O silêncio e a escuridão
Ela chegou tarde da noite e percebeu que nem um ruído havia em casa.
Fechou a porta lentamente atrás de si e caminhou em direção ao seu quarto.
Passou pela sala, viu que tudo estava onde deveria e parou na primeira porta. Averiguou no quarto ao lado para ver se havia alguém dormindo, mas ninguém havia. A cama estava vazia.
Sentiu o perfume intenso que impregnara nas paredes de seu quarto e colocou a bolsa sobre a cama.
Pensou onde todos estariam a tal hora e preferiu as luzes não acender, gostava de paz e pouca luz, foi quando ouviu passos.
- Tem alguém aí? - perguntou naturalmente, mas não obteve uma resposta.
Sentiu um certo frio de incerteza na barriga, e foi rumo ao corredor. Contava seus passos enquanto caminhava calmamente e olhou no banheiro para ver se alguém haveria.
Talvez um ladrão que não esperava alguém a essa hora. Estava cansada, fatigada, conversas triviais durante seu dia. Pela primeira vez em muito termpo chegava antes que os demais em casa.
Sentia fome, nem pudera almoçar naquele dia. Sentia pena de si mesma, pena por ter uma vida tão pacata e sensível, e pena por sentir medo do que houvesse ali.
Andava grudada à parede e não queria fazer barulho algum. Controlava sua respiração e imaginava o que estaria por vir. Sentiu medo. Os passos pareciam aproximar de sua audição.
Chegou à varanda e todas as janelas estavam trancadas.
- Deus, que pessoas tolas trancam-se em casa? (pensou de forma retórica) Não sabem o risco que correm quando não tem outra saída...
Um novo ruído interrompeu seus pensamentos.
Suas pernas tremiam compulsivamente, o coração saltava na garganta e grito de horror formava em seus lábios. Nessas horas de medo os monstros existem!
Sentiu o mundo se desfazer, queria correr, quando a porta se abrisse iria gritar e espernear, ia dar todo o seu fôlego, lutaria por sua vida...
- Abre a porta , menina!
- Mãe!?