Salvador de Almas
Salvador de Almas
Numa missão extraordinária saí procurando o sugador de almas onde as pessoas paravam com seus carros em um semáforo de uma encruzilhada e eram sugadas de dentro do automóvel para um lugar ermo e desconhecido.
Não sei como fui contatado, mas quando soube do ocorrido, fui imediatamente para o local onde estava ocorrendo aquele fato surreal.
Fui para a encruzilhada do semáforo, através da intuição percebi que as almas estavam dentro de uma favela, logo na descida daquela enorme ladeira; mesmo temendo o que iria acontecer, desci aquele caminho imenso, parando naquele enorme labirinto cheio de moradias, as pessoas me olhavam desconfiadas, mas não me fiz de rogado, segui em frente, perguntando a um e a outro sobre o paradeiro dos pobres espíritos, até que encontrei uma mulher que se prontificou a mostrar o caminho.
Fui em sua companhia, meio desconfiado, ela me levou a uma casa onde havia três senhoras, uma delas fumava mais que uma chaminé...
Saímos do recinto e estranhamente, no meio de todos que nos olhavam insistentemente, ela tirou a blusa, ficando com seus seios à mostra, todos do bairro olhavam incrédulos.
De repente entrei em um lugar cheio de miniaturas presas à porta de um armário de madeira envernizada, igual àqueles imãs de geladeira de alto relevo; percebi que ali eram as almas e tinham até imagens de santos, todos pedindo ajuda; aproximei a minha mão em meio à rezas de Ave- Maria e Pai-nosso, com a outra mão eu segurava meus anjos da guarda: São Lázaro o principal, Santo Espedito e Santa Edvirgens, foi ai que eu vi um monte de pessoas rezando ao contrário as orações que eu proferia, incluindo em meio à “reza” palavras ofensivas e pejorativas aos Santos.
Saí imediatamente do local sendo perseguido por aquelas pessoas; com a dificuldade da fuga fui deixando cair os Santos pelo caminho, Santo Expedito foi o primeiro, perdendo a sua cabeça, depois os outros, ficando somente a imagem de São Lázaro.
Quando consegui me desvencilhar dos incautos, tinha um homem gordo e barbudo vendendo imagens desse mesmo Santo, foi o que me deu confiança em perguntar onde era a saída, ele prontamente apontou para um lado, segui rapidamente para lá, avistando a famigerada ladeira, subi dando saltos enormes, salvando-me da ira dos degenerados e com a alma leve de quem cumpriu essa divina missão de salvar essas almas perdidas encaminhando-os à luz da paz eterna.
Marcelo de Oliveira Souza