A Bailarina, Romance, Cap. V
Segunda aula com o Corpo de Baile do Teatro Municipal. Após ensaiar com Marcel, quase que à exaustão, o pás-de-deux de Les Sylphides, Marluce estava em seu camarim prestes a se livrar do collant em cotton e veludo carmim e das sapatilhas Sancha ½ ponta canvas, quando o diretor do corpo de baile entrou.
-Você esteve ótima, Marluce. Marcel e você não precisam dançar mais do que isso lá em Blumenau para que o sucesso esteja garantido.
-Obrigada, Afonso, disse Marluce, lembrando-se de que, durante todo o ensaio, o diretor praticamente se dirigiu apenas a ela e a Marcel, com inúmeras observações relativas a posturas e posicionamentos diante de determinados movimentos.
Afonso vestia um collant com mangas em lycra, na cor verde, e ainda calçava sapatilhas. Apesar do pequeno espaço do camarim, o diretor estendeu o braço direito a Marluce como que pretendendo a reprodução parcial de um movimento que envolvia inicialmente a proximidade entre os dois. Marluce aproximou-se de Afonso, pensando em ser tomada pela cintura para ser erguida a uma altura maior a partir da própria impulsão. Só que o diretor a conteve pelos braços, fazendo com que ela sentisse contra seu corpo a pressão exercida pelo volume do sexo dele, realçado, como ela havia observado quando ele entrou, pelo collant que ele vestia. E realçado agora também pelo indefectível estado de excitação de que era acometido o diretor. Por um momento Marluce não soube o que fazer ou o que dizer. Disso aproveitando-se Afonso para se esfregar obscenamente na menina. Gritar seria inconcebível, ou não recomendável. Protestar, ainda que em voz baixa, seria inconveniente. Chamaria a atenção de eventuais passantes no corredor. A porta do camarim era fina. Marluce decidiu então esperar pelo término daquela cena imprevista. Enquanto isso, surpreendeu-se endireitando-se discretamente em relação à glande do diretor que teimava em escorrer-lhe pelo talho da vagina, coberto pelo collant de veludo. Seus lábios foram procurados pelos ávidos lábios de Afonso e o beijo durou menos de um minuto, quando foram ouvidas batidas na porta do camarim. Parecia que Afonso sabia quem era, pela maneira apressada com que se desgrudou de Marluce para abrir a porta e se deparar com Marcel. Marluce não deixou de observar que no collant do diretor, na região superior entre as pernas, pronunciava-se um volume bem maior do que o que tinha notado quando ele entrou no camarim.
Quando Afonso saiu e a porta do camarim se fechou, Marluce ainda pode ouvir a voz do diretor numa postura defensiva, apesar do tom meio áspero: “Fui apenas cumprimentar a garota, Marcel!”.
Marluce não chegou a ficar cinco minutos na porta do teatro. Logo o carro de Ingrid aproximou-se do meio-fio, seguido por dois ou três carros que se abstiveram de buzinar por entenderem que a mãe apanhava a filha após a aula de balé. O rasgo proposital da calça jeans no joelho esgarçou-se um pouco mais quando Marluce sentou-se ao lado da motorista.
-Desculpe-me pelo atraso. O tráfego aqui no centro você sabe como é. A gente não consegue andar, disse Ingrid, acionando o veículo logo após a entrada de Marluce. Não havia tempo para beijinhos.
-De modo algum, Ingrid. Não houve nenhum atraso. Fico até muito agradecida pela gentileza sua em me trazer e buscar aqui, anteontem e hoje. Já pensou se fico acostumada?
-Não me dá trabalho algum. Sinceramente, é um prazer. Nessa hora, após as aulas na academia, vou direto pra casa. Não tenho nada pra fazer. Além do mais, você está ajudando a divulgar o nome da academia. De certo modo, não faço mais do que minha obrigação em estar aqui, procurando retribuir-lhe esse esforço e dedicação.
-Muito obrigada. Mas tudo isso aconteceu só porque sou sua aluna.
