ficava mais próximo dele e me ofereceu depois de retirar os espinhos.
_Se me permite Victor, esta é para a senhorita Sabrina que muito me honrou com a sua beleza em minha casa.
Victor se azedou ali que notei, mas sorriu e disse:
_Claro! Obrigado!
No caminho de volta para casa foi dizendo que não gostou dos galanteios do Senhor armando e que eu estava parecendo terra seca. Que ele sempre me elogiou e me deu flores.
Não rendi conversa, brigas, íamos para casa dele e não queria chegar com bico na casa dos meus sogros.




Naquela noite de domingo eu me despedi de Victor no aeroporto, ele ia viajar a negócios e voltei com seu carro para casa. Passei no shopping e comprei uma garrafa de vinho tinto, seria minha companhia para mais uma noite de insônia, com a aproximação do casamento e tudo para eu mesma organizar ficava difícil dormir.
Levei para meu quarto o vinho dentro de um recipiente com gelo para chegar a uma temperatura adequada. Enquanto isto me eu despi, e fui tomar um banho de chuveiro; deixei a água correr livre em meu corpo e levar o cansaço do dia.
Abri a janela do quarto, a noite estava abafada, logo choveria novamente, nas ainda tinha estrelas no céu e ventava suave.
Coloquei uma musica no meu som e abri o vinho tinto. Bebi uma taça com vontade, acho que ao ver o Senhor Armando bebendo tão deliciosamente, me arrependi de pedir suco, devia ter bebido do vinho dele, mas agora estava ali saboreando com saboroso vinho, sozinha e cantarolando.
Senti calor e fiquei apenas de calcinhas; continuei alegre e bebendo dançava pelo quarto, meu olhar voltou-se para rosa branca que coloque num solitário na mesa de cabeceira, cheire a rosa e beije-a com os lábios com gotas de vinho.
Ficou manchada e pingando vinho como sangue. Sorri como se já tivesse feito isto antes.
Cai na cama totalmente aliviada do cansaço e um tanto que alegre, olhando para o céu que já tinha me visto outras noites e em outros lugares. Dei uma gargalhada e joguei um beijo para o céu, dizendo:
_Boa noite lua amiga!






Despertei com o sol me beijando o corpo e olhei para o relógio e não acreditei que dormi tanto. Fui para o banheiro e me lavei da cabeça aos pés para sentir a vida novamente.
Peguei minha agenda e fui aos compromissos do dia.
Victor me ligou para saber se tudo estava bem e me dizer que a viagem tinha sido ótima.
Lamentei ter que providenciar tudo sozinha e me deixei sentir triste. Na verdade as lágrimas chegavam a se formar nos meus olhos negros.
_Querida eu já disse para pedir ajuda a mamãe, ela terá prazer em te ajudar. Vai, não seja pirracenta.
_Está bem! Eu vou pedir sim antes que eu desista de tudo.
_Nãoooooooooo. Quer me matar do coração meu anjo?
Sorri e desliguei o telefone, amava brincar com Victor assim. Era contar até cinco e o telefone tocava de novo.
_Querida, não brinca, está tudo bem com a gente?
_Sim!
E desligava novamente. Às vezes fazia isto varias vezes.




Como prometi fui até a casa de minha futura sogra e pedi ajuda. A lista era enorme, ornamentação da igreja e do salão de festas, o que servir o que vestir.
A senhora Mendes sorriu feliz com a minha dependência dela e logo começou tomar suas providencias. Fez uns três telefonemas e logo tudo estava ajeitado. Um decorador, um Buffet e um banho de loja para o dia seguinte.




 

O decorador me ofereceu varias opções para decorar a igreja e optei por usar nos bancos flores de cor lilás e azuis, seriam Hortênsias.
Nada de daminhas e noivinhos e muito menos floristas. Quero algo simples e belo.
Terei apenas dois padrinhos, detesto estes casamentos que nunca acabam.
O decorador sorriu e concordou. Mas sugeriu um arranjo mais clássico para o altar, um vaso bonito rosas quem sabe colocaremos algumas hortênsias junto.
_Pode ser? Perguntou-me sorrindo.
_ É pode sim, mas eu acho que sei onde encontrar este vaso.
Sai dali sem entender o porquê deu ter dito aquilo. Droga! Ele estava sendo pago para me deixar descansar, de onde eu tirei a idéia que tenho um vaso para este dia?
Onde eu vi este vaso, será que na casa do Victor? E eu ia pedir emprestado algo tão caro?
O que fui arrumar.




 

Dirigi-me até a casa do Sr Armando para pedir ajuda, ele parecia ter tão bom gosto. Eu sinceramente não queria parecer uma idiota na presença da mãe do Victor. Ela me ajudou apresentando o decorador e agora eu fui dizer que tinha um vaso.
Estava na porta da casa de Armando e pensando se chamava ou não, quando fui surpreendida por ele chegando por trás de mim.
_Ah! Que susto senhor Armando!
_Perdoa-me mocinha, mas você está na porta de minha casa e não pretendia assustá-la.
Sorri e pensei está mais idiota que o normal. Será que casamento é isto, desde que inventei de casar tudo parece ridículo, faço uma besteira atrás da outra.
Nem conheço este senhor Armando, e se ele for um psicopata? Melhor ir embora. É vou embora, na mesa não terá nada, chega! Que o decorador coloque o que quiser lá, eu já disse para Victor que ia casar só no civil e ele me convenceu desta coisa toda.
_Senhorita Sabrina está tudo bem?
_Ah! Claro. Desculpa-me já vou.
_Nada disto, não me parece estar bem e se veio aqui vamos conversar.
Recusei entrar e fiquei ali na varanda da casa sentada na escada da varanda. Parecia uma menina assustada e inocente. Se não era mesmo. Conheci este senhor Armando um dia destes e estou aqui na frente dele como se minha vida dependesse dele.
Olhei nos seus olhos e chorei, simplesmente chorei.
_Minha linda não chore, me diga o que se passa, vamos entrar, você bebe algo, uma água, ou o que quiser quem sabe um suco? Depois me diz como posso ajudar.
Estendeu-me as mãos e apoiando nele levantei e entrei naquela casa.
A partir daquela hora minha vida mudaria para sempre.





CONTINUA...


SEGUNDA PARTE

FIM
Simplesmente Sys
Enviado por Simplesmente Sys em 13/10/2011
Reeditado em 26/10/2011
Código do texto: T3275265
Classificação de conteúdo: seguro
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