Diana

A bela Diana, conseguiu entrar na casa sem dificuldades.

As luzes apagadas, o cheiro de cigarro e rosas murchas no ar.

Janelas tolamente destrancadas facilitaram tudo.

Seus olhos verdes faiscaram á luz do pálido luar ao vê-lo ali, dormindo tranquilamente enquanto em sonhos planejava como ofende-la uma vez mais no dia seguinte... mas o dia seguinte não viria... ao menos não para ele.

Pegou seu lindo punhal cravejado de esmeraldas (em homenagem a cor perfeita de seus olhos, que ganhou do pai ao completar dezoito anos), aproximou-se lentamente da cama onde o corpo dele coberto apenas por um singelo lençol pairava adormecido solitariamente noite após noite. Encostou a lamina em seu rosto e sussurrando docemente disse:

- Acorde querido, é hora da diversão. Vamos, assim mesmo, acorde porque a caçadora de seres malditos aqui, quer brincar.

Ele despertou lenta e assustadamente, olhou para ela, em seus olhos o terror e a confusão, em suas mãos a falta de uma decisão mais concreta do que fazer.

- Hummmm, o belo adormecido acordou, que lindo. – Diana sorri alegremente para ele. – Sente-se meu jovem, temos a noite toda pela frente e te prometo que será a noite mais divertida da minha vida, da sua não sei, mas da minha com certeza.

- Que...quem...quem é você? Andrei pergunta assustado para a linda mulher de cabelos negros, lisos e longos diante dele. Ela tem os olhos mais lindos e profundos que eu já vi (pensa ele)... lindos e perigosos.

- Eu sou aquela a quem você tanto ofendeu e humilhou durante tantos meses através daquela telinha ali – ela aponta para a tela do notebook sob a mesa. – Sou aquela que te persegue em sonhos e que agora fará parte dos seus pesadelos eternos.

- Mas... – confuso coça a cabeça – são apenas brincadeiras, eu nem mesmo te conheço de verdade... por que tudo isso afinal? Internet é só internet.

- Ai é que você se engana meu caro amiguinho. As pessoas que você ofende e humilha todas as noites são de verdade... de carne, osso e sentimentos.

- Quem é você afinal? Nunca vi criatura mais linda que você antes, muito menos na internet. Me diz quem é você?

- Sou aquela mulher que você vive chamando de obesa maldita, aquela que você vivia dizendo que não tem atrativo nenhum como mulher, aquela que carrega todos os defeitos da humanidade dentro de si. Lembra? Sim, sou eu mesma. Como pode ver, estava redondamente enganado sobre mim, sou exatamente tudo que você imaginava que eu não fosse, não é mesmo? Pois é, quem mandou julgar sem nunca ter visto, não é mesmo caríssimo patife? Quem é maldita agora? Hummmmmmmmm, acho que o maldito é você. – Diana sorri ainda mais diante das feições atordoadas do ridículo rapaz.

- Você quer brincar? Foi para isso que veio? Ou foi apenas para me mostrar que é tigresa e não dragão? É muito linda com esta arma ornada nas mãos, mas duvido que saiba usá-la.

Ela olha para ele com uma fúria divertida no olhar.

- Levanta verme maldito, vou te dar uma liçãozinha tão bem dada que você não poderá mais zoar ninguém.

Ele ri da audácia da linda morena e diz:

- O que você vai fazer gatinha? Vai cortar a ponta dos meus dedos para que eu não possa mais digitar? Haha, sou mais forte que você e posso te pegar agora mesmo e te fazer a mulher mais deliciada do mundo. Vem querida. – Ele tenta puxar Diana para si, ela o empurra, encaixando a ponta afiada em sua jugular e com a outra mão segura com firmeza, as mãos que tentaram envolvê-la segundos antes.

Andrei, admirado com a força da mulher, tenta reagir mas consegue apenas sentir um filete escorrendo por seu pescoço ao tentar mover-se rápido de mais em uma tentativa vã de defesa.

Com poucos movimentos vivos e fortes, ela o imobiliza, prendendo suas mãos e seus pés, coloca-o em pé, prendendo suas mãos para cima no dossel da cama. Com movimentos delicados e ágeis, o punhal se faz conhecer pelo corpo dele... ela corre calmamente a lamina afiada pela pele bronzeada daquele que tanto a ofendeu, mas agora ele vai aprender que palavras podem ser cortantes e devastadoras, mas que um punhal bem manejado também é.

