BAD BOY
Criado sob intensa repressão, ele não tinha a mínima idéia da razão da sua existência.
O pai era militar desmotivado, a mãe uma alienada, os irmãos uns endiabrados. Esta era a imagem que ele fazia da sua família.
Seu Antenor , seu pai, estava sempre ausente quando os filhos precisavam de algum conselho ou ajuda.
A infância tinha sido agitada e divertida. Com sete anos começou a matar passarinhos. Com dez, gatos. Com quinze, cachorros. Sua sede de matar era incontrolável.
Não tinha namorada, não tinha amigos, não tinha limites.
Para ganhar dinheiro extra começou a pratricar furtos em residências e automóveis.
Com a ajuda financeira do pai conseguiu comprar um FUSCA.
Mandou "prepará-lo". Colocou pneus largos com aros de liga leve, vidros espelhados, assoalho rebaixado e escapamento todo aberto.
Em uma festa de ex-alunos da escola que frequentou, encontrou Eliana.
Ela estava com 17 anos e seu corpo começava a tomar formas bem interessantes. Estava muito linda. Iria conquistar para si aquela moça. Sempre tivera tudo o que desejara, fosse por bem ou por mal.
Durante o papo que tiveram, junto com outros amigos em comum, Eliana convidou-o para a festa de aniversário que aconteceria no sábado próximo, em sua resdência, com o propósito de comemorar os seu dezoito anos.
--- Eu ainda moro na rua Batovi, na mesma casa. - falou Eliana.
No sábado, arrumou-se com esmero, pegou o fusca e rumou eufórico para a casa da Eliana.
Ao chegar teve uma decepção! Eliana estava abraçada (e de beijinhos) com um rapaz que ele nunca tinha visto.
Dirigiu-se até ela e, sem ao menos dar-lhe os parabéns, começou a xingá-la.
--- Quem você pensa que é? O que esse "babaca" está fazendo aí do seu lado? --- e falando isto desferiu um murro bem no meio da cara do namorado de Eliana.
A cena estava pronta. Silêncio total. Eliana foi quem primeito se mexeu para socorrer o pobre do namorado.
Depois olhando bem firme para o agressor, falou:
--- Você confundiu as coisas... não entendeu nada ...eu queria reavivar nossa amizade. Não quero ficar com você. Não quero nada com você! Saia já da minha casa e fique bem longe de mim ... SEU IDIOTA !
Sob os olhares críticos dos presentes ele foi saindo cabisbaixo.
Pouco depois ouviu-se um TIRO.
Todos correram para frente da casa, onde os carros estavam estacionados, e se depararam com a terrível cena:
Viram o rapaz estendido no banco do FUSCA. Pela porta abeta viram muito sangue.
Ele tinha dado um tiro na própria boca.