-Não é bem assim. Tem a sua competência, a sua maneira própria de atuar. Do que até me penitencio por não ter observado mais detidamente. Foi preciso o Afonso ter percebido. Aliás, ele não é de mostrar todo esse interesse e atenção por qualquer aluno. Se o fez é porque julgou que havia motivo. Nisso ele é muito sério. Nem mesmo Eleonora conseguiu esse privilégio.
Ingrid percebeu a leve alteração na expressão do rosto de Marluce ao ouvir o nome do diretor do Corpo de Baile. Não sabia que momentos antes o diretor agarrara a aluna no camarim, deixando Marluce temerosa de que houvesse grandes chances de o beijo meio selvagem evoluir para situações mais definitivas, não fosse a providencial interrupção provocada pelas batidas de Marcel na porta. Para Ingrid a expressão de satisfação no rosto de Marluce parecia indicar o reconhecimento, embora tardio, de sua superioridade técnica em relação a Eleonora. A professora não podia imaginar que Marluce pensava naquele momento na pressão exercida pelo sexo do diretor contra o seu.
-Por falar em Eleonora, como ela está? Houve melhoras?
-Por incrível que pareça, ela tem ainda medo de sair. Diminuí o número de minhas visitas por achar que ela precisa no momento mais do conforto familiar. Por outro lado, é possível que com isso ela comece a sentir falta das aulas na academia.
-E aí então volte a ter uma vida mais normal, observou Marluce.
-Exatamente. É o que vai acontecer, espero. E aí, ajeitou com seus pais chegar um pouco mais tarde em casa hoje?
-Hoje, sim. Eles estão avisados. Sabe como é, né? Querem me mostrar que são avançados, mas no fundo não passam de dois caretas.
-Natural. Filha única é assim mesmo. Agora, então, com tudo esse sucesso e badalação! Tem idéia de onde podemos ir?
-Prefiro que você me leve.
Ingrid escolheu um local acolhedor no reduto cultural da cidade. Ruas estreitas, pavimentadas em paralelepípedos, aclives acentuados e trechos não acidentados onde se viam trilhos de bonde, veículos ainda em funcionamento nessa parte da cidade. Ao entrar no bar pouco iluminado, e ser recebida por uma mulher de meia idade, alta e loura, que parecia ser a proprietária, Ingrid percebeu que ainda ruminava em sua mente a frase proferida por Marluce pouco antes de decidirem aonde ir: “Prefiro que você me leve”.
Apenas dois casais no pequeno salão, conversando em voz baixa para não serem percebidos. Um blues suave era ouvido com alguma dificuldade, o que foi lamentado por Marluce ao reconhecer, após sentar-se, a voz meio rouca de Eric Clapton. Foram conduzidas pela loura para uma mesinha de canto, ao lado de uma pequena janela escondida atrás de duas cortinas brancas cuja função era apenas decorativa. Luz do dia não havia. Marluce preferiu o banco estofado, contínuo ao longo da parede. Ingrid ficou com a cadeira de madeira, assento de palha trançada, fazendo 90° com o banco contínuo.
-Bebe vinho regularmente ou nunca bebeu?, perguntou Ingrid, após a proprietária ter se afastado.
-Já bebi, sim. Não sou tão novinha assim, Ingrid. Normalmente acontece no Natal. Papai é quem faz questão. Em geral é o tinto suave.
-Puxa, levar um ano pra tomar um copo de vinho?
-É mesmo um absurdo. Mas quando saio com o pessoal, tomo mesmo é chope.
-Não quer variar um pouco hoje? Tirando a água, das bebidas acho que é o vinho a mais saudável.
-É o que papai diz. Mamãe não aprova muito. Mas acho que é só por medo de que ele passe da palavra à uma ação mais freqüente.
-Posso pedir então uma garrafa pra nós duas? Faz de conta que é Natal.
-Claro, sem problemas. Não sei se vou poder acompanhá-la... Mas, tudo bem.