- O que você pretende com tudo isso? Me ferir? Se você me machucar, vai para a cadeia sua cadela maluca. Me solta e eu te mostro como fazer cachorrinhos fofinhos. Me solta sua maluca.

Diana, abaixa-se lentamente, passeando com o punhal pelo corpo dele... vai descendo até a coxa... descendo mais chega ao tornozelo e em um único golpe o faz sangrar e urrar como uma quimera acuada e ferida... vai até o outro e corta também em um único golpe... o sangue jorra desesperadamente mas ela não se importa, apenas sorri enquanto os gritos de dor ecoam noite afora... qual o problema? A casa é afastada mesmo, ninguém vai ouvir....subindo alegremente chega a um falo tristonho e caidinho... baixa a cueca branca e cuidadosamente passa a lamina fria... ele grita um NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO sonoro e desesperado mas já é tão tarde... seu mastro vai ao chão total e irremediavelmente morto.

A dor é tanta que ele quase perde os sentidos, vendo a situação descrita em seus olhos podres que refletem sua alma suja... resolve dar um golpe de misericórdia perguntando:

- Vou te dar a chance de escolher onde será meu próximo golpe: Nos olhos para que não veja mais a morte em seu cangote, a língua para que não tenha mais o trabalho de gritar e ferir meus delicados ouvidinhos ou o coração para acabarmos logo com isso e você apreciar o inferno de perto mais rápido. Escolhe maldito.

Quase sem sentidos e sem voz, ele profere uma única palavra:

- Puta.

- Ah queridinho que coisa mais feia, nunca dormi com você para que você me classifique assim tão intimamente. Vamos brincar mais um pouquinho. Que acha de cortar sua língua em honra a palavra que você acabou de proferir tão erroneamente?

Primeiramente ela fez um corte em seus lábios, em seguida puxou sua linga para fora e cortou-a, jogando no chão ao lado do mastro quase esquecido...ele apenas se debatia...as forças se esvaindo tenramente junto com seu sangue corpo afora.

Limpou o sangue da lamina no peito dele... usando luvas e os cabelos cuidadosamente presos... nada de pistas sobre sua identidade, se conformando em ser apenas uma justiceira silenciosa e incógnita.

Ela fez um corte no peito dele, depois outro e mais outro... ele desmaia de dor mas se depender dela e de sua sanha justiceira, ele não mais vai acordar para este mundo onde fez tantas maldades seja pessoalmente ou escondido atrás de um teclado manchado de ódio e maldade.

Vários cortes precisos deixaram a mostra tudo que ela precisava, com cuidado e perspicácia foi retirando o coração dele, com muito cuidado guardou em um saco plástico e o acomodou em uma caixa que havia deixado ao lado da janela, não há muito tempo a partir de agora, com um trabalho minucioso e ágil retira os órgãos cuidadosamente, acoplando-os em caixas especiais de transporte. Após terminar a coleta, pega o celular alojado no bolso de trás da calça preta e disca um numero, com poucas palavras relata que terminou e pede para sair dali.

Olhando fixamente para aquele que ate então fora o abrigo para um espírito perverso e maligno e com desprezo diz:

- Até hoje você não serviu para nada, daqui em diante, as partes saudáveis do teu corpo vão servir para devolver a vida a quem realmente merece. Adeus infeliz.

Em poucos minutos um helicóptero chega para resgatar a jovem caçadora e suas preciosas caixas.

Dias depois, uma jovem mãe de três lindos filhos, ganha um novo coração que bate feliz e cheio de amor para dar.... uma gentil garotinha de sorriso doce ganha um novo olhar perante o mundo que ate então lhe fora negado... um nobre rapaz volta a respirar por si mesmo e ganha de presente o adocicado aroma da vida a plenos pulmões e um garotinho muito simpático e esperto ganha junto com os rins um novo começo... um mundo novo onde poderá correr, brincar e sorrir.

Diana? Bom, a Diana ganhou um novo amanhecer revigorante e uma internet mais limpa e aproveitável.

Essência di Ana
Enviado por Essência di Ana em 05/06/2011
Reeditado em 06/06/2011
Código do texto: T3016709
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