Assassinato no apartamento 1009 - 3º Capítulo
3 – Investigações Iniciais
A polícia chegou ao local por volta das 10h daquela terça-feira, avisada pela empregada. Graça, como era chamada por Bernardo, fazia faxina, cozinhava e passava as roupas religiosamente às terças e quintas.
O IML e polícias científica e militar chegaram ao local simultaneamente. Em pouco tempo, todos os vizinhos do prédio e de prédios vizinhos já acompanhavam apreensivos para saber o que acontecera no Edifício Facundo Cabral.
A doméstica, ainda em estado de choque, estava sentada na sala de jantar, chorando descontroladamente.
- A sra chegou aqui por volta das 09:45 e encontrou ele morto na biblioteca. É isso? – perguntou o investigador, notoriamente sem nenhum tato com o abalo emocional de sua depoente.
- Sim sim. Foi exatamente assim. – resmungou a simples senhora.
- Você teve que fazer algum esforço na porta? Ela emperrou ou algo parecido? – continuou o investigador.
- Não. Sempre entrei neste apartamento da mesma forma nos últimos 3 anos. Nunca precisei fazer esforços na porta ou fechadura. – respondeu D. Graça enxugando as lágrimas com um lenço xadrez.
Por mais incabível que parecia naquele momento a pergunta do investigador, Graça sabia que existia fundamento. O número 9 do 1009 que ficava na porta do apartamento, estava virado, formando um 1006. Somente uma batida forte, ou uma forçada na porta poderia ter feito aquilo com o número.
O investigador, Raphael Fernandez, sabia por sua vez, que iria precisar entrevistar os 8 apartamentos vizinhos, em busca de algum som estranho na noite anterior, visitas ou qualquer outras coisa que pudesse ligar aquele pacato homem ao seu assassino.
Antes que Raphael saísse por completo do apartamento, notou no hall da entrada, um fio loiro e extenso de cabelo. Para comprovar que a senhora sentada na sala era morena, o investigador olhou novamente para trás. Ele pegou de seu casaco um plástico, uma pinça e levou consigo aquele fio, que poderia ter sido trazido pelo vento, ou ser o responsável por esclarecer um assassinato.
Na sala, a empregada permanecia chorando descontroladamente após a saída de Raphael.