Quando a mulher que parecia a dona do bar trouxe a garrafa de Clos de Nobles, Cabernet Franc, que Ingrid tinha escolhido, as duas já haviam resolvido que não iriam jantar. Ficariam apenas com alguns pães, biscoitos salgados, pastinhas e porções de queijos Brie, Chaumont e Cacciocavallo, integrantes de um prato especial oferecido pela casa.
As belas taças finas de cristal que acompanhavam a garrafa de vinho tinto sobre a límpida toalha branca cobrindo toda a mesa, no centro da qual observava-se o desenho em renda do que parecia ser uma borboleta, produziam o agradável efeito que normalmente esperamos encontrar nos ambientes que achamos de bom gosto. Marluce pode então notar as largas pedras de superfície levemente irregular, de tonalidade meio esverdeada, que compunham o piso do bar. Ficou desejando que as juntas entre elas também fossem preenchidas por grama, tal como a calçada em frente ao seu prédio. Tinha toda a convicção de que não poderia entrar naquela casa sozinha e arcar com o custo de qualquer refeição, por mais simples que fosse.
-O vinho é seco, mas não é tão rascante. Você deve estranhar a princípio, se nunca bebeu vinho seco. Mas depois de alguns goles, vai se habituar e não vai desejar nada diferente em termos de vinho. É delicioso.
-Todos dizem que quem conhece vinho prefere o seco ao suave.
-Nem sempre o sabor adocicado é o mais recomendável. Muitas vezes vamos preferir ficar com o sabor amargo das coisas, disse Ingrid, não se importando com o tom meio profético do que dizia.
-É verdade. E a sabedoria, se é que posso falar assim, pode estar no fato de a gente ter a capacidade de assimilar o sabor amargo das coisas, ainda que ele não nos pareça agradável, no início.
-Bonito. Nem parece que estou diante de uma menina de 17 anos.
-Não sou de ler muito, mas tenho facilidade em guardar aquilo que me interessa.
-O que levou você a guardar isso que acabou de me dizer?, perguntou Ingrid, mantendo os olhos na aluna praticamente todo o tempo a partir do momento em que se sentaram.
E Marluce durante todo esse tempo, e todos os outros após a sua providencial exibição em substituição a Eleonora, ainda não tinha cansado de se surpreender com a atenção de sua professora, diametralmente oposta à que tinha quando não passava de uma simples boa aluna. Nunca tivera a atenção dos olhos de Ingrid da forma que acontecia agora.
-Meus pais. Porque, embora teimem em parecer avançados, como disse, ainda me circunscrevem, de certo modo. Mesmo assim, tenho aprendido muito com eles.
-Você acha que eles limitam muito suas ações? Mas, olha só: longe de mim que isso pareça um inquérito, héin?
-Não, não. Tudo bem. Quanto a limitarem minhas ações... talvez sim, talvez não. Trata-se da preocupação normal dos pais. Eles acham que devo fazer isso e não aquilo, estar com essa pessoa e não com aquela. Coisas desse tipo.
-Não vejo o que possa haver de amargo nisso, provocou Ingrid.
-Não há, realmente. É que às vezes incomoda. Mamãe, por exemplo, não quer que eu jogue futebol como as outras meninas. E, na verdade, às vezes sinto inveja em não estar no meio delas, me divertindo.
-Mas sua mãe não a proíbe, não é isso?
-Não proíbe, não. Mas desestimula, o que acaba dando no mesmo.
-Entendo. Contudo, talvez você ache confortável estar sob o manto de uma, digamos, proteção.
-Acho que é mais uma questão de acomodação, corrigiu Marluce.
-Já procurou saber se ela tem alguma coisa contra o futebol ou contra o fato de meninas praticarem esse tipo de esporte?
-Pelo que ela diz, parece que sim, quanto às meninas que gostam de jogar bola. Quanto ao futebol não, desde que praticado por homens.
