Amém, Sofia (EC)
Sofia conhece um rapaz jovem, bonito e sedutor. Com perfil aparentemente familiar no facebook e entra em uma paixão desenfreada. Indo contra seus limites e bom senso se depara com o ultimo drama da sua vida.
Obs.: Cuidado é sempre bom!
'Pai Nosso que estás no Céu,
Santificado seja o Teu nome...’
Sofia rezava a prece sem parar, na busca de salvação para a sua alma. Havia caído no encanto de um marginal e se dera muito mal.
Conheceu Cezar pela internet. Apaixonou-se assim que falou com ele pela primeira vez, que recitou uma poesia de Fernando Pessoa para ela, atando-a sentimentalmente a ele naquele momento. E isso teria um preço e seria dos mais caros.
‘Venha a nós o Teu reino
Seja feita a Tua vontade...’
Ele a jogara naquele lugar fedido, cheio de baratas e sujeira e sumiu. Seus pés estavam amarrados com uma corrente e suas mãos presas com fita grossa e a boca presa a uma fita. Jogada no chão como um lixo. Uma garota de vinte e um anos de idade, enganada por um jovem de vinte e poucos anos, com a promessa de amor.
Ela gemia de dor. Uma dor que jamais teria cura. Quase inconsciente, ainda lastimava por toda uma vida jogada fora por acreditar em uma pessoa que nunca tinha visto na vida. Chegou a se olhar no espelho antes de sair de casa e analisar aquela figura toda feminina e cheia de vida, com os cabelos longos e avermelhados e uma pele lisa como pêssego, de um sorriso apaixonante e meigo, analisou a si mesma confiando nos motivos que a faria sair àquela noite de frio ao encontro de um alguém que lhe havia vendido uma falsa felicidade em um lugar que nunca existiu.
Estava satisfeita com a vida e disposta a se entregar, mesmo sem seus pais saberem desse namoro platônico com Cezar, porque sabia que seria reprovado, preferiu seguir seu próprio instinto e viver sua vida. Jovem, nada tinha a perder, até entender que a única coisa que devia tentar manter era a própria vida.
‘Ave Maria cheia de graça,
O senhor é convosco,
Bendita sois Vós entre as mulheres....’
Ela queria chamar pela mãe ou pelo pai, queria gritar por socorro, mas não podia porque estava fraca e presa.
A porta se abriu. Ela arregalou os olhos miúdos e começou a se debater.
- Não se cansa mais do que está cansada Sofia! Coopera!
A voz de Cezar era de um homem sofrido na vida.
- Que tal se a gente brincasse um pouco?
Ela gemia na tentativa de impedi-lo. Em vão. Ele se atirou por sobre o corpo da garota, arrancou a pouca roupa que ainda estava vestida, e a estuprou violentamente. Sem a chance de se defender, Sofia assistiu ao seu próprio estupro com as lágrimas lhe invadindo o rosto.
‘Canalha! Filho de uma puta!’ Pensava. Tarde! Ela não podia fazer mais nada que o impedisse.
Ele a lambia, a beijava e a estuprava sem dó, como um animal sedento por sexo. Tocava nos seios de Sofia e gemia de prazer.
Quando se deu por satisfeito, saiu porta afora.
Os olhos dela encaravam a chuva que caía do lado de fora daquele lugar horrível e fedido.
‘Eu não aguento mais, Deus, me leva...’
A porta abriu.
- Pena que chove lá fora, atrapalhou muito os meus planos, mas vai ficar tudo bem... – a voz dele era como um tiro.
Ela se apavorou novamente. Cezar foi até o canto do quartinho e tomou nas mãos um taco de golfe e golpeou Sofia até vê-la dar o ultimo suspiro.
Pegou o corpo com cuidado, carregou até o porta malas do carro e a jogou. Dirigiu até encontrar um rio largo e fundo e a atirou.
Ninguém nunca a encontraria.
‘Não nos deixeis cair em tentação,
E livrai-nos do mal, amém...’
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Chove Lá Fora
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