O Hóspede ( Part III )

PART III

Depois do fato ocorrido, Matt pensou consigo: “36, 20, 4. Por quê?”. Nada vinha em sua mente. Não fazia a menor idéia do significado. Nem seque pensou na hipótese de ter sido um sinal de comunicação de alguma entidade. Aquela situação estranha para ele passou e caiu em esquecimento.

Mais à tarde por volta de 20h, Mandy resolveu tomar um banho quente em meio ao dia frio. Seu banho fazia com que o vapor se espalhasse pelo banheiro embaçando todos os vidros.

Matt enquanto arrumava a mesa para o jantar, ouviu uma voz berrando seu nome. Era sua esposa ao banheiro. Ela estava parada em frente e apontando para o espelho da pia. Matt quando olhou percebeu algo que já conhecia. Estava lá de novo o primeiro canal da TV quando foi ligada. Desta vez não era um simples 36, mas sim se mostrando como um novo número, um novo código. Matt olhou atentamente aqueles algarismos.

- Mandy você viu quem fez isso? – perguntou seu marido.

- Não. Eu estava no banho e quando saí para me enxugar já estavam marcados esses números no espelho.

Matt ficou pensativo fazendo com que sua esposa desconfiasse de algo.

- Algo com esses números? – indagou Mandy desconfiada.

- Mais ou menos. Creio que já os vi.

- Como assim já os viu?

- Não exatamente assim, mas já os vi. Hoje mais cedo, quando eu passava pela sala, a televisão ligou sozinha e o canal que apareceu foi o 36. – informou-lhe sobre o fato de mais cedo.

- Mas isso não se parece com um 36. – afirmou Mandy mais desconfiada.

Realmente não tinha cara de 36. O número estava marcado com um traço separando-os. Não era desta vez 36, mas sim, 3-6. Isso agora fez Matt levar um pouco mais a sério aqueles números mostrados por algum motivo na televisão.

Como foram mostrados aleatoriamente, mas aparentemente com uma ordem definida, Matt começou a analisá-los separadamente, pois achou que o espelho seria a pista de que deveria realmente separar os números. Se tornando dois números agora, eles estavam marcados no espelho como se um dedo um pouco tremulo tivesse os rabiscado no vapor cravado no vidro. Pensou, pensou, mas Matt não achou uma ligação entre o agora 3-6 com os números 20 e 4. Como no espelho, separou também o vinte fazendo 2-0 e como não fazia sentido aquele zero, uniu o 4 pelo fato de ter aparecido sozinho formando o 2-4. Ao todo ele formaria o 3-6, 2-4. “O que poderia ser isso?” pensou Matt não encontrando resposta alguma.

Mais uma noite se aproximava e essa era à hora em que os dois ficavam apreensivos. Onde fatos aconteciam com mais freqüência.

Matt percebeu que Mandy estava bem transtornada.

- Você não acha melhor chamarmos um padre, algo do tipo? Uma pessoa religiosa e seguidora? – propôs a ela.

- Acho melhor não. – disse surpreendendo seu marido.

- Mas como não? Seria ótimo. Chamaríamos um profissional experiente. – insistiu

- Melhor não. Estou dizendo.

Realmente ele não esperava por isso. Ficou pensando porque motivos ela dispensaria uma ajuda espiritual.

A cama estava arrumada e os dois indo em direção a ela. Matt se sentiu estranho. Em seguida passou a sentir presença no local. Resolveu apenas fechar os olhos e rezar pedindo para o que quer que fosse que saísse de lá. Aparentemente deu certo porque a sensação já não tinha mais. Pena que logo mais algo de pior viria.

Mandy estava incomoda com algo que não a deixava dormir. Rolava de um lado para o outro na cama. Sentia uma pressão dentro do quarto, algo do tipo. Quando ela menos esperava, com o canto do olho, percebeu a porta balançar e se abrir lentamente. Fechou os olhos por completo e começou a pedir proteção. Não seria o suficiente. Enquanto de olhos fechados estava, ela começou a ouvir passos em volta da cama, bem de perto. Os passos eram lentos, mas pesados como se algum obeso andasse ali. De repente os passos cessaram. Ela pensou finalmente ter se livrado, mas se enganou. Segundos depois, sentiu um tipo de baforada em sua mão que estava esticada ao lado da coxa. Era como se estivesse sendo cheirada. Ela sentiu aquilo subir pelo braço até chegar ao ombro e assim uma grande cafungada foi dada em seu pescoço. Sem agüentar soltou o maior berro possível de sua garganta. Na mesma hora Matt deu um salto na cama quase caindo dela.

- Mas o que aconteceu?

- Matt. Tinha alguém aqui do meu lado me cheirando. Acho que vi alguma coisa, mas não identifiquei.

Matt se espantou com aquilo, levantou-se e começou a vasculhar o quarto.

- Acho que não tem mais ninguém aqui. – disse Mandy supondo que seu berro foi suficiente para espantar.

Aquela noite foi marcada como a primeira sensação corporal. Mandy foi farejada pelo ser que hospeda em sua casa. Ela afirmava ter visto algo. Não estava bem focada sua visão, mas teria visto o contorno de algo curvado e aparentemente forte. Parecia com um ser humano.

Naquela tarde algo reapareceria para Matt com mais clareza. Ele estava na cozinha preparando o almoço quando, sem ter percebido, deixou o pano de prato encostar-se ao fogo da boca do fogão. Quando se deu conta o pano estava em chamas. Retirou-o rapidamente e jogou encima da pia de mármore. Com água da bica Matt o apagou e em seguida se espantou. Um número estava de alguma forma, escrito ali. O fogo teria queimado apenas uma parte e ela formava os números 04. Pensou logo no canal 4 da TV, mas que agora estava acrescentado um 0.

- Óbvio! A televisão não contem 0 antes de algarismos. Não há 01, 02, nem 09. São números únicos. 1, 2, 4...

Isso mudaria completamente os números que agora estava em sua mente. “ 3-6, 20, 04”

Estamos chegando próximo ao fim. Uma grande surpresa nos espera!

RENAN MOTTA
Enviado por RENAN MOTTA em 09/06/2011
Reeditado em 09/06/2011
Código do texto: T3024444
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