"Jardim fechado"
Estou aqui plantado neste bosque com colinas que azulam no horizonte.
A casa de colono com dois cômodos apenas, na parte inferior. Uma escadinha que conduz ao quarto austero e despojado.
Eu a vejo sentada nos degraus da porta de entrada, olhando ora para dentro ora para o bosque. Sua postura transmite a impressão que você está numa “zona de perigo”; não se trata de perigo físico, mas sim emocional. Afinal de contas, onde estava eu com a cabeça ao pensar que você poderia aceitar sem medo envolver-se nos delicados linhos daqueles primeiros tempos da integração de nossas vidas?
Entender e aceitar?
Não sei quando tempo estamos assim sentados, resolvendo essas dúvidas; o certo é que o sol é apenas um resto de brilhos e de cores. Neste momento eu sou todo, por dentro e por fora, uma tremenda ebulição de expectativas, dúvidas, angústias, alegrias temerosas... Mais que tudo, porém, todo o meu ser se transforma numa imensa atenção voltada para você, minha amada! Já nos fizemos esperar demais.
Costuma-se dizer que Deus escreve certo por linhas tortas, o que me tem parecido profundamente verdadeiro em diversas ocasiões. No meu caso, porém, as linhas que ele tirou do meu coração eram direitas; a sua complementação é que me pareceu torta! Sim, porque afetivamente estou vivendo numa espécie de terra estranha.
Entretanto, quem sou eu para decidir se o seu amor é impraticável?
Preciso concentrar-me para ouvi-la já que voltamos para a velha casa. A ilha que você carinhosamente chama de “sua”. Estarei qualificado para entrar no “jardim fechado”?