O quarto 1894

Quando fui passar minhas férias em cidade de uns amigos, vivenciei uma fantástica e horripilante aventura!

Era Janeiro de 2009, fui de carro até uma cidadezinha rural de Minas Gerais, chamada Varginha, já conhecida pela historia do E.T.

Fui na expectativa de talvez, quem sabe, vê-lo, o famoso E.T. de Varginha. Mas que nada, vi outra coisa que me deixou aterrorizada.

Hospedei-me no único hotel da cidade, o Memorial Garden. O recepcionista, assim que cheguei e me apresentei me deu a chave do quarto 1894, e disse que em caso de algo diferente, que eu corresse imediatamente para o corredor, sem nem ao menos olhar pra trás. Fiquei muito receosa, mas como era minha reserva e o hotel estava cheio, não tive alternativa se não aceitar a chave, em pensão eu não queria ficar.

O hall do hotel era bastante chamativo, tinha muitas folhagens e flores, esculturas lindíssimas, um carpete maravilhoso. Tudo estava me encantando!!! Fui para frente do elevador juntamente com o carregador de malas e apertei o botão do andar 18 e subimos rapidamente. Quando o elevador chegou e abriu as portas, dei de cara com o número do meu quarto, 1894. O corredor do andar também era bastante decorado e chamativo, luminárias douradas, lustres de cristal, flores, tudo muito lindo.

O rapaz abriu a porta, olhou desconfiado, e deu passagem para eu entrar a frente dele. Nunca havia visto um apartamento tão arrumado, tão bem organizado, eu nunca imaginei que nessa cidade pudesse haver um hotel com tanto luxo.

A cama de casal tipo Queen, era envolvida por uma linda colcha de babados vermelha, o banheiro era um espetáculo, grande e confortável. No quarto tinha uma TV de plasma, DVD, geladeira, barzinho, mesa redonda com uma jarra de flores campestres e duas cadeiras, um cortinado nas janelas com tema alegre, eu fiquei encantada com tamanha beleza e bom gosto. Dei ao carregador a tão esperada gorjeta e ele se retirou, me deixando sozinha tentando desfazer as malas, de repente me deu um aperto no peito, e uma sensação de pavor subiu pelo meu corpo. Olhei ao redor e o quarto escureceu num segundo. Fiquei parada no meio, congelada, imóvel, com medo de abrir os olhos. Rezei, orei, chorei, gritei com aquela sensação de que o quarto todo girava menos eu, até que parou e depois de um tempo abri os olhos. Quando o fiz me assustei com o que vi. Haviam várias pessoas vestidas elegantemente ao meu redor, quando me olhei eu também estava vestida como eles, com aqueles vestidos maravilhosos, rodados, cheios de babados. Parecia que eu estava vivendo no século XVIII. Havia tantos homens bem vestidos me olhando! Eu, aos poucos, fui entrando no clima e dançando, mas, desconfiada, estava tentando ganhando confiança, afinal, não sabia o que estava acontecendo. Cumprimentava e sorria para as pessoas que me encaravam e elas retribuíam o cumprimento. De repente chegou perto de mim um homem que me pareceu muito galanteador, queria conversar a sós comigo. Não via até o momento, nada de mal nisso e fui para um canto, onde até uns minutos atrás era meu quarto. Ele veio com uma conversinha mole, se chegando bem pertinho do meu pescoço, olhei-o nos olhos e vi-os vermelhos, seus dentes caninos haviam saltado para fora da boca, ele era um vampiro!!! Ele queria me morder, mas eu lutei com todas as minhas forças e fui para o meio do salão e comecei a rodar, rodar, rodar cada vez mais rápido. Os meus olhos estavam fechados, eu tinha medo de abri-los. De repente, a música do baile que eu ouvira antes, havia parado, eu parei também de rodar. Fiquei imóvel no centro do quarto, tentando ouvir algum barulho, mas não ouvi nada. Estava tentando criar coragem de abrir os olhos novamente, um barulho de batida na porta me despertou e abri-os rapidamente. Custei a acreditar que eu estava, enfim, no quarto. No mesmo quarto que eu havia entrado mais cedo. Bateram novamente na porta e com mais força. Abri-a tão desesperadamente e logo voltei, peguei minha bolsa e as malas que eu nem tinha desfeito ainda e sai correndo sem nem olhar para trás. Um homem gritava para mim, à senhora está bem? A senhora está bem?? Ouvi seus gritos...

Eu nem vi quem era e não quis saber, cheguei pálida na recepção paguei e fui-me embora.

Peguei meu carro no estacionamento e fui dirigindo, tentando me acalmar. Quando me acalmei, liguei para o hotel e perguntei o que tinha acontecido.. Uma voz assustadora atendeu e me disse que aquele hotel é mal-assombrado, que ele aparece a cada dez anos, que o quarto que eu me hospedei era o quarto cujo número era o ano de morte do Conde Drácula e que para ele voltar à vida ele teria de morder 1894 pessoas.. Aquele homem lindo que tentou me morder era ele, o Conde Drácula. Segundo o homem que me atendeu eu fui a única pessoa em mais de 150 anos que saiu viva de lá. E que eu seria sua última vítima. Descobri então que tanta beleza era para chamar atenção para mais pessoas se hospedarem lá, era tudo parte de um plano! Que os funcionários nem imaginavam tudo aquilo, que as pessoas eram escolhidas para ficarem naquele quarto. Nunca imaginei que o atendente de voz amedrontadora iria me contar tudo isso.. Coitado daquele senhor que tentou me ajudar!! Coitado do carregador de malas... será que eles sabem??

Eu, sem mais nada a perder disse para aquela voz macabra, que se dependesse de mim ninguém mais se hospedaria naquele quarto 1894, do Hotel Memorian Garden, na cidade de Varginha, Minas Gerais, Brasil.

Gisele Mitterhofer
Enviado por Gisele Mitterhofer em 26/07/2011
Reeditado em 27/07/2011
Código do texto: T3118778