-As mulheres fazem praticamente tudo o que os homens fazem. Só que de uma forma, em geral, peculiar, observou Ingrid.
-Isso mesmo. Agrada-me muito ver garotas jogando futebol. Talvez porque não identifico nelas o mesmo tipo de virilidade masculina.
A pergunta de Ingrid veio naturalmente, certamente provocada pelo último comentário de Marluce.
-Você tem namorado?
-O Carlos Augusto é um carinha lá da escola com quem tenho saído. É estudioso, todo direitinho, me agrada seu modo de ser.
-Deve ser bem comportado também. Não deve ter avançado nenhum sinal, prosseguiu Ingrid, procurando atuar com cautela.
-Não houve tempo pra isso. Não saímos com muita freqüência. Ou não houve interesse dele, talvez pelo fato de querer mostrar-se respeitador.
-E quanto a você? Não procurou facilitar nada?, perguntou Ingrid, dessa vez indo um pouco mais longe.
-Engraçado, até agora ele não me inspirou muita coisa. Deve ser por causa do jeito dele, todo certinho. Ou por causa da idade, quase igual à minha. Acho que prefiro homens mais velhos.
Enquanto formulava a resposta a Ingrid, Marluce sentiu-se tentada a fazer a mesma pergunta à professora. Nunca a tinha visto ao lado de um homem que não fosse um daqueles de seu meio profissional. Lembrou-se dos comentários, sempre muito discretos, das alunas da academia quanto ao fato de Ingrid e Eleonora estarem sempre juntas. Mas a sua impressão não foi além da de achar que todos consideravam normal o carinho demonstrado pela professora à sua melhor aluna. Certamente haveria até um interesse financeiro naquilo tudo – o mesmo que estaria acontecendo com ela agora –, na medida em que Eleonora poderia colaborar com o aumento das receitas da academia. Mas era preciso uma confirmação.
-E você, Ingrid? Sempre tive a curiosidade de saber se era casada, disse Marluce, não se importando se estava sendo muito objetiva e nem se dando conta de que as duas já tinham praticamente esvaziado a primeira garrafa de vinho.
-Fui casada durante sete anos. Não foi uma relação tempestuosa, mas ao longo do tempo fui percebendo que a cada ano eu perdia o interesse no homem com quem vivia. Não saberia como explicar. Talvez pela falta de brigas. Ou pela a ausência de filhos. Se ele chegava mais tarde, eu até preferia. Tinha meu computador, meus livros. E quando fiz 27 anos – casei-me com 23 –, minhas aulas de balé, nas tardes de terças e quintas, no início. Hoje são todos os dias.
-Mas... e depois? Só trabalho...? Junto com essa... dedicação... toda à academia... ou às suas alunas?
Pelo tom um pouco mais alto da voz, assim como pelo maior desprendimento e pausa ao falar, e ainda o brilho mais intenso nos olhos, Ingrid notou que Marluce não tinha ficado imune ao efeito do vinho.
-Não, não. Relaciono-me com um técnico em processamento de dados, que conheci na Internet. Não é um relacionamento intenso. Mas nos procuramos quando sentimos falta um do outro, respondeu Ingrid, mostrando-se tranqüila ao fornecer uma informação que sabia não ser inteiramente verdadeira. Teve a idéia a partir do rapaz, por sinal bem mais novo que ela, que ocasionalmente ia à sua casa reparar o seu computador.
-Não pensa... em filhos? Será que eles são... assim... só para um casamento... mais formal?
-Penso sim. Mas não sei se poderia partir para uma produção independente, se é o que você quis transmitir.
-Filhos só no casamento... convencional... num tem nada de errado. O pai... é muito importante pra criança. Mas mesmo... na produção independente... não quer dizer... que o pai não possa existir, observou Marluce, cuja loquacidade aumentava na proporção do efeito maior do vinho.
Ingrid pode perceber que a bebida não soltara apenas a voz da aluna. Incidira também, talvez, na desenvoltura do seu raciocínio, considerando-se os seus 17 anos.
