Raízes
e eu via apenas galhos
secos e irregulares... pareciam nao ter espinhos
não... não tinham pontas, eram lisos sim.
lisos e secos
circulavam-me e quebravam a cada mínimo movimento
podia ver até o teto emaranhado de raízes secas,
que cresceram enquanto dormia.
não lembro do sonhos. nao lembro...
não lembro de nada!
as brumas, sim... parecem emanar dos poros da terra,
lentamente... suavemente circulando com o seu tom esbranquiçado
fosco devagar.
a luz se espalha, espremendo-se entre as frestas dos galhos
em cima, de lado.
mas de onde crescem esses galhos? não vejo planta silvestre,
nem arbusto rasteiro. apenas um marrom empoirado de cascas
numa cúpula galhos.
e os meus pés enterrados se confundem com elas, sim...
o coração é meu, o olhar é meu, o frio é meu
e as raízes também... sim... estou aqui
não... aqui estou...
raízes saem dos meus pés, das minhas costas, das minhas mãos!
mas não me doi, parece que faço parte daquilo, eu faço parte daquilo.
Prendem-me onde fico e, aqui seco, continuo enrraizado.