Boa Companhia
Boa Companhia
O vento soprava forte vindo da praia. Ela assistia o ir e vir das ondas calmas no mar coberto pelo gentil manto negro da noite. As estrelas brilhavam intensas no céu, decorando aquela noite de maneira surreal. O cheiro do mar penetrava suas narinas tranqüilizando-a. Em breve ele iria chegar.
Ela correu para cozinha. A janta estava pronta. Não era nada especial. Mas ela gostava daquela comida. Ela queria que aquele encontro desse certo. Nada poderia sair errado.
Ela mexeu nas panelas quentes em cima do fogão. Destampando uma por uma. Ela experimentou o molho da carne assada, o sal do purê de batatas e a textura da massa do macarrão. Eles estavam perfeitos.
Ela correu novamente pelos cômodos da casa. Observou a sala de jantar. Alinhou perfeitamente os talheres junto aos pratos. As velas, suspensas por um candelabro, trepidavam em suas pontas uma chama aconchegante, dando um ar romântico ao lugar.
Ela correu para o quarto, ansiosa. Ela se olhou no espelho do cômodo. Avaliou-se, mais uma vez. Já não lembrava quantas vezes tinha repetido aquele processo.
Ela tateou seu próprio corpo por cima do vestido de estampa floral. Queria estar bonita. Ajeitou seus cabelos.
Ela pôde ver no espelho o quão nervosa estava. Correu outra vez para a janela dos fundos. E se fixou na vista para o mar. Ver as ondas, ouvir aquele som da água se chocar contra a areia, sentir aquele cheiro enquanto o vento lhe acariciava a face, lhe faziam relaxar. Era como se entrasse em transe, deixando a natureza lhe livrar dos anseios.
Ela respirava fundo assistindo os ponteiros do relógio se aproximar do horário marcado. Seu coração se acelerava loucamente. Ela pensava que poderia ter um infarto a qualquer momento.
Um ronco foi percebido por ela, que soube rapidamente do que se tratava.
Ela correu para porta velozmente. Não conseguia esconder sua excitação. Ela saltava discretamente de tanta felicidade. Ele finalmente tinha chegado.
Ela desceu vagarosamente os degraus de encontro à beleza dele. Seus olhos se encontraram e se fixaram intensamente. Ela tentou correr para abraçá-lo mais uma barreira se interpôs entre eles.
--Desculpe senhora. Só leva o cachorro depois de pagar.
A garota o fitou com um olhar furioso. Arrancou o dinheiro de sua carteira e o deu para o entregador.
Pegando o filhote no colo ela entrou novamente na casa. Curtindo seu companheiro. Entre beijos e carícias, ela o nomeou de Bob e o soltou pela casa para que pudesse brincar.
Ela se dirigiu ao banheiro para lavar as mãos.
--Finalmente posso jantar... Pensei que esse entregador não chegaria nunca!
Ela sentou-se a mesa finalmente jantando.
A jovem terminou sua refeição. Correu para cozinha, lavando a louça e arrumando tudo que usara.
Voltando para a sala, carregou o filhote de pelo branco e mancha preta no olho, e se dirigiu para seu quarto após fechar a casa. Acomodou-se em sua cama por debaixo do cobertor junto ao cãozinho.
--Vamos meu querido, vamos dormir juntinhos!
O silêncio pairou na casa. Ambos, garota e filhote, dormiram até o amanhecer chegar.