Temerosa em relação ao estado em que Marluce chegaria em casa, sabendo seus pais que ela estaria vindo de um encontro com a sua professora de balé, Ingrid decidiu pedir mais água mineral, pois a que acompanhara a primeira garrafa também tinha acabado. Ao virar-se de repente para acenar para a loura no bar, seu joelho esquerdo chocou-se com a perna direita de Marluce, levando ao desequilíbrio da garrafa de vinho vazia que tombou sobre a mesa. Marluce não conteve as gostosas gargalhadas trazidas pelo acidente fortuito.
-Oh, Marluce, desculpe-me. Machuquei você?, perguntou Ingrid, instintivamente apoiando sua mão direita, por baixo da mesa, na região da perna da menina possivelmente atingida no choque.
-Não..., não... Não foi nada, respondeu Marluce, sorrindo ainda intensamente.
Ao friccionar a perna de Marluce na região próxima ao joelho, procurando combater algum desconforto ou dor, Ingrid percebeu o rasgo na calça jeans da garota pelo qual não se importou que penetrasse um de seus dedos. Marluce continuava sorrindo da preocupação desnecessária de Ingrid. E esta, mostrando-se ainda aturdida, continuava massageando levemente a perna de Marluce. Com a introdução agora de mais um dedo por dentro do rasgo.
-Está doendo? Será que vai ficar alguma marca?
-Não..., claro que não. Você apenas... encostou... ‘costou em mim, respondeu Marluce, ainda sorrindo
-Não pode acontecer nada com essas pernas, meu Deus. Acho melhor colocá-las no seguro, pilheriou Ingrid.
Continuaram conversando animadamente, sem que Ingrid interrompesse as massagens, nem mesmo durante os instantes que a loura levou para servir a água mineral. Assim que a loura se afastou, Ingrid acercou-se mais de Marluce com a sua cadeira.
-Quanto é que estão valendo essas pernas, héin?
-Há, há, há..., Ingrid... Deixa de bobagem. Ainda... ‘inda num dancei nem em Blumenau...!
As massagens transformaram-se logo em afagos, o joelho de Marluce inteiramente envolvido pela mão de Ingrid, dois dedos em contacto com a pele, ainda por dentro do rasgo da calça. Ingrid podia garantir que o estado alegre de Marluce não lhe permitiria importar-se com as carícias que recebia. Isso a animou a subir um pouco mais com a mão, agora por fora da calça, detendo-se no meio da coxa da menina, continuando ali com os movimentos que fizera no joelho. Marluce não deixou de continuar sorrindo, embora com menos intensidade, ao perceber que o rosto de Ingrid aproximara-se mais do seu. As caretas que Ingrid fazia para que Marluce continuasse sorrindo foram desaparecendo progressivamente até que a garota sentiu no canto dos seus lábios os lábios macios da professora. E já no meio de suas pernas a leve pressão exercida pela mão de Ingrid. O que não durou mais que dois ou três minutos. E nem podia. Local público, Marluce é menor. Posso estar no lugar errado, na hora errada, Ingrid pensou. A penumbra no bar não impedia os discretos olhares da loura no balcão.
-Vamos beber um pouco d’água?, perguntou Ingrid, recompondo-se.
-Por que...? ‘Cabou o vinho?, Marluce voltava a sorrir.
-Não, querida. É porque já está um pouco tarde. Preocupo-me com seus pais.
-Estou aqui... e bem protegida. Com a minha professora... que não sabia que... era fisioterapeuta.
Ingrid pediu ainda café para as duas, o que foi consumido por Marluce meio contra a vontade.
-É para que você não fique com dor de cabeça, sua bobinha.
-Num vai adiantar... muita coisa..., depois que eu ouvir os dois... os dois lá em casa..., principalmente mamãe..., por ter chegado assim... meio cambaleante.
-Não vai chegar, não. Antes de você entrar, a gente anda um pouco pelo calçadão, respirando fundo. Isso melhora.