A Fábula do Elfo

Diziam os antigos que estranhas criaturas habitavam as florestas da Irlanda.

Um dia, em minhas viagens pela Europa me deparei com um velho senhor, chamado Stewart, morador da cidade de Cork.

Ele começou a me contar uma estória pra lá de sem sentido. Dizia que, em uma mata próxima de onde estávamos viviam estranhas criaturas, as quais ele mesmo já tinha visto. Iam desde duendes, gnomos, elfos e até mesmo um lobisomen.

Me contou que, certa vez estava cassando e se deparou com uma bela mulher, de longos e lisos cabelos pretos e orelhas pontiagudas, da qual exalava um maravilhoso e desconhecido perfume.

Assustado, tentou correr mas suas pernas simplesmente pararam. Aquela estranha criatura aproximou-se e disse duas palavras apenas, as quais eram de um idioma estranho e incompreensíveis: "tachcraj haccabraio". Ela repetia inúmeras vezes, olhando nos olhos do senhor Stewart.

Segundo ele mesmo, poucos instantes depois nada mais viu, despertando no mesmo local, como que após um cochilo de minutos.

Quando voltou, a cidade toda estava à sua procura. Segundo os moradores, ele havia sumido há dois meses. Teria adormecido tanto tempo sem perceber?

Passados os dias e o susto, Stewart resolveu não contar a ninguém, julgando não acreditarem e o acharem louco por tal estória absurta.

Numa noite de inverno novamente algo estranho aconteceu. Ao abrir uma correspondência, dela exalou o mesmo perfume que sentira ao encontrar tal criatura na mata. Dentro, um pequeno papel repetia as mesmas palavras ditas pela moça: "tachcraj haccabraio". O desespero tomou conta de seu ser.

Assustado não sabia o que fazer. Afinal de contas, quem ou o que era aquela estranha mulher? Que palavras eram essas?

Em busca de respostas, o velho caçador saiu na mesma noite, com sua espingarda, o bilhete e foi em direção ao mesmo local do encontro, disposto a enfrentar o medo, em nome de solucionar tal mistério.

Após chegar, gritava: "moça, estranha, apareça. Não tenho medo de você". Nada acontecia. Então ele abriu o bilhete e bradou as palavras em voz alta. Instantes depois la aparecera a tal moça, mas dessa vez não estava sozinha e sim rodeada de outras criaturas parecidas com ela e olhavam o velho morador com admiração.

Ele tomou coragem e tentou se comunicar com eles, usando as mesmas palavras.

Após isso, a mesma moça veio em sua direção, trazendo consigo algo envolto em folhas. Dentro delas havia um suéter marrom sujo de barro. Eles então sinalizaram com gestos para que ele os acompanhasse.

Chegando em determinado local mostraram-lhe uma gruta, da qual vinha um cheio ruim, mas o acesso era difícil, principalmente pela idade avançada do senhor Stewart.

Ele então fez um sinal de agradecimento e voltou para casa.

No dia seguinte, procurou seus vizinhos e contou-lhes sobre o que havia descoberto, mas sem mencionar as criaturas, pois ninguém acreditaria.

Após várias conversas, uma equipe foi até o local indicado. Ali havia um corpo de um velho da vizinhança, sumido há mais de seis meses. O suéter era dele.

Assustados, os vizinhos chamaram a polícia, e foi constatado que o velho tinha sido assassinado. As marcas pareciam como se estivesse sido atacado por um animal.

Estava tudo explicado. As criaturas estavam tentando proteger o senhor Stewart, para não ir àquele local, pois a lenda do lobisomen, que rondava aquelas matas era mesmo verdadeira.

Mais tarde, aliviado o senhor Stewart procurou enciclopédias para entender as características daquelas criaturas. Eram Elfos.

Confesso que essa estória para mim não passa de balela, conversa de velho caduco, mas não posso negar o brilho intenso em seus olhos enquanto me contava "A Fábula do Elfo".

Paulo Farias
Enviado por Paulo Farias em 16/09/2011
Código do texto: T3223302
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