Sangue na Banheira

Lá estava eu, em casa, sentado em uma pequena cadeira que ganhei da minha avó aos oito anos de idade, gostava desta cadeira:

- Filho, vem almoçar.

Minha mãe chamou-me para comer, não gostei da cara da comida, o mesmo de sempre, arroz, feijão, macarrão e polenta, não tinha coisa melhor para fazer?

- Hoje a comida esta boa e caso coma tudo, ficará que nem o Van Damme.

Minha mãe ainda acha que eu sou uma criança, não a culpo por isso, afinal ela perdeu meu irmãozinho quando ele era apenas um bebê, portanto ela não tem filhos bebê no momento.

Minha falecida avó me dizia que esta casa, onde estamos morando agora, é amaldiçoada pelos antigos donos dela, dizem pela rua também que antes de nos mudarmos para cá, muitas pessoas viam espíritos andando pela casa. Mas eu nunca acreditei nisto, mas naquela noite, passei a acreditar.

- Filho, eu e seu pai estamos saindo, nós iremos para a formatura de sua prima, voltamos mais tarde.

- Tudo bem mãe, eu cuido da casa.

Minha mãe aquela vez deu seu ultimo sorriso, foi um dos mais belos sorrisos já visto na face da terra.

Após meus pais saírem de casa, tranquei a porta e certifiquei-me de que ela estava bem trancada. Após isso assisti a alguns filmes, uns 2 eu acho, me lembro do nome deles, Exorcista e O Massacre da Serra Elétrica. Já passava da meia noite e meus pais ainda não haviam chegado, eu já estava ficando com medo, será que aconteceu algo com eles? Achei melhor não pensar nisso.

Meu estomago roncou, estava sem comer a noite toda, fui até a cozinha, levei um susto ao ver a gaveta de talheres aberta, será que mamãe a deixou daquele jeito? Ela não é desorganizada assim.

Aproximei-me da gaveta e a fechei bem devagar, quando terminei de fechá-la, escutei uma porta se fechando de um jeito realmente forte, parecia ter quebrado toda a madeira.

Fiquei com muito medo, subi até meu quarto, tinha pegadas de sangue indo até o banheiro, corri até o quarto de meus pais, e me escondi debaixo da cama.

O resto da noite foi o pior de tudo, ouvi passos pela casa, zumbidos no meu ouvido, gotas de água ou sangue caindo no chão, minha roupa já estava toda molhada de suor e o pavor aumenta ainda mais quando os galhos das árvores batiam na janela do quarto.

Fiquei lá sozinho no quarto até amanhecer, já eram umas 8 horas da manha, sai debaixo da cama, não sei por que não olhei encima da cama, teria uma surpresa, mas fui burro, caminhei até a porta, alguma coisa me pegou.

Acordei algum tempo depois dentro da banheira, no banheiro. E junto a mim, muito sangue e pedaços de corpos, eu acho que de meus pais, não sei.

Olhei para a porta e alguém estava parado ali, olhando diretamente em meus olhos, pude ver que seu rosto estava cheio de cicatrizes horríveis, na sua mão, uma faca de açougueiro e sua perna esquerda eram de metal.

Ele aproximando-se de mim, levantou a faca e atorou minhas pernas.

Hoje estou aqui, contando esta história para vocês, contando como perdi meus pais, e minhas pernas, ninguém acredita em mim, estou na prisão, acham que eu os matei e cortei minhas próprias pernas para livrar-me da culpa.