AMOR EM VERMELHO
Camila chega em casa à noite, como sempre, depois de pegar dois ônibus e um trem. Eu sou aquele de bermuda e chinelo, na sala, tv ligada, sozinho, estou esperando por ela.
-Onde estão todos?
-As crianças saíram. Minha mãe voltou pro asilo.
-O que aconteceu?
Eu a abraço e retiro a caixinha do bolso.
-O que é isso?
-Abra.
Camila reluta por uns instantes, tenta ler nos meus olhos alguma resposta. Sem sucesso. Ela abre a caixa.
-Meu Deus!
-Gostou?
-Gostei...
-Você é a melhor mulher do mundo, eu a amo e não tenho dado o valor que você merece.
-Mas, Ricardo...
Coloco o dedo indicador na sua boca, interrompendo-a, a beijo e depois trepamos calorosamente.
Camila me espera dormir, levanta-se da cama ainda nua, pega o celular na bolsa e se tranca no banheiro.
-Alô. Marcelo? Eu vou pegar as minhas coisas e sair daqui agora mesmo. Por quê? Não. Ele não me bateu. Não me ameaçou. Nada disso. Melhor seria se ele tivesse me batido. Confesso que quando entrei em casa já estava até preparada. Mas não, ele me deu um anel de pedra e me tratou super bem. Isso não é nada bom. Ele está tramando alguma coisa. Ele viu agente entrando naquele motel hoje à tarde. Tenho certeza. O quê? Sim estou telefonando daqui de casa. Não. Eu estou no banheiro. Ele está dormindo. O quê? Jogar o celular fora? Por quê? Está bem. Está bem. Vou fazer tudo que você mandar. Mas me tira dessa. Ai meu Deus. É ele. Tá batendo na porta. O que que eu faço? O que que eu faço?