Segure na minha mão. Parte 1
16 de agosto de 2014, ás 16h35min. Parte 1
Tudo começou quando atropelei um homem. Ao acordar depois de algum tempo inconsciente, e com um corte na nuca, me dirigi ao local do acidente, a uns 40 metros de distância. Chegando ao local o corpo ainda estava caído no chão, com vários ferimentos. O cheiro era insuportável, como se estivesse em decomposição há dias, o que era realmente estranho, levando em conta que a morte havia ocorrido não muito tempo atrás. Logo adiante avistei uma mulher parada, olhando para o chão, e quando a chamei ela pareceu não me escutar. Aproximei-me, toquei no seu ombro e, antes que pudesse abrir a boca para perguntar se ela estava bem, pude ver seu rosto desfigurado e as órbitas dos olhos vazias. Quando tentou se agarrar em mim, eu a empurrei, dizendo que eu só queria ajudar. Entretanto, como se fosse um cão raivoso, ela continuava se aproximando, enquanto eu novamente me afastava. Corri para o carro, percebendo que o cadáver do homem atropelado já não estava lá. Sem saber o que estava acontecendo, parei até sentir algo me puxando com uma força enorme. Consegui me soltar com uma cotovelada, mas ao me virar e perceber o “morto” caminhando em minha direção, pude apenas entrar no carro e, com as mãos tremendo, ligar a ignição e partir.
Após ter acesso à rodovia Castelo Branco, na altura do quilômetro 44, eu retornava para São Paulo numa avenida quase completamente vazia, a não ser por alguns carros parados na estrada. Ao passar perto de um dos carros, vi num deles uma mulher presa pelo cinto de segurança e me aproximei com cautela até perceber um corte enorme no pescoço dela, provavelmente devido ao acidente. Alguns minutos mais tarde, enquanto eu ainda decidia entre deixá-la lá e seguir meu caminho ou procurar ajuda, ela acordou, agindo da mesma forma raivosa que os outros. Nunca esquecerei aquela pele ressecada e os olhos amarelados que pareciam me ver não como um ser humano, mas como uma presa.