MENINA AUSENTE
Clarice não deveria ter olhado para trás naquele momento. Mas olhou, e o que viu foi a inconveniente figura de seu cachorro. Ele pusera-se livre e vinha contente atrás dela, desejoso de acompanhá-la. Mas a menina, que ia à casa de uma amiga, não queria consigo o animal naquela ocasião. Enxotou-o de volta, atirou-lhe algumas pedras, xingou-o, até que o bicho entendeu e decidiu retornar ao familiar abrigo de onde viera.
Ela tinha dez anos, era menina alegre e bonita. Costumava sair sozinha, sem ter o que recear, pois conhecia bem as ruas de seu bairro. Naquele dia, naquela hora, ia mais uma vez visitar uma de suas colegas de escola. Mas não chegou ao seu destino, tampouco voltou para o seu lar. Misteriosamente desapareceu, e ninguém pôde testemunhar nada, com exceção de um senhor, que disse ter visto a menina repreendendo o cão e ordenando-lhe que voltasse, naquele ponto que seria a metade do trajeto.
Tivesse ela consigo seu fiel amigo canino, que muito latia quando algum estranho se aproximava de sua dona, provavelmente acabaria voltando para casa sem ter passado por nenhum perigo.
E até hoje... Os familiares não se conformam, o cachorro espera ansioso, o tempo passa, e a situação não se